Para entender a complexa simbologia descrita no livro do Apocalipse, é preciso ter uma compreensão mais profunda do Antigo Testamento, de acordo com o autor e pastor Mark Biltz.
“Como podemos entender o Apocalipse se não ligamos os versículos às Escrituras que foram usadas como referência?”, questionou Biltz em entrevista ao Charisma News. “O livro do Apocalipse se apoia em imagens e alusões do Antigo Testamento, que também é conhecido como Tanakh. Então a visão cristã do Messias vindouro é mais bem compreendida olhando através das lentes judaicas”.
Biltz afirma que ampliou seu entendimento sobre o fim dos tempos quando percebeu “como as festas do Senhor estão diretamente ligadas ao livro do Apocalipse e ao desenrolar dos acontecimentos do fim dos tempos”, conforme escreveu o pastor no livro Decoding the Antichrist and the End Times: What the Bible Says and What the Future Holds (Decodificando o Anticristo e o Fim dos Tempos: O que a Bíblia diz e o que o futuro reserva, em tradução livre).
“Nas festas do Senhor (em Levítico 23), Deus expõe compromissos divinos de acordo com Seu calendário em festividades como Páscoa, Pães Ázimos, Pentecostes, Primícias, Yom Kipur, Tabernáculos e outras. Muitos cristãos retratam as festas do Senhor como as festas dos judeus e as jogam no lixo da história por causa da filosofia antissemita dos primeiros pais da igreja”, observou o pastor.
Biltz conta que estudou as festas bíblicas pela primeira vez na década de 1970 na faculdade de Teologia, mas através da perspectiva da teologia da substituição — que ensina que a Igreja substituiu Israel no plano de Deus. No entanto, ele afirma que para entender corretamente quem é o Messias, “devemos olhar para Sua segunda vinda e o livro do Apocalipse através dos olhos das festas”.
Compreendendo o Antigo Testamento
Biltz destaca que “devemos ir ao começo da Bíblia para entender o que Deus diz sobre o fim dos tempos”.
Um exemplo disso está em Gênesis 1:14, quando Deus criou o Sol e a Lua como sinais para marcar estações, dias e anos. “Muitas vezes pensamos que isso se refere ao nosso calendário composto de inverno, primavera, verão e outono, bem como os nossos dias da semana e anos numerados”, observa.
Por outro lado, a Bíblia indica um calendário diferente daquele que é usado em todo o mundo. “Em Gênesis, Deus nos disse que o calendário que Ele usa se baseia tanto no Sol quanto na Lua. Quando Deus falou sobre a determinação dos dias e anos, Ele estava se referindo aos dias santos como Páscoa e Yom Kipur”, afirma.
“Os anos se referem ao ciclo de sete anos em que Israel deveria deixar a terra descansar e liquidar todas as dívidas financeiras. Era conhecido como o ano Shemitah. Havia também o ano do Jubileu, a cada 50 anos, quando a terra retornava ao proprietário original”, acrescenta.
Diante disso, Biltz destaca a importância dos cristãos viverem não só de acordo com o calendário criado pelo homem, mas também segundo o calendário divino. “Ele agendou compromissos divinos para se encontrar com Seus filhos, mas o problema é que muitos crentes não aparecem para a consulta porque estão inconscientes ou não se importam”.
“Muitos cristãos não sabem que este último fim de semana foi a Festa de Shavuot, conhecida como Pentecostes. Enquanto a maioria dos pentecostais afirma que esta é a origem de sua comunidade, eles não celebram isso, e os judeus celebram até hoje! Outras vezes, quando os cristãos guardam o Pentecostes, estão a um mês de folga da data real, porque ainda estão no calendário católico, e não no calendário bíblico”, comenta.