Três líderes evangélicos foram impedidos de embarcar em voos de Cuba para os Estados Unidos no sábado (13) e domingo (14), enquanto tentavam viajar para Washington, DC, para participar da Reunião Ministerial para o Avanço da Liberdade Religiosa, que acontece esta semana.
Funcionários do regime cubano disseram aos chefes das Assembleias de Deus e da Liga Evangélica, e um líder do Movimento Apostólico, que eles estão proibidos de deixar a ilha.
Segundo relatos dos pastores, isto seguiu-se à detenção arbitrária do defensor da liberdade religiosa, Ricardo Fernandez Izaguirre, que foi tirado da rua pela segurança do Estado cubano em Havana ao meio-dia de 12 de julho. Ele não foi visto ou ouvido desde então.
Dois dos afetados, o Reverendo Moises de Prada, Superintendente das Assembleias de Deus em Cuba e a Reverenda Alida Leon Baez, Presidente da Liga Evangélica de Cuba, são membros fundadores da recém-estabelecida Aliança Evangélica Cubana (AIEC por suas iniciais em espanhol).
Um terceiro líder da AIEC, o presidente da Convenção Batista de Cuba, foi informado de que não teria permissão para deixar a ilha há duas semanas quando tentasse renovar seu passaporte.
O reverendo Leon Baez divulgou um comunicado na segunda-feira (15) dizendo: “De acordo com a Lei de Imigração no meu país, de todos que vivem em território nacional, as únicas pessoas que não podem sair de Cuba são aquelas que estão sujeitas a processos criminais ou em casos preocupação com a defesa e segurança nacional ou com razões de utilidade pública. Eu não acredito que este seja o meu caso. Eu não tenho processos judiciais pendentes contra mim.”
O pastor disse ainda que “não me considero uma ameaça à segurança e defesa do país onde nasci e moro. E se houvesse até mesmo uma razão mínima de utilidade pública, acho que alguém deveria ser avisado com antecedência e ter tempo suficiente para me permitir a oportunidade de me defender; não esperar até o último minuto para me informar sobre essa decisão”.
“Não posso conceber um país onde o direito inalienável de circular livremente possa ser limitado sem determinar as causas e sem uma notificação adequada em termos de tempo. Até os piores criminosos são notificados das acusações contra eles e informados de que haverá um julgamento antes de chegarem a um tribunal”, disse.
Em um comunicado divulgado na noite de sábado, Alain Toledano Valiente, líder do Movimento Apostólico, disse: “Neste sábado, 13 de julho de 2019, aproximadamente às 19h30, enquanto passava pela alfândega depois de fazer o check-in do meu voo, um funcionário da alfândega me informou que a contraespionagem cubana me impôs um regulamento e que não posso viajar”.
Toledano disse que “mais uma vez estou preso na nação de Cuba, meus direitos como cidadão de Cuba foram retirados”.
O Movimento Apostólico é uma rede de igrejas carismáticas que o governo se recusou a registrar.
Surpreendidos
Os líderes religiosos expressaram surpresa ao saber de seu status, apontando que alguns deles tinham viajado para a Europa e América do Sul há duas semanas sem nenhum problema.
Enquanto o governo cubano aboliu a necessidade de um visto de saída para cidadãos cubanos em 2013, nos últimos anos as autoridades bloquearam regularmente defensores dos direitos humanos e ativistas pró-democracia de deixar o país declarando-os “regulamentados”.
Os cubanos devem verificar se estão ou não na lista regulamentada antes de viajar. Frequentemente não há razão dada e não há como apelar.
A chefe da Advocacia da Christian Solidarity Worldwide (CSW), Anna Lee Stangl, disse que “ao negar arbitrariamente o direito de viajar para fora de Cuba a esses três líderes religiosos, que representam alguns dos maiores grupos protestantes do país, o governo cubano deixou claro que suas políticas de controle e intimidação não mudou”.
A disse que CSW apoia todos aqueles que foram impedidos de estar em Washington DC esta semana para participar do encontro para o avanço da liberdade religiosa, e irá garantir que suas vozes sejam ouvidas, mesmo que não sejam capazes de estar fisicamente presentes.
“Pedimos ao governo cubano que remova todas as restrições arbitrárias de viagem a esses líderes e que também continuem pedindo a libertação imediata de Ricardo Fernandez Izaguirre, para quem a CSW continua profundamente preocupada”, declarou a organização.
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