Aos 5 anos, Greg Stier era uma criança deslocada em sua própria casa. Crescendo numa família disfuncional, envolvida em brigas de ruas, álcool e drogas num violento bairro de Denver, nos Estados Unidos, Greg se diferenciava dos tios e primos “machões” envolvidos no crime. Ele era apenas um menino quieto e estudioso que não queria arrumar confusão com ninguém.
A mãe de Greg era uma jovem festeira e ele era fruto de mais uma de suas festas. Ela engravidou de um militar chamado Toney, que foi embora transferido para outra cidade. Com medo de enfrentar seus pais cristãos, a jovem decidiu fazer um aborto clandestino. Com o pretexto de ir visitar seu irmão Tommy e sua esposa Carol, ela foi para Boston. Mas, Tommy e Carol conseguiram convencer a mãe a manter a gravidez e desistir do aborto.
“Até minha avó me dizer que quase fui abortado, eu me perguntava por que mamãe costumava chorar quando olhava para mim enquanto se censurava: ‘Sou uma vagabunda. Eu não sou nada além de uma vagabunda ruim’. Mas depois que descobri seu segredo, entendi não apenas suas lágrimas, mas sua raiva pelos homens. Era uma raiva alimentada pela vergonha”, contou Greg Stier ao Christianity Today.
Toda família de Greg era cheia de raiva e muito violenta. Os cinco irmãos de sua mãe eram fisiculturistas e lutadores de rua, que a máfia do bairro North Denver apelidou de "os irmãos loucos".
“Você sabe que é ruim quando até a máfia pensa que sua família é disfuncional. A família Mathias governou as ruas de North Denver nos anos 60 e 70. Eles não eram do crime organizado, eram mais como crime desorganizado”, disse Greg.
Deslocado em sua família
Tio Jack e Larry, primo de Greg. (Foto: Reprodução/Facebook).
Jack, um dos tios do menino, passou boa parte da juventude na prisão por sufocar dois policiais que tentaram o prender, sob acusação de agressão. Um outro tio, Bob, também havia sido preso por espancar quase até a morte um homem, que havia esfaqueado seu melhor amigo.
A família de lutadores se preocupava com Stier, por ser um menino quieto que fugia de brigas. Ele não havia tido um pai para o ensinar autodefesa e todos achavam que ele não sobreviveria ao bairro violento que moravam.
Num natal em família, seu tio Dave, considerado um exemplo de "masculinidade", por ser campeão de judô e boxeador Golden Gloves, chamou Greg na frente de todos os parentes e anunciou que tinha um presente para o sobrinho. “Eu nunca tinha sido reconhecido assim em minha família grande e barulhenta. Eu geralmente estava encolhido no canto, tentando evitar ser notado”, observou Stier.
“Tio Dave me entregou o presente e eu o abri: uma boneca de menina. Ele sorriu e disse: ‘Achei que você não tem um pai, então talvez você goste de brincar com bonecas como uma menina’. Foi humilhante além das palavras. Descobri naquele momento que eu também tinha um toque daquela raiva familiar. Enfiei a boneca em seu estômago e gritei: ‘Eu não sou uma menina!’.
À procura de sua identidade
Crescendo numa família envolvida no crime e nas drogas, Greg encontrou refúgio em Cristo. (Foto: Matt Nager).
Greg percebeu que seus parentes achavam que ele não era forte o suficiente para pertencer àquela família. Mas, o episódio de humilhação levou Greg a se questionar quem era, o levando a uma busca por sua identidade. “Quem sou eu? Por que Deus me colocou nesta terra?”, refletia.
Então, o menino imaginou que a Bíblia poderia ter as respostas que procurava, mesmo não entendendo muito bem o que lia. “Logo ganhei a reputação de me esconder pela casa, seja atrás de um sofá ou embaixo da pia da cozinha, com uma Bíblia e uma lanterna”, contou Greg.
O menino passou a ir à igreja batista com seus avós maternos e na Escola Bíblica perguntou aos professores como ele poderia se tornar um cristão. Mas a mente infantil de Greg não entendia a explicação de que ele deveria convidar Jesus para entrar em seu coração e confessar todos os pecados.
“Sendo uma criança literal, eu só me perguntei o que aconteceria se eu fizesse um transplante de coração ou deixasse pelo menos um pecado não confessado”, contou.
Greg não conseguia entender o Evangelho até um dia em que tudo fez sentido, durante um culto. “O pregador compartilhou como Jesus morreu por nossos pecados e ressuscitou. Ele disse que se colocássemos nossa fé nele, seríamos salvos. Aos oito anos, confiei em Cristo como meu Salvador”, testemunhou.
Família transformada por Cristo
Crescendo numa família envolvida no crime e nas drogas, Greg encontrou refúgio em Cristo. (Foto: Matt Nager).
Na mesma época, Deus começou a restaurar a família de Greg. Certo dia, um pastor do interior, apelidado de Yankee, bateu na porta da casa do tio Jack, o mais durão dos “irmãos malucos”, e o evangelizou. Surpreendentemente, ele ouviu sobre o Evangelho e quando o pregador perguntou se ele gostaria de receber Jesus, Jack aceitou.
Com apenas 1 mês de conversão, Jack já havia levado 250 pessoas à igreja, para apresentar as boas novas que o haviam transformado e o enchido de esperança. E assim, um por um, todos os tios de Greg se renderam a Cristo. O tio Bob recebeu Jesus no banco de trás de uma viatura, após ser preso por homicídio culposo.
Greg e seus tios começaram a frequentar a igreja do pregador Yankee e se tornaram evangelizadores. Porém, o jovem ainda se preocupava com a mãe, que não acreditava merecer o amor de Deus por causa de seu passado. “Quando tentei contar a ela sobre Jesus, ela se fechou. Ela dizia ‘Deus não pode me perdoar. Você não sabe as coisas que eu fiz’”, contou o cristão.
Mas, aos 15 anos, Greg fez sua mãe ouvir o Evangelho na cozinha de casa. “‘Você quer me dizer que se eu confiar em Jesus, ele me perdoará por todos os pecados? Mesmo os realmente ruins?’, perguntou ela. ‘Sim, mãe. É por isso que ele morreu na cruz’”, disse Greg.
“Estou dentro”, respondeu a mãe depois de refletir um pouco, aceitando Jesus como seu Salvador e Senhor.
O menino que cresceu sem pai e que tinha tudo para se perder, foi encontrado pelo Pai Eterno. “Aos 8 anos, conheci o Pai que não conhecia, o Pai que nunca me deixaria nem me desampararia, o Pai que mudou a trajetória da minha vida e de toda a minha família”, testemunhou Greg Stier.
O cristão transformou o testemunho da família Mathias no livro “Unlikely Figther”.