Um novo estudo feito nos Estados Unidos pelo Grupo Barna mostra que 54% dos homens cristãos e 15 % de mulheres cristãs admitiram consumir algum tipo de material pornográfico, pelo menos uma vez por mês, em comparação com 65 % dos homens e 30 % das mulheres que se identificaram como não-cristão e disseram que eles consomem pornografia à mesma frequência e quantidade.
Dos homens cristãos que assumiram que veem pornografia, a maioria o faz várias vezes por semana.
Alguns psicólogos e sociólogos disseram que "não é de se estranhar que os homens de qualquer - seja qual for sua declaração de fé - assumam que consomem o material.
Mas Joel Hesch, presidente e fundador da "Prove Men Ministries", que encomendou o estudo, disse que os resultados apontam para um padrão assustador do vício.
"Ele [problema] precisa ser abordado abertamente na igreja, um lugar seguro dentro da igreja. [A pornografia] é viciante. É um problema que afeta não apenas os indivíduos, mas também as suas respectivas famílias. A igreja precisa ser prioridade nesta questão. Amontoar culpa e vergonha em uma pessoa só a leva a fugir para as coisas das quais estamos tentando resgata-la", disse Hesch.
A pesquisa foi feita no início deste ano, e os resultados foram compilados a partir das respostas de 1.000 adultos norte-americanos. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais mais ou menos, a um nível de confiança de 95 %.
A pesquisa tinha grupos de idade para todos os entrevistados do sexo masculino, e 79 % entre as idades de 18 e 30 anos disseram que assistem pornografia, pelo menos mensalmente, enquanto que 29 % deles disseram que consomem o material diariamente.
"A definição de pornografia foi deixada para os entrevistados", disse Hesch.
Jeremy Thomas, professor assistente de sociologia na Universidade Estadual de Idaho (EUA), disse que qualquer pesquisa que envolva sexo vai ser limitada em seus dados.
"É difícil conseguir boas informações sobre sexo, geralmente porque as pessoas tendem a ser hesitantes em responder. Uma das outras coisas para perceber é que você poderia estar recebendo um viés de resposta. Poderiam muito bem ser pessoas religiosas e não-religiosas consumindo pornografia mais ou menos [o mesmo], mas as pessoas religiosas são um pouco mais hesitantes em assumir isso", disse ele.
No entanto, os cristãos podem ser mais propensos a auto diagnosticar-se como viciados. De acordo com a pesquisa, 15 % dos homens que se identificaram como cristãos disseram que pensaram que poderiam ser viciado em pornografia, contra 6 % dos homens não-cristãos que se consideravam viciados.
O problema é que "vício em pornografia" não existe na comunidade profissional de saúde mental, disse Joshua Grubbs, que se concentra em psicologia clínica de religião e de padrões de comportamento que causam dependência na Universidade Case Western.
"Não é um diagnóstico que é reconhecido", disse ele. "Eu sei que há algumas pessoas que acreditam que ele é um diagnóstico, mas não é reconhecido pela comunidade em geral".
Embora a pesquisa esteja apenas "engatinhando" no tocante ao que as pessoas possam estar ansiosas para admitir seus vícios, Mr. Grubbs disse que a religião desempenha um papel importante nisso.
"As pessoas religiosas são mais propensos a dizer que se sentem viciadas", disse ele. "Isso parece ser decorrente da desaprovação de pessoas religiosas em relação à pornografia."
Segundo ele, o pensamento seria algo como: "Eu sou religioso. Eu acho que a pornografia é ruim, mas eu sou uma pessoa sexuada, que pensa que a pornografia é agradável. O que algo que é ruim poderia causar-me? Talvez eu seja viciado".
Isso não significa que a pornografia não pode ter um impacto negativo na vida de alguém, disse William Struthers, professor de psicologia na Wheaton College.
Segundo ele, o perigo do desenvolvimento da dependência pela pornografia é alarmante.
"O que acontece é que [ver pornografia] pode tornar-se um padrão de dependência, se o usuário não tiver cuidado", alertou.
Struthers também acredita que a fé pode fazer a diferença na compreensão do cristão com relação à sexualidade.
"A religião pode servir para fornecer uma melhor compreensão da sexualidade. É possível adicionar dimensões espirituais e morais. O problema o mesmo fator faz um corte pelo outro lado. Você pode ter elevações superiores, mas mínimas mais baixas ao cometer transgressões sexuais", explicou.
"Eles podem ter uma melhor compreensão da sexualidade, mas a religião faz com que eles se tornem muito mais compulsivos nas formas em que eles pensam sobre a sexualidade. É por isso que eu acho que eles entenderam a mensagem errada", disse ele. "A mensagem da Igreja é 'Sexo é ruim. Não o pratique até que você esteja casado".
Algumas igrejas estão tendo que repensar o seu ensino sobre a sexualidade, seja por opção ou porque a cultura está mudando.
"Igrejas vão perder esta falsa questão sexual", disse Eric Anderson, um sociólogo da Universidade de Winchester que incide sobre masculinidade e sexualidade. "Eles perderam em sexo antes do casamento, sobre a masturbação, no sexo gay, no sexo anal entre heterossexuais e eles vão perder esta guerra contra a pornografia.
"Se você quer provas, tudo que você tem a fazer é olhar para a pesquisa sobre a porcentagem do uso da pornografia, e como os jovens começam a usa-la."
"Talvez a maneira para que todos possam ganhar seja considerar os impulsos espirituais e sexuais de todos", disse Grubbs.
"Isso é o que fazemos, o que os humanos fazem. Se você se sentir mal sobre sexo em geral, isto vai criar problemas para você em outro lugar ", disse ele. "Vamos falar sobre o que está acontecendo em sua cabeça, para que possamos evitar esses problemas em outros lugares", destacou.
Com informações de Washington Times
*Tradução por João Neto - www.guiame.com.br