Conforme a Portas Abertas, as minorias religiosas podem ser comprometidas em sua existência em meio à crescente perseguição cibernética.
Um novo relatório da organização diz que a tendência pode se espalhar por todo o mundo, se os governos democráticos não agirem agora.
O relatório revela que há um aprimoramento cada vez maior da “opressão tecnológica” contra os cristãos, em forma de vigilância e censura.
Como os cristãos são perseguidos através da tecnologia?
Na China, por exemplo, onde há um cenário evidente de “autoritarismo digital”, as mídias sociais são monitoradas, postagens são bloqueadas e as pessoas são punidas ou canceladas por visitarem determinados sites.
O Partido Comunista Chinês tem se empenhado em doutrinar os jovens usuários de internet. As notícias são filtradas e as que são divulgadas possuem conteúdo ideológico e, muitas vezes, com um forte tom nacionalista.
“Com o tempo, a censura altera as opiniões da população”, aponta o relatório. Além disso, conforme a Portas Abertas, está cada vez mais difícil comprar materiais cristãos online, na China.
“Os aplicativos da Bíblia foram removidos das lojas de aplicativos online, incluindo as lojas de aplicativos do Google e da Apple”, informou a organização.
Outros países que usam a tecnologia contra os cristãos
Além da China, África e Índia também usam a tecnologia para reprimir as minorias religiosas.
Nos pontos críticos de perseguição em todo o mundo, as mídias sociais têm sido usadas para espalhar desinformação e notícias falsas sobre comunidades religiosas minoritárias, que são “demonizadas”, e a consequência disso é a violência e a opressão.
“Isso tem sido fundamental para estimular a violência da multidão contra minorias cristãs e muçulmanas em vários estados da Índia, por exemplo”, disse a Portas Abertas.
Em Mianmar, circularam acusações online de cristãos sendo os responsáveis pela pandemia, dizendo que eles espalharam o Covid-19 pelo país. Normalmente, apontam para os cultos e as reuniões da Igreja.
Plataformas digitais de grupos terroristas
“Nós vimos como multidões e grupos terroristas em todo o mundo estão fazendo uso de plataformas digitais para fortalecer seu controle sobre as minorias religiosas”, disse David Landrum, Diretor de Advocacia e Mídia da Portas Abertas na Irlanda.
“O mais chocante de tudo é que os governos estão fechando os olhos para isso ou até mesmo incentivando ativamente o comportamento opressivo violento”, ele destacou.
O relatório pede ao governo do Reino Unido que reconheça a perseguição digital e aborde o fenômeno com urgência.
Gravidade da situação
“É vital que governos e empresas de tecnologia entendam a gravidade da situação”, disse Landrum ao explicar que o relatório também recomenda que as empresas de tecnologia digital sejam solicitadas a resistir às demandas de regimes autoritários para censurar seus serviços.
O relatório pede que um padrão internacional seja estabelecido em torno do desenvolvimento e exportação de tecnologia de vigilância para que os direitos das minorias religiosas sejam protegidos.
As plataformas de mídia social são chamadas para combater a desinformação e remover incitações ao ódio contra minorias religiosas.
“Todas as formas de perseguição digital estão crescendo a um ritmo assustador”, disse Landrum ao ressaltar a necessidade de derrotar a perseguição digital para que sérias dificuldades no futuro possam ser evitadas.