Alain Toledano Valiente é um líder do Movimento Apostólico, uma denominação protestante não registrada em Cuba. O pastor foi convocado a uma delegacia na quarta-feira (04), onde foi comunicado de que se sua igreja fosse adiante com um evento feminino planejado para o dia seguinte, quinta-feira (08), ele seria acusado do crime de desobediência e poderia ser preso.
Toledano Valiente recebeu a intimação em seu 25º aniversário de casamento e foi instruído a se apresentar à polícia às 10h do dia seguinte.
Ele escreveu no Facebook: "Hoje estamos comemorando 25 anos de casamento, minha esposa e eu, e este é o presente do governo cubano, um policial à minha porta e uma intimação para amanhã... Nos meus 47 anos em Cuba eu aprendi alguma coisa, eles nunca são bons, sempre há armadilhas, ameaças, chantagens, etc. Que todos saibam sobre essa nova ameaça à minha liberdade, eu peço acima de tudo por suas orações, que Deus cubra nossas vidas, e minha família que foi ameaçado pela última vez, shalom".
Conferência Déboras 2019, em Cuba. (Foto: Reprodução/Alain Toledano Valiente)
O pastor foi à Delegacia de Polícia, onde foi interrogado por quase três horas pelo comandante da unidade.
Toledano Valiente disse que a igreja iria em frente com a conferência de dois dias, denominada Déboras 2019. No dia do evento, ele postou fotos da conferência nas redes sociais.
Liberdade religiosa
Em julho, Toledano Valiente foi detido por agentes do governo e impedido de embarcar em um voo para os EUA para participar da reunião do Avanço da Liberdade Religiosa. Ele ainda está oficialmente proibido de sair de Cuba e seu direito de circular livremente dentro do país também é restrito.
"Parece que o regime está planejando inventar acusações criminais contra mim para me prender, assim como fizeram no passado com outros pastores", disse Toledano Valiente à Christian Solidarity Worldwide.
“Eu tive que lidar com a fúria e o ódio do regime comunista de muitas maneiras diferentes e acho que agora tenho que lidar com truques sujos da parte deles. Eu continuo sendo proibido de viajar e não acho que eles estejam interessados em me libertar”, disse.
“Este é o preço que tenho que pagar neste país. Eu tive que cancelar muitos eventos nacionais e internacionais por causa dessa restrição. Eles querem me sufocar, tentando me prender em um espaço apertado para eliminar tanto minha voz quanto eu, uma pressão que quer destruir a igreja e a mim”, denunciou.
Anna-Lee Stangl, chefe da Advocacia da CSW, disse: “Preocupa-se que proteções enfraquecidas pela liberdade de religião ou crença na nova constituição indicaram que uma linha mais dura do novo governo parece ser validada. Não há justificativa para despojar os líderes religiosos, que não cometeram nenhum crime, do seu direito de viajar ou proibir arbitrariamente as igrejas de realizarem eventos religiosos especiais”.
"Pedimos ao governo cubano para cessar imediatamente seu assédio a Alain Toledano Valiente e outros líderes da igreja e permitir que esses eventos e iniciativas religiosas pacíficas ocorram sem a interferência do Estado", declarou.
Apensar do assédio e das ameaças, o pastor Alain participou da conferência que terminou no sábado. Também foi relatado que três mulheres cristãs do México foram impedidas de participar.