Com o avanço das novas tecnologias, o desejo de ser como Deus está sendo evidenciado na condução das ferramentas digitais como a inteligência artificial. Com isso, líderes alertam que a IA pode se tornar a nova Torre de Babel.
O cientista da área de computação Mark Sears trabalha com tecnologia há 25 anos e com IA há uma década, relatou ao The Gospel Coalition:
“Na IA, Deus está nos dando uma nova ferramenta à medida que nos juntamos a ele na renovação de todas as coisas. E o inimigo usará isso para promover o pecado”.
Sears acredita que a IA tem potencial para o bem. No entanto, ele também destacou que os perigos da IA vão além do empoderamento humano.
“É uma tentativa de tentar criar à nossa própria imagem, replicando não apenas inteligência e mente, mas também coração, corpo e alma. Essa ambição de replicar a humanidade em forma artificial ecoa a arrogância dos construtores de Babel”, disse ele.
E continuou: “Há uma confiança crescente dos tecnólogos de que podemos criar uma superinteligência. Essa é uma tentativa de criar nosso próprio Deus — os aspectos oniscientes e onipresentes de Deus”.
‘É perturbador’
Refletindo sobre a evolução da IA além da simulação da inteligência humana, Sears disse:
“A IA começou tentando simular a inteligência humana e a mente humana com redes neurais. Mas agora muitos estão tentando agressivamente simular o coração e o corpo humanos também. É perturbador ver a pesquisa sobre a criação de pele real que pode replicar rugas, sorrisos e cabelos. Estamos tentando recriar o corpo humano por meio de alguns robôs humanoides”.
Segundo Sears, uma das maiores áreas de pesquisa e desenvolvimento em IA atualmente é empatia e emoção. Como exemplo, o cientista citou os recursos avançados de voz da OpenAI e explicou:
“Eles chamam isso de emoção, empatia ou personalidade, mas na verdade é tentar imitar o coração dos humanos”.
“Há também muita conversa maluca sobre senciência, consciência e aspectos da alma que estão tentando ser criados. Então agora estamos tentando recriar a mente, o corpo, o coração e a alma de um ser humano”, acrescentou.
‘Há má intenção por trás disso?’
As empresas de mídias sociais estão usando seu conhecimento de como o cérebro humano funciona para atrair a atenção para anunciantes.
“Sabemos que a mídia social está alavancando a neurociência para roubar nossa atenção com doses de dopamina. A IA é a próxima geração de exploração potencial. Ela pode se aproveitar do desejo que Deus colocou em nós de sermos totalmente conhecidos e totalmente amados”, afirmou Sears.
Ele explica seu argumento com a forma que a IA pega todos os dados que consegue obter de cada usuário e torna tudo super personalizado para que cada pessoa se sinta unicamente conhecida.
“A IA parece conhecer você melhor do que seus amigos ou sua família conhecem você — até melhor do que você mesmo conhece. Ela está imitando emoção e empatia para criar um sentimento de que você é conhecido ou amado”, disse o cientista.
E continuou: “Isso não é mais usar dopamina. É usar oxitocina — um produto químico ainda mais forte em nossos cérebros — para construir laços de confiança falsos. Uma vez que isso acontece, é fácil ver como esse vínculo ou relacionamento falso pode ser usado para fins comerciais, para manipular ou explorar com fins lucrativos”.
Alerta aos pais
Sears destacou que as pessoas estão preocupadas que a IA irá tirar seus empregos ou talvez os matar. Porém, segundo ele, sua preocupação está com a crise dos relacionamentos gerada em meio aos avanços digitais.
“Já estamos em uma crise relacional, e a IA pode acelerar e aprofundar isso. Acho que o plano do Inimigo é dividir, conquistar e degradar nossa sociedade até o ponto do caos.
É um plano menos atraente e chamativo, mas é mais do que está acontecendo aqui. Em vez de nos atingir na cabeça, é uma asfixia lenta”, explicou ele.
“Qualquer tecnologia que permitimos precisa ser medida em relação ao design que Deus nos deu para estarmos em relacionamento com Ele, com os outros, conosco e com a criação. Devemos introduzir e limitar a IA de uma forma que vise isso”, acrescentou.
Sears alertou os pais para aprenderem a conduzir a IA de uma forma que possam auxiliar seus filhos a lidarem com a ferramenta: “Devemos nos proteger contra o uso da IA como companheira, especialmente para criança”.
E continuou: “Conversar de duas a três horas por dia com um chatbot imaginário ou usar um pingente de amigo que tenta personificar um ser humano e desenvolver um relacionamento pessoal não é algo que nossos filhos devam fazer”.
Conselho aos líderes
Sears também aconselhou líderes dizendo: “Como parte do pastoreio de sua congregação, fique atento à IA e aos segmentos em sua igreja mais vulneráveis a ela”.
“As pessoas passarão mais tempo com IA e menos tempo com Deus e umas com as outras se algo não mudar. Como igreja, temos uma vantagem. Deus nos deu sua Palavra e seu Espírito Santo, que podem nos ajudar a pensar em bons princípios para construir e usar IA. Um princípio é que, uma vez que somos feitos à imagem de Deus e a IA não, precisa haver uma distinção entre humanos e máquinas”, afirmou ele.
Em seguida, Sears citou outro princípio: “Sabemos que a morte e a doença existem, e quando essas coisas acontecem, é importante pedir paz a Deus e trabalhar pela cura. Vemos a mesma tensão nessa situação com a IA — sabemos que o fim dos tempos continuará a ter engano”.
Contudo, ele encorajou os cristãos a não ficar assustados ou surpresos com isso, mas se manter firmes na esperança e no conhecimento de quem Deus é e qual é seu plano.
“Então podemos nos juntar a ele no trabalho em direção à cura, renovação e redenção e lutando contra o trabalho do Inimigo aqui. E a IA pode ajudar nisso! Não devemos fugir dela ou adotá-la cegamente, mas, em vez disso, ser intencionais e atenciosos, usando-a como a ferramenta pretendida e o presente de Deus que ela pode ser”, concluiu ele.