Estatísticas recentes dos Estados Unidos apontam que uma em cada cinco moças e um a cada 16 rapazes serão vítimas de agressão sexual durante o período escolar.
A ex-personalidade da televisão Rosemary Trible conhece bem essa dor.
Quando ela tinha 25 anos, um agressor a estuprou brutalmente em seu quarto de hotel na Virgínia. Mais cedo, naquele mesmo dia, ela havia organizado um debate justamente sobre agressão sexual.
"Eu havia saído para tomar um café", Trible compartilhou em uma entrevista à CBN News. "E quando voltei para o meu quarto, um homem enorme estava lá. Ele começou a me atacar e a me estrangular. E eu nunca esquecerei as palavras dele, porque ele colocou uma arma na minha cabeça e disse: 'OK, apresentadora de talk show fofo, o que você vai fazer com uma arma na sua cabeça?'. Eu nunca havia pensado sobre isso. Aquela foi uma noite de horror absoluto e completo".
O ataque deixou Trible em constante estado de medo.
"Eu sempre fui uma pessoa muito confiante e aberta, mas de repente eu tinha essa parede ao meu redor. Era um medo real", disse ela. "Um dos meus desafios na cura foi que, nos seis meses seguintes, meu marido começou a concorrer ao Congresso dos Estados Unidos. Por isso, foi ainda mais difícil porque mesmo estando arrasada, eu colocava uma feição feliz no rosto, para posar como esposa do candidato".
Apoiando-se na fé para curar e perdoar
Como cristã, Trible se apoiou na fé em Deus para se curar, o que incluía perdoar seu agressor, que nunca foi preso.
"Eu disse a Deus em oração: 'Senhor, eu perdoo o homem que me estuprou, e vou orar pelo resto da minha vida para que alguém fale a ele sobre Jesus. Eu peço que o Senhor também o perdoe", contou.
Em 2010, ela escreveu um livro sobre sua experiência e agora ajuda outras pessoas a encontrar a cura por meio de sua organização sem fins lucrativos, "Fear 2 Freedom".
"Seja a mudança"
Seu documentário premiado com o Emmy, chamado "Be the Change" ("Seja a Mudança"), desafia as escolas a fazerem dos campi, locais seguros para todos.
Ela começou seu trabalho na universidade Christopher Newport, no estado da Virginia (EUA), onde seu marido agora serve como presidente.
"Eu acho que isso encorajou as mulheres a se apresentarem, às vezes de forma confidencial e às vezes revelando seus nomes. Houve um estigma no passado sobre falar sobre ser ferido por abuso sexual, seja abuso infantil, tráfico sexual ou ser violado."
Adesão
Mais de 50 faculdades e universidades em todo o país abraçaram esse esforço e organizaram eventos, incluindo escolas como Radford e George Mason.
"Quando começamos o 'Fear 2 Freedom', poucas pessoas estavam realmente falando sobre isso ainda", disse Trible.
Russell disse que o programa agora se estende para além dos campi e chega às comunidades.
"Fazemos parcerias com cada cidade universitária, com os hospitais e também com membros da comunidade, centros de crise, centros de aconselhamento e até abrigos de violência doméstica", disse Russell.
A importância dos kits de cuidados posteriores
Os alunos são encorajados a assumir um papel ativo, reunindo kits de cuidados posteriores para as vítimas de assédio sexual e estupro.
Os kits são úteis porque, após um ataque, as roupas da vítima são recolhidas pela polícia em busca de provas. Assim, cada kit contém uma camiseta, calça de ginástica, produtos de higiene e outros itens.
"Muitas vítimas foram obrigadas a deixar o hospital usando avental de papel ou batas de hospital", disse Russell. "Você já passou pela coisa mais traumática e humilhante de sua vida e agora vai ter que sair desse jeito... Não é possível".
Também é incluído nos kits um bilhete com uma mensagem pessoal, escrita por um estudante, para encorajar as vítimas.
"Eu acho que é um momento que realmente abençoa tanto o aluno, mas também abençoa a pessoa que foi sexualmente agredida", comentou Trible.
Desde 2011, estudantes voluntários reuniram mais de 20.000 kits de cuidados posteriores.
No início deste ano, a Assembléia Geral da Virgínia reconheceu o trabalho da organização por ajudar outras vítimas a encontrar a liberdade.
"O que foi feito para o mal eu realmente acredito que Deus transformou em bem, porque eu nunca teria começado essa organização sem fins lucrativos se não tivesse acontecido aquilo comigo", disse Trible. "Eu nunca teria sido capaz de avançar e realmente ser alguém que pudesse ser uma voz para os sem voz".