Maioria dos cristãos nos EUA crê que boas obras bastam para ir ao Céu, aponta pesquisa

Os pesquisadores apontam que a tendência revela uma crescente falta de clareza sobre a mensagem central do Evangelho.

Fonte: Guiame, com informações da Arizona Christian UniversityAtualizado: segunda-feira, 8 de dezembro de 2025 às 18:52
Para cristãos americanos, trabalho voluntário pode significar salvação. (Imagem ilustrativa gerada por IA)
Para cristãos americanos, trabalho voluntário pode significar salvação. (Imagem ilustrativa gerada por IA)

Uma nova pesquisa revelou um dado surpreendente sobre os cristãos americanos: a maioria acredita que boas ações, por si só ou combinadas com a graça, são suficientes para garantir a entrada no Céu.

O levantamento, conduzido pelo Centro de Pesquisa Cultural da Arizona Christian University, indica que milhões de pessoas que se identificam como cristãs estão se distanciando do que os pesquisadores descrevem como a doutrina bíblica tradicional da salvação.

O estudo, integrante do American Worldview Inventory 2025, entrevistou 2.000 adultos nos EUA em março para analisar suas percepções sobre eternidade e salvação.

Embora a maioria dos cristãos ainda acredite que todos serão julgados individualmente por Deus, já não considera a fé em Cristo como o único caminho para alcançar a vida eterna.

Relatório

Segundo o relatório, 53% dos cristãos que se identificam como tal acreditam que “uma pessoa geralmente boa, ou que pratique boas ações suficientes em favor dos outros, garantirá um lugar no Céu”.

Entre os católicos, esse percentual chega a 73%.

Já entre evangélicos, pentecostais, protestantes e cristãos não denominacionais, menos da metade concorda com essa ideia – ainda assim, os pesquisadores apontam que a tendência revela uma crescente falta de clareza sobre a mensagem central do Evangelho.

“Ainda existe um grau chocante de mal-entendido entre os cristãos em relação ao pecado, arrependimento, perdão e salvação”, disse George Barna, pesquisador principal do estudo e diretor do Centro de Pesquisa Cultural.

“Milhões de pessoas que frequentam regularmente igrejas cristãs acreditam que a salvação eterna não depende do sacrifício de Cristo por causa dos nossos pecados. Eles não entendem esse princípio fundamental da crença cristã.”

Problema espiritual

Barna, um dos principais estudiosos da fé nos EUA, alertou que essa mudança indica um problema espiritual mais profundo.

Segundo ele, “em vez disso, vemos uma maioria de cristãos autodeclarados tentando garantir sua salvação eterna ao combinar diferentes caminhos em um plano pessoal de segurança”.

O levantamento revelou que muitos cristãos passaram a adotar uma visão pluralista sobre a salvação: 54% dos católicos e 41% dos cristãos autodeclarados afirmam acreditar que “existem diversos caminhos para a salvação eterna”.

Mesmo entre evangélicos e pentecostais, mais de um terço considera que as pessoas podem “escolher o caminho que preferirem”.

Sobre arrependimento

Quando se trata de arrependimento, a pesquisa mostra uma desconexão semelhante.

Quase metade dos evangélicos e pentecostais – e 40% dos cristãos autodeclarados – disseram que simplesmente admitir o pecado é tudo o que é necessário para se arrepender. No entanto, Barna alertou que arrependimento é mais do que apenas confissão; exige uma transformação verdadeira.

(Imagem ilustrativa gerada por IA)

“Arrependimento não é apenas tristeza por más ações”, disse ele. “Deve incluir um esforço determinado para mudar tanto a mente quanto as ações para evitar cometer os mesmos pecados no futuro. Simplesmente pedir desculpas a Deus, ou fazer uma oração pedindo perdão, sem um esforço real para mudar o estilo de vida, não se encaixa com o ensino bíblico sobre perdão e graça.”

Erros doutrinários

A conclusão de Barna foi sóbria: “A presença de crenças não bíblicas na mente da maioria dos americanos com tendência cristã nos lembra que a maioria das pessoas são coletores de informações, e não seguidores biblicamente consistentes de Cristo. Os americanos estão mais determinados a se sentir confortáveis do que biblicamente certos. Essa preferência produzirá efeitos eternos profundos para cada um de nós.”

Os novos dados confirmam tendências já apontadas pelo Inventário Americano de Visão de Mundo de 2020, que mostrou que 52% dos que se identificavam como cristãos acreditavam que ser uma boa pessoa bastava para ser aceita por Deus.

Na ocasião, Barna destacou que, mesmo em igrejas que ensinam a salvação pela graça mediante a fé, muitos ainda mantêm uma fé “baseada em obras”.

A atualização de 2025 evidencia que quase nada mudou – e, em certo sentido, o problema pode estar se agravando. Para pastores e líderes cristãos, isso reforça a necessidade de proclamar com ainda mais clareza a mensagem da cruz: a salvação é encontrada exclusivamente em Cristo.

Como destacou Barna, nada é mais importante do que o destino eterno: “Os americanos podem priorizar conforto em vez de convicção, mas apenas uma dessas escolhas conduz ao Céu.”

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