Cientista contraria tese de que dinossauros viveram há milhões de anos

Everton F. Alves acredita que os fósseis encontrados são mais recentes do que os especialistas afirmam.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021 às 20:31
Everton F. Alves, especialista em paleontologia. (Foto: Arquivo Pessoal)
Everton F. Alves, especialista em paleontologia. (Foto: Arquivo Pessoal)

A descoberta de um Nodossauro bem preservado, em 2011, no Canadá, foi uma grande surpresa para o meio científico. O fóssil ainda apresentava uma camada de pele fossilizada na forma de uma couraça.

Para alguns especialistas o achado paleontológico é do tempo do cretáceo [entre 70 e 65 milhões de anos atrás], enquanto para outros, a preservação do fóssil indica que o animal morreu bem mais recentemente.

Para o especialista em Paleontologia Everton F. Alves e autor do livro “Curiosidades Sobre os Dinossauros”, algumas características como “tecidos moles não mineralizados” podem durar alguns milhares de anos, mas não milhões.

“Há um consenso geral na literatura científica de que o DNA ‘pode’ sobreviver no máximo, 100 mil anos, e proteínas no máximo, 1 milhão de anos. E isso está muito distante da cronologia evolucionista, que diz que os dinossauros viveram há mais de 66 milhões de anos”, explicou em entrevista ao Guiame.


Fóssil do Nodossauro encontrado Em Alberta, Canadá. (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)

Como os dinossauros foram fossilizados?

Everton explica que a fossilização só é possível a partir de condições bem específicas e que a “preservação excepcional” não acontece em todos os fósseis. “No Brasil, por exemplo, na Chapada do Araripe, Nordeste, temos um depósito fossilífero onde há fósseis de peixes tão bem preservados que se pode ver estruturas delicadíssimas, em alguns casos, até o coração é preservado”, contou.

O cientista explica que quando os “tecidos moles” são preservados é algo que chama muito a atenção dos pesquisadores. “No caso desse dinossauro ornitísquio, que teve todos os detalhes preservados, inclusive a armadura, só pode estar assim mediante um tipo mais específico de fossilização”, observou.

Everton aponta para alguns fatores que tornam essa fossilização possível. “Sepultamento muito rápido, com camadas de sedimentos sobre o animal, ausência total de oxigênio e bactérias, baixa temperatura, entre outros. É como se esse tecido mole fosse preservado num microambiente que funcionaria com um sarcófago ou uma câmara selada”, disse.

O dilúvio e a fossilização efeito Medusa

O processo de fossilização pode levar, em alguns casos, de semanas a meses, conforme o especialista. “Não demora milhões de anos. Uma fossilização assim é quase instantânea. Os paleontólogos chamam de efeito Medusa”, ilustrou.

Como seria possível uma fossilização assim? “Isso poderia acontecer durante o dilúvio, logo depois que as águas baixaram. Se o dilúvio ocorreu há 4.400 anos, tanto os tecidos moles mineralizados quanto os não mineralizados poderiam ser preservados”, esclareceu.

“Se esse dinossauro realmente tivesse vivido há dezenas de milhões de anos, o tipo de tecido mole não mineralizado não poderia ser preservado por milhões de anos”, reforçou.

 


Exposição do fóssil de Nodossauro no museu canadense. (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)

Sobre a descoberta do Nodossauro

Trabalhadores de uma mina em Alberta, no Canadá, estavam fazendo uma obra num local chamado Millenium Mine, em 2011. Quando Shawn Funk, que operava uma furadeira na ocasião, encontrou uma pedra incomum — lá estava o nodossauro fossilizado.

Atualmente, o fóssil em “estado quase perfeito” se encontra no Museu Royal Tyrrell, que também fica em Alberta.

A retirada do dinossauro do local representou um árduo trabalho. Primeiro removeram um pedaço enorme da pedra que abrigava o fóssil, mas a rocha cedeu no momento em que foi erguida, de acordo com reportagem da Uol.

Com isso, as ossadas acabaram se despedaçando e foi descoberto que a parte interna do fóssil não conseguia sustentar o próprio peso. Os arqueólogos do museu providenciaram então uma nova estrutura em gesso, e algumas partes do corpo foram sustentadas com estopa ao invés de madeira, para suavizar a ação do suporte diante da fragilidade do fóssil.

Além de ser impressionante para os visitantes do museu, é também significativo para pesquisadores, já que o fóssil foi um achado de uma nova espécie de Nodossauro, um tipo específico de Anquilossauro.

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