Um pastor sudanês foi morto no início da semana enquanto participava de um protesto pacífico contra a tentativa do governo de apropriação de uma escola cristã. Younan Abdulla e parte da Igreja Evangélica Presbiteriana do Sudão (SEPC), participou do protesto de três dias depois que o comitê ligado ao governo autorizou, em 2016, a venda do terreno em que a escola está situada, sem o consentimento do instituto de ensino.
Um segundo membro da igreja, Ayoub Kumama, também sofreu ferimentos. Ele foi levado para o hospital, mas desde então não teve alta. A Igreja Bahri, na qual Abdulla era membro, está há muito tempo em disputa com uma comissão ligada ao governo, que quer comprar o terreno onde está situada a escola da SEPC.
Segundo relatos, cerca de 20 pessoas armadas com facas e outras armas atacaram os manifestantes, alguns dos quais estavam ligados à comissão que foi criada. A polícia pendeu apenas um homem.
De acordo com a organização Middle East Concern (MEC), Shamshoun Hamoud, membro do comitê, foi preso depois que testemunhas identificaram-no como a pessoa que esfaqueou o Sr. Abdulla. A MEC observou que não houve mais prisões, apesar de mais pessoas estarem envolvidas no ataque.
Cúmplice?
A Middle East Concern escreveu: "A polícia esteve presente, mas não conseguiu intervir para proteger aqueles que foram atacados, e também não ajudou Younan depois de ter sido esfaqueado".
Antes deste ataque, a polícia havia capturado cristãos em protestos pacíficos na escola, incluindo o Sr. Abdulla e o diretor da escola no dia 16 de março. O funeral de Abdulla foi realizado na última terça-feira (4) deixando uma esposa e dois filhos pequenos. O culto contou com a presença de altos representantes das embaixadas dos EUA e do Reino Unido, informou a MEC.
Um porta-voz do escritório estrangeiro confirmou que a liberdade religiosa no Sudão "continua a ser uma preocupação para o Reino Unido". A organização Christian Solidarity Worldwide (CSW) disse que a meta de Cartum para o SEPC era parte de sua campanha para "diminuir ou remover a presença cristã do Sudão".
A CSW notou que o Tribunal Administrativo de Bahri rejeitou, na semana passada, um caso apresentado por 25 igrejas, desafiando uma ordem do governo para demolir seus locais de culto. As 25 igrejas pertencem a denominações, incluindo a Igreja Católica, Copta, Sudão de Cristo e Igrejas Pentecostais.
O assédio contra os cristãos se intensificou desde a secessão do Sudão do Sul em 2011, quando o presidente sudanês Omar al-Bashir prometeu adotar uma interpretação estrita da Sharia (lei islâmica) e muitos cristãos partiram para o país recém-criado.