O ex-veterano da Guerra do Golfo, Rocky Walker, chama a si mesmo de “capelão do Covid”. Ele trabalha há anos com pacientes cardíacos no Hospital Mount Sinai, um dos maiores hospitais dos Estados Unidos, mas agora trabalha em uma área destinada apenas a pacientes com coronavírus.
Walker está acostumado a ver a morte, seja no campo de batalha ou nos ambientes hospitalares, mas a intensidade da atual crise é diferente. “[Perdemos] uma enfermeira que estava conosco há 21 anos e o que você diz sobre isso? Eu não tinha palavras para isso. Eu estava lutando contra minhas próprias lágrimas”, disse à CBN News.
O trabalho dos capelães hospitalares mudou drasticamente. Agora eles estão separados dos pacientes e seus familiares, buscando novas formas de se conectar.
Cathy Disher é uma capelã batista que trabalha com pacientes com câncer no James Cancer Hospital. Com as restrições de visitas, ela está se conectando principalmente por telefone. “[As famílias procuram] alguém apenas para compartilhar suas preocupações, para oferecer a eles apoio emocional”.
Disher, Walker e outros capelães também estão passando mais tempo com enfermeiras da linha de frente, médicos e outros funcionários do hospital. Walker diz que está percebendo o que chama de “fadiga de batalha” depois de semanas cuidando de pacientes com Covid-19.
“Estou observando o que penso ser uma segunda onda, que é uma onda de depressão, exaustão e cansaço por parte dos próprios profissionais de saúde”, disse ele.
Reconhecimento
Os capelães dos hospitais também estão travando uma batalha para serem reconhecidos como profissionais essenciais. O pastor Russell Moore, presidente da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa, está frustrado com o fato de alguns hospitais considerarem os capelães apenas uma função extra.
“Minha preocupação é que precisamos ver os capelães hospitalares como uma parte essencial dos cuidados com nossos pacientes e, portanto, eles precisam ter acesso de todas as formas que sejam seguras”, disse Moore.
O major-general Doug Carver supervisiona os mais de 700 capelães do hospital Batista do Sul. Ele os encoraja mostrar ao seu hospital que o cuidado espiritual é uma parte essencial da cura. “Precisamos continuar a bater na porta das autoridades para lembrá-las”, disse Carver.
Conversas sobre a eternidade
Carver acredita que essa crise também poderia fortalecer o papel dos capelães, já que a brutalidade do Covid-19 promove mais conversas sobre fé.
“Descobrimos que nossos pacientes, mesmo os funcionários do hospital que estão lidando com a morte, estão fazendo muitas perguntas sobre a eternidade, sobre o sofrimento, sobre as doenças e sobre a morte”, disse ele.
Carver diz que a crise também está afetando os capelães e que o apoio das igrejas locais é vital. “Eu apenas pediria que igrejas e pastores continuassem exaltando o trabalho de nossos capelães da área da saúde”, afirmou.