Apesar de ter sido libertado da prisão mêses atrás, um pastor de igreja doméstica na China ainda está sob vigilância do governo enquanto a perseguição em todo o país aumenta. O site China Aid relata que Yang Hua, que foi preso após ser acusado de "divulgar segredos de Estado", continua sendo "perseguido por oficiais aonde quer que ele vá", mesmo tendo sido libertado da prisão em junho.
Yang Hua é pastor da Living Stone Church (Igreja Pedra Viva, em tradução livre), a maior igreja doméstica em Guiyang, capital da província de Guizhou, no sudoeste da China. Ele foi levado sob custódia policial em 2015 depois que tentou impedir que as autoridades confiscassem um disco rígido da igreja.
Durante seu tempo na prisão, o pastor sofreu repetidas torturas e teve graves problemas de saúde. A inadequada assistência médica na prisão o deixou incapaz de andar por semanas, e ele só foi tratado no hospital depois que seus advogados buscaram fiança médica, segundo relatos.
A China observou anteriormente que, durante toda a sua detenção, as autoridades se recusaram a deixar que Yang visse sua família ou representação legal e, segundo relatos, usaram ameaças e vários métodos de tortura na tentativa de extrair uma confissão dele.
No entanto, em uma carta escrita a sua esposa em 2016, Yang descreveu como Deus usou o tempo de dor e incerteza para a Sua glória.
"Este é um bom lugar para descansar, onde estou isolado do resto do mundo e me aproximo de Deus", escreveu ele sobre sua cela na prisão. "Eu não posso mais ouvir o barulho do clamor, mas posso ouvir melhor a voz do Senhor", colocou.
O pastor acrescentou: "O descanso genuíno não tem nada a ver com o meio ambiente. Não importa se as ondas estão quietas ou se o mar ruge, nossos corações repousam em Deus, assim como uma criança desmamada dorme nos braços de sua mãe. Quero agradecer Deus por usar este método especial para dar este presente especial para nossa casa. Vamos aceitar e desfrutar com um coração agradecido".
Perseguição
Mesmo quando Yang tenta se recuperar de seu tempo na prisão, a perseguição em torno dele continua a aumentar, observa a China Aid. Recentemente, mais de 10 igrejas foram fechadas pelas autoridades, e as congregações não registradas, que consistem em mais de 50 pessoas, foram obrigadas a se tornarem igrejas oficiais ou sofrer a retaliação das autoridades.
Bob Fu, chefe da China Aid, disse ao Congresso em setembro que a perseguição de cristãos e outras minorias religiosas na China é mais intensa desde a Revolução Cultural. Ele alertou que tal perseguição só se intensificará, à medida que os órgãos protestantes sancionados pelo Estado chinês desenvolveram um plano de cinco anos para "promover a reformulação do Cristianismo".
"O plano deixou claro que 'reformulação do cristianismo' significa mudar o 'cristianismo na China' para o 'cristianismo chinês'", explicou ele, segundo o The Christian Post. O plano enfatizou que "o coração e a alma da reformulação do Cristianismo é mudar a teologia cristã", e até propõe "retraduzir a Bíblia ou reescrever comentários bíblicos".