Um tiroteio deixou duas pessoas mortas e outras feridas em Halle, no leste da Alemanha, nesta quarta-feira (9). O ataque ocorreu perto de uma sinagoga e de uma loja de kebab, distantes 500 metros uma da outra.
O autor do crime, Stephan Balliet, de 27 anos, admitiu ser neonazista e confessou a motivação antissemita do ataque, segundo o jornal britânico The Independent.
Bailliet disparou várias vezes contra a porta da sinagoga durante a celebração do Yom Kippur, mas não conseguiu entrar. Em seguida, ele matou uma pedestre e um homem em uma loja turca de kebab. Nenhum dos dois eram judeus.
De acordo com o principal promotor federal do país, Peter Frank, Balliet esboçou planos para massacrar os fiéis dentro da sinagoga no dia do feriado judaico. Nas imagens transmitidas ao vivo pela plataforma Twitch, ele se dizia um “perdedor” por não ter conseguido.
O caso foi classificado como um atentado pela chanceler alemã Angela Merkel. No Twitter, ela expressou “solidariedade para com todos os judeus pelo feriado de Yom Kippur”, segundo o porta-voz Steffen Seibert.
O ataque na Alemanha reacendeu o debate sobre o combate global ao antissemitismo. “Dizemos há vários anos que o antissemitismo é real, é ressurgente, é letal e possui vários recursos", disse David Harris, CEO do Comitê Judaico Americano, em entrevista ao Religion News Service.
Abaixo, veja um breve olhar sobre o cenário do antissemitismo global:
Estados Unidos e Canadá
No início deste ano, a organização judaica Liga Anti-Difamação relatou que casos de antissemitismo nos EUA dobraram em 2018. Na véspera do Yom Kippur, um incidente antissemita também foi reportado em Nova York, onde foram encontradas mensagens de ódio aos judeus em um memorial do Holocausto na cidade de White Plains.
No Canadá, o governo registrou uma queda de 4% nos ataques antissemitas no ano passado — mas somente após um forte aumento em 2017.
Europa
O antissemitismo é uma das principais preocupações na Alemanha, onde os dados mostram que os incidentes antissemitas aumentaram 10% no ano passado, de acordo com o Kantor Center da Universidade de Tel Aviv. No início do ano, Angela Merkel afirmou seu compromisso de proteger os judeus que usam quipás contra ameaças antissemitas.
Mas além da Alemanha, várias outras nações europeias estão lidando com o aumento de discurso de ódio aos judeus e comportamentos antissemitas.
No Reino Unido, a instituição de caridade Community Security Trust relatou recentemente um aumento de 10% em incidentes antissemitas durante os primeiros seis meses deste ano. Na República Tcheca, a Federação das Comunidades Judaicas também registrou um aumento de incidentes antissemitas no ano passado.