O pastor Teófilo Hayashi tem se tornado uma voz de influência entre os jovens evangélicos do Brasil. Em meio a sua experiência como pastor e preletor em outras nações, ele acredita que Deus derramou uma graça especial sobre a juventude do País.
“A juventude evangélica brasileira é a mais apaixonada por Jesus que existe no mundo e posso falar isso com propriedade”, disse Téo Hayashi em entrevista exclusiva ao Guiame, realizada em Portugal, onde plantou uma extensão de sua igreja no Brasil, a Zion Church Lisboa.
O primeiro campo de batalha para o jovem é a universidade e Téo também experimentou isso. Formado em Psicologia pela Liberty University, nos Estados Unidos, no mundo acadêmico ele tomou decisões que tiveram impacto em seu destino.
“Foi na universidade que infelizmente eu me desviei da fé e me esfriei, mas foi também na universidade onde eu tive um encontro tão forte com o Espírito Santo que eu não pude mais fugir do meu chamado”, ele afirma.
Téo começou seu ministério como um missionário da JOCUM, atuando por 3 anos na Ásia. Logo depois foi pastor de jovens por 5 anos na Carolina do Norte (EUA) e depois voltou ao Brasil, para levar o Evangelho nas universidades.
“Os anos de universidade são cruciais”, observa o pastor. “No momento da universidade, os jovens estão abertos a novas ideias. Eles estão lá justamente para serem formados. Eu via muitos jovens saindo das igrejas evangélicas, que cresceram no ministério infantil e de adolescentes, mas quando entravam nas universidades estavam na minoria ou remando contra a maré.”
Assista a entrevista completa:
Foi nesse contexto que surgiu o movimento Dunamis, que promove reuniões em campi universitários, marcadas por adoração e pregação do Evangelho.
“O Dunamis surgiu exatamente para dizer: ‘Você não está sozinho, há uma galera firme na palavra de Deus, pegando fogo por Jesus, junte-se a nós!’”, diz Hayashi, alertando que o isolamento é a maior causa de desvios da fé.
“Você não pode ficar isolado, você precisa encontrar cristãos apaixonados por Jesus. Não que você não possa ter amigos não cristãos, porque você também precisa evangelizar, mas é preciso nos fortalecer uns aos outros”, aconselha.
Dunamis e o despertar entre jovens
O movimento que começou nas universidades se espalhou por todo o Brasil, influenciando milhares de jovens cristãos. Um dos focos do ministério se explica por seu próprio nome — a raiz da palavra Dunamis no grego é dynamus, que significa dinamite, com uma conotação do poder explosivo do Espírito Santo.
“Quando o Senhor nos deu esse nome, Dunamis, eu estava num momento de busca por mais de Deus”, revela Hayashi. “Eu já era missionário pela JOCUM na época e me questionava: por que não estou vendo tantos frutos como eu gostaria de ver? Eu estava voltando da Índia e não tinha visto as conversões que eu queria ver, eu me cobrava bastante para ser mais usado por Deus do que estava sendo — às vezes isso é bom, às vezes isso é ruim.”
O pastor lembra que começou a se perguntar o que faltava em seu ministério, foi quando meditou na dinâmica da igreja do livro de Atos. “Os apóstolos estavam sempre trazendo a palavra e a manifestação daquilo que estavam pregando, através de sinais, milagres e maravilhas”, observou.
Ele então concluiu: “Eu não vou conseguir ser bem sucedido em meu ministério se eu não tiver um poder que vai além de mim, respaldando aquilo que eu estou pregando.”
Pastor Teófilo Hayashi, fundador do Dunamis. (Foto: Dunamis Movement)
Desde então, o Dunamis tem ativado jovens a se moverem no sobrenatural, orando por enfermos, despertando dons proféticos e utilizando isso como ferramenta de evangelismo e discipulado.
Como fluir no sobrenatural?
Teo Hayashi diz que alguns jovens costumam pedir oração, para que consigam começar a se mover em curas, sinais e milagres. Nestes casos, ele responde: “Eu posso até orar por você, mas antes eu tenho uma pergunta: se eu orar por você, você vai orar pelos enfermos?”
E explica: “Porque requer um passo de fé, requer um momento de desconforto em que você não sabe o que vai acontecer. Pode ser um momento até esquisito. E se a pessoa não for curada? Fé é risco. Quando você dá um passo de fé em obediência e a pessoa for curada, Deus ganha porque Ele recebe a glória. Se a pessoa não for curada, você se torna um pouco mais humilde e Deus ganha também. Não tem como perder.”
O pastor acredita que se a Bíblia promete que os sinais iriam acompanhar os que crêem, os sinais precisam acompanhar os cristãos. “As curas devem fazer parte do nosso dia a dia; onde passamos, os sinais precisam nos seguir. Não é uma obsessão de se mover em milagres. Se você é obediente ao Espírito Santo e dá passos de fé, você vai começar a ver isso acontecer de uma maneira muito natural”, esclarece.
O impacto do The Send
O The Send foi o evento de maior impacto entre a juventude cristã brasileira nos últimos anos. Em fevereiro de 2020, mais de 150 mil pessoas lotaram três estádios em São Paulo e Brasília: Morumbi, Allianz Parque e Mané Garrincha.
A frase que marcou o movimento foi declarada por Téo na edição anterior, realizada em Orlando (EUA): “Brasil, chegou a nossa hora!”
“Estamos debaixo de céus abertos, existe um embalo no Brasil. Quando eu falo ‘chegou a nossa hora’, basicamente temos sido privilegiados para viver em um tempo onde há um vento soprando em nossas costas. E a pergunta é: o que fazemos com isso? Vamos viver uma cultura evangélica gospel cada vez maior ou pegamos essa mensagem para realmente cumprir a Grande Comissão e estabelecer o Reino de Deus na terra?”, pergunta.
O pastor acredita que o The Send deu voz a um clamor que estava dentro da juventude. “Deus veio com a mensagem do The Send para uma nação cuja juventude tinha sido preparada há décadas para estar vivendo aquilo”, declara.
Ele lembra que este mover só foi possível por causa da geração anterior de “pais e mães espirituais do Brasil”, que cavaram os poços para o avivamento. “Foram essas pessoas que com joelhos no chão e lágrimas nos olhos construíram um teto que hoje é nosso piso”, afirma.
Téo avalia que “o Brasil está passando por um despertamento no meio dos jovens”, ainda que haja coisas “saudáveis e não saudáveis que temos que saber filtrar”.
“A questão do avivamento é um pouco subjetiva, pessoas têm diferentes definições sobre o que é avivamento. Mas eu diria, de maneira geral, que precisamos viver a nossa fé fora das quatro paredes da igreja, de forma que discipulemos a nação do Brasil”, Hayashi diz, mencionando diversos setores, como educação, negócios, política e artes.
“A igreja brasileira precisa servir. Servir é ganhar influência, e ganhar influência é servir. Precisamos sair das quatro paredes e começar a servir a nação”, conclui.