O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, citou um texto da Bíblia ao responder a um repórter sobre sua crença em Deus, durante a cúpula do G7 na Inglaterra.
O jornalista Robert Peston, da emissora britânica ITV, parabenizou Johnson por seu recente casamento na Catedral de Westminster e perguntou se ele é um católico praticante. Inicialmente, o premiê procurou não responder, dizendo: “Eu não discuto essas questões profundas, certamente não com você.”
O repórter então perguntou a Johnson se ele acredita em Deus. O primeiro-ministro britânico citou o Salmo 14:1: “Diz o tolo em seu coração: ‘Deus não existe’”, disse. “Eu vou te deixar com isso”.
A religião do primeiro premiê católico da Grã-Bretanha se tornou um problema político, já que, como seguidor do catolicismo, Johnson não pode mais enviar os nomes dos bispos da Igreja da Inglaterra para a Rainha Elizabeth.
Em vez disso, o Lorde Chanceler Robert Buckland é quem enviará os nomes dos novos bispos da Igreja da Inglaterra à rainha.
Uma fonte anônima relatou ao Telegraph que a regra é “anacrônica”, já que um primeiro-ministro judeu ou muçulmano poderia nomear um bispo, mas não um católico.
Assista (em inglês):
Polêmica na Igreja Católica
Embora Johnson tenha sido batizado como católico, ele se casou duas vezes na Igreja Anglicana antes de seu terceiro casamento com Carrie Symonds, de 33 anos, com quem tem um filho, nascido em abril de 2020.
A cerimônia foi oficiada por um padre católico, Daniel Humphreys, que batizou o filho do casal no ano passado.
Os casamentos e divórcios de Johnson e os filhos fora do matrimônio geraram polêmica devido à posição conservadora da Igreja Católica sobre essas questões.
A Igreja Católica Romana permite que os divorciados se casem novamente se os casamentos anteriores tiverem sido feitos fora da Igreja Católica. Os antigos casamentos de Johnson com Allegra Mostyn-Owen e Marina Wheeler não foram cerimônias católicas e, portanto, não são reconhecidos pela Igreja Católica.
O padre Mark Drew, da Igreja de São José em Penketh, disse à BBC que teve de dizer a casais católicos que estão se divorciando que não podem se casar novamente na Igreja Católica.
“Eles têm a impressão — com ou sem razão — que a Igreja está aplicando padrões duplos e temo que esta decisão faça a Igreja parecer ruim”, disse Drew.
Christopher Lamb, correspondente da revista católica The Tablet, disse à BBC Radio 5 que o terceiro casamento de Johnson aponta que há uma lei para os ricos e poderosos e outra para todos os outros.
“Haverá um sentimento que, por que algumas pessoas que são divorciadas têm permissão para se casar na igreja e outras não?”, ele perguntou. “Tem sido acolhedor para Boris Johnson, por que não para outros?”