Em visita pela América Latina, na qual passa pelo México e Cuba, o papa Bento 16 pediu que se "desmascare o mal e a mentira" do tráfico de drogas no México e afirmou que a ideologia marxista está ultrapassada, ressaltando que é preciso encontrar um novo modelo.
México e Cuba: Papa visita América Latina em busca de fiéis
As declarações do pontífice foram feitas a bordo do avião que o levava para o México e Cuba, em sua primeira visita a países de língua espanhola. “O problema do tráfico de drogas e a violência são uma grande responsabilidade para a Igreja neste país 80% católico", ressaltou Bento 16, que chegou ao México por volta das 16h30 desta sexta-feira (19h30 em Brasília).
Mexicanos esperam visita de Bento 16, que viaja pela América Latina em busca de fiéis
Foto: AP
Ele também pediu que sejam "desmascaradas as falsas promessas e mentiras" dos traficantes de drogas, alguns dos quais afirmam ser católicos.Temos de "fazer todo o possível contra esse mal destruidor da nossa juventude", insistiu. A guerra entre cartéis de drogas foi responsável pela morte de 50 mil pessoas nos últimos cinco anos no país que faz fronteira com os Estados Unidos.
Ao falar do enriquecimento causado pelo narcotráfico, Bento 16 também condenou a "idolatria do dinheiro que transforma os homens em escravos". "O homem precisa do infinito. Se Deus não é infinito, o homem criará seu próprio paraíso, mera aparência do infinito. Devemos fazer todo o possível para desmascarar o mal", prosseguiu.
Cuba
Em relação ao regime comunista de Cuba, o papa afirmou que a ideologia marxista "já não corresponde à realidade" e "deve encontrar novos modelos." Ele também enfatizou a determinação dos católicos "em ajudar um diálogo construtivo", no momento em que a Igreja Católica cubana se tornou interlocutora política das autoridades da ilha.
"É evidente que a Igreja está sempre ao lado da liberdade de consciência, da liberdade de religião", disse Bento 16, para quem em Cuba os “fiéis católicos contribuem para avançar nesse caminho".
O pontífice lembrou a advertência feita por seu antecessor, João Paulo 2º, em janeiro de 1998, sobre a necessidade de "Cuba se abrir ao mundo e o mundo se abrir para Cuba". "Essas palavras são ainda muito atuais", disse o papa.
Em resposta às declarações de Bento 16, o chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, disse que Cuba "escutará com respeito" o pontífice, mas enfatizou que o sistema cubano atual "tem suas ideias desenvolvidas" a partir de mais de um século de história e um acervo popular amplo que "está também aberto a modificações e em constante desenvolvimento".
A Igreja cubana, que durante 40 anos teve problemas com a revolução comunista de Fidel Castro, mostrou nos últimos anos vontade de participar da modernização política do país e do governo, em troca de mais espaço para suas práticas religiosas e ação social.
“No entanto, a Igreja não é um poder político e nem um partido, é uma realidade moral que precisa se questionar o que pode e o que não pode fazer", declarou.
*Com AFP e AP