O deputado estadual Guto Zacarias (União-SP) denunciou por racismo o ex-deputado federal José Genoíno (PT-SP), após o petista defender o boicote a “empresas de judeus” e “empresas vinculadas ao estado de Israel".
Guto apresentou uma notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), afirmando que Genoino cometeu racismo contra judeus durante uma transmissão ao vivo no sábado (20), segundo o UOL.
“O boicote defendido por Genoino fere a liberdade de crença prevista na Convenção da ONU contra toda forma de discriminação; ademais, priva alguém (empresários judeus) de direitos por motivos de crença religiosa, ferindo a Constituição Federal", declarou Guto, no documento.
A Notícia-crime é um aviso, que pode ser feito por qualquer cidadão, informando as autoridades de que existe um crime sendo praticado. A polícia ou Ministério Público avalia se abrirá ou não uma investigação sobre a denúncia.
O deputado Guto quer que o MPF inicie uma ação penal contra José Genoino por discriminar o povo judeu, conforme o artigo 20 da Lei Antirracismo.
“O STF (Supremo Tribunal Federal) entende, desde o famoso caso Ellwanger (escritor gaúcho acusado de antissemitismo), que os judeus são considerados uma raça e, portanto, protegidos pela Lei Antirracismo", observou ele.
Sugestão de boicote
As declarações de Genoino aconteceram durante uma transmissão ao vivo no canal DCM TV, no YouTube, no sábado (20).
Um dos comentaristas manifestou sua decepção com Luiza Trajano, que endossou um abaixo-assinado solicitando que Lula reconsiderasse seu apoio à África do Sul na acusação de genocídio contra Israel.
O manifesto, assinado por mais de 17 mil pessoas, argumenta que a acusação sul-africana é infundada e pede uma abordagem "justa e equilibrada" por parte do governo brasileiro.
Outro participante, o Prof. Viaro relata que há comentários nas redes sociais de pessoas que deixariam de comprar na Magazine Luiza. Genoino, em resposta, comenta que acha "interessante" a ideia de boicote a certas empresas.
"Acho interessante essa ideia da rejeição, essa ideia do boicote por motivos políticos que ferem interesses econômicos, é uma forma interessante. Inclusive tem esse boicote em relação a determinadas empresas de judeus", disse.
E continuou: “Há, por exemplo, boicote a empresas vinculadas ao Estado de Israel. Inclusive, acho que o Brasil deveria cortar as relações comerciais, na área da segurança e na área militar com o Estado de Israel”.
Falas antissemitistas
Em resposta à declaração do ex-parlamentar petista, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudiou "veementemente" a fala e a classificou como antissemita.
"O boicote a judeus foi uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nazista contra a comunidade judaica alemã, que culminou no Holocausto", destacou a entidade.
"A Conib mais uma vez apela às lideranças políticas brasileiras que atuem com moderação e equilíbrio diante do trágico conflito no Oriente Médio pois suas falas extremadas e em desacordo com a tradição da política externa brasileira podem importar as tensões daquela região ao nosso país".
A Federação Israelita do Estado de São Paulo também se pronunciou: "O antissemitismo merece total reprovação. Esperamos, mais uma vez, a retratação e principalmente o repúdio das pessoas de bem que defendem os valores da paz e da democracia."