Vítimas de estupro estão recebendo ajuda de organização cristã, em Uganda

Entre 1992 e 2005, uma violenta seita que perseguia os cristãos tomou conta do norte de Uganda e sequestrou cerca de 30 mil crianças, que foram abusadas sexualmente.

Fonte: Guiame, com informações do Christian TodayAtualizado: quarta-feira, 19 de abril de 2017 às 20:11
Mulheres como Margaret não têm casas para onde ir e são vítimas contínuas do conflito interno que ocorreu. (Foto: Reprodução).
Mulheres como Margaret não têm casas para onde ir e são vítimas contínuas do conflito interno que ocorreu. (Foto: Reprodução).

Uma mulher faz uma linda tiara de flores para sua cabeça, durante uma sessão de terapia em Uganda. Ela está em recuperação na principal organização cristã de sua região, a Visão Mundial, após ter sido estuprada diversas vezes. "Embora ainda estejamos lutando, esperamos que algo de bom venha", disse ela.

A tiara com flores é um pequeno sinal de esperança do trabalho realizado pela Visão Mundial na região, onde o mortal “Exército de Resistência do Senhor” (LRA) não está mais ativo, mas seu legado brutal permanece.

Entre 1992 e 2005, o LRA, uma seita violenta que persegue os cristãos, sequestrou até 30 mil crianças do norte de Uganda, e cada família em toda a região foi afetada pelo conflito. Mesmo anos após a violência ter terminado, muitas “crianças-soldados” não podem voltar para casa, pois são agora vistas de forma diferente por suas comunidades.

Milhares de crianças nasceram como resultado de violência sexual durante o conflito, diversas meninas-soldados foram estupradas. Margaret, que contou como foi recebida após sua volta para casa, com dois filhos nascidos de estupro, disse que uma dessas crianças sequestradas ainda se recuperava do desastre.

Sequestrada quando tinha apenas 12 anos, Margaret foi estuprada por anos pelos soldados e pela equipe médica. Ela está entre as muitas vítimas que hoje recebem ajuda da Visão Mundial, que está trabalhando para acabar com o estigma através de parcerias com líderes religiosos e líderes comunitários.

A organização ainda cria grupos de jovens com o objetivo de restaurar a esperança dos indivíduos, cujas vidas foram destruídas por causa do estupro. “Meu pai rejeitou a mim e aos meus filhos. Eu queria me casar de novo, mas os homens não nos querem com nossos filhos”, diz Margaret.

"Mais tarde me casei, mas meu marido não gosta de meus filhos. Ele os segrega e não os sustenta de nenhuma maneira. Somos estigmatizados. Meus filhos e eu não nos sentimos seguros porque na comunidade não somos amados", ressalta.

Mulheres como Margaret não têm casas para onde ir e são vítimas contínuas do conflito interno que ocorreu entre o exército ugandense e o LRA de Joseph Kony, no qual pelo menos 1,5 milhão de pessoas foram forçadas a se refugiarem em campos de pessoas deslocadas internamente. Os observadores afirmaram que tanto o LRA quanto a Força de Defesa Popular de Uganda cometeram violência sexual generalizada durante as hostilidades.

A Visão Mundial aponta que as crianças eram particularmente vulneráveis. Constituíam mais da metade da população e estavam sujeitos a um maior risco de sequestro pelo LRA. As meninas eram usadas como combatentes e rotineiramente forçadas a serem "esposas" para os soldados, assim que atingissem a puberdade.

Mulheres e meninas sujeitas a casamento forçado eram obrigadas a ter relações sexuais com o objetivo de ter filhos. Pelo menos 2 mil crianças concebidas nessas circunstâncias já foram documentadas por grupos de defesa nas províncias do norte de Uganda.

“Queremos transformar essas comunidades que estão estigmatizadas pelo o que aconteceu”, diz a Visão Mundial que está percebendo os resultados do programa que trabalha com líderes religiosos para desenvolver jovens e capacitá-los a influenciar suas comunidades e acabar com o estigma.

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