A trajetória de Brian Littrell não se resume apenas à banda Backstreet Boys, mas também à sua fé cristã. O cantor deu voz a um álbum gospel intitulado “Welcome Home” que, embora não tenha tido repercussão mundial, revelou uma parte de sua vida que nem todos conhecem.
Brian começou a cantar quando era criança na Igreja Batista Port Memorial, da qual ele e sua família eram membros.
“Eu cresci cantando na igreja. Muitas pessoas não sabem que eu ganhei uma bolsa de estudos de quatro anos em canto pela Universidade Cristã de Cincinnati, logo depois do ensino médio, mas que eu não aceitei essa bolsa porque meu primo Kevin [Richardson] me chamou para ser um Backstreet Boy”, disse em entrevista ao site Beliefnet.
“Eu realmente pensava naquela época que era isso o que Deus havia planejado para a minha vida, começar um ministério de jovens e um ministério de música. Isso era o que eu realmente queria fazer. Mal sabia eu que Ele me faria uma estrela pop. Então foi um pouco diferente”, acrescentou.
Hoje ele acredita que Deus entregou a ele a plataforma do Backstreet Boys “para tocar a vida de muitas pessoas e falar sobre minha fé”.
Brian afirma que não tem medo de afastar os fãs do Backstreet Boys por causa de sua mensagem sobre Deus. “Eu sempre falei sobre minha fé e meu relacionamento com Deus, através de meus agradecimentos nas gravações e dando glória onde eu sinto que a glória é devida”, observa. “Espero que [o álbum gospel] intrigue os fãs dos Backstreet Boys que podem não crer, mas, ao mesmo tempo, acho que o material no disco está aberto para interpretação”.
Secular e gospel
As letras de Brian trazem mensagens inspiracionais, assim como fazem bandas como Switchfoot e POD. Ele acredita que isso pode trazer um certo impasse entre o que é considerado secular e cristão.
“Há uma linha tênue entre a rádio secular e a rádio cristã. Ambas têm formatos diferentes, mas você tem ouvintes do lado da música cristã que, quando alguém toca uma música nova e não fala sobre Deus o suficiente, ficam chateados e isso também acontece no lado secular. Você tem pessoas ligando para estações de rádio dizendo: ‘Por que ele está falando de Deus?’ Espero que minha música possa cruzar essa linha e se encaixar ambos os formatos”, disse Brian.
Ele observa que há canções que cruzam essa linha, como a música “I Can Only Imagine”, da banda MercyMe, um hino cristão que fez sucesso nas rádios seculares e até virou tema de filme — algo semelhante aconteceu no Brasil com a música “Faz Um Milagre Em Mim”, de Regis Danese.
“Eu espero que meu passado secular, com o sucesso dos Backstreet Boys, também abra portas para me permitir apresentar minha história e falar sobre o que eu quero falar nas letras da minha música. E isso já está acontecendo”, disse o cantor.
Brian Littrell, AJ McLean, Nick Carter, Kevin Richardson e Howie Dorough formam a Backstreet Boys. (Foto: Dennis Leupold)
Embora a imagem de Brian nunca tenha sido vinculada à sua crença, ele revela que os princípios cristãos sempre fizeram parte de seu trabalho nos bastidores.
“Lembro de uma matéria para a revista Rolling Stone que os Backstreet Boys fizeram há vários anos e o fotógrafo queria tirar uma foto nossa com 50 jovens no fundo que mal estavam vestidas — elas deveriam estar completamente nuas. Minha fé teve um papel importante em não tirar essa foto com os outros caras, porque naquela época eu era bem casado — ainda sou bem casado — e não queria comprometer minha fé e quem eu era como pessoa, só porque algum fotógrafo queria tirar uma foto na Rolling Stone”, contou. “Fui muito testado no mundo secular — pessoas me pedindo para comprometer minha fé para fazer coisas, e não vou fazer isso”.
Vida cristã
Quando questionado sobre o que perguntaria se estivesse face a face com Cristo, Brian respondeu: “Perguntaria muitas coisas a Ele. Uma delas seria: ‘Por que eu? Por que me abençoou com um presente dado por Deus e por que entregar a uma pessoa como eu essa plataforma?’ Porque tudo o que Ele fez foi abençoar a minha vida e mostrar Sua provisão em minha vida”.
Brian afirma que o mundo está carente da mensagem do Evangelho e isso é nítido até quando se trata de música. “Ser feliz não vende. As pessoas não querem ler ou ouvir alguém falar sobre seu casamento feliz e seu sucesso. Elas querem ouvir sobre o divórcio, a confusão e o desastre. É triste”, observou.
“Eu acho que, como cristãos, precisamos dar as mãos e construir isso juntos, exaltar a Deus e falar sobre nossa fé publicamente; falar sobre todas as coisas que Deus fez por nós em nossa vida para tocar as outras pessoas”, acrescentou.
Brian revela que já cogitou em deixar a carreira. “Houve um tempo em que o mercado da música tinha tomado tanto a minha vida que eu não queria mais. Eu pensei que, se eu tivesse uma família eu não gostaria mais de fazer música, mas tive uma família e fui abençoado com um filho saudável. Eu acho que isso me inspirou mais do que nunca a contar a minha história, que eu não fui engolido pela indústria fonográfica e mesmo assim tive sucesso, e que você pode fazer isso. Você não precisa se tornar uma estatística”, disse ele.
Brian e sua esposa, Leighanne Wallace, com quem é casado há 18 anos, sempre mantiveram uma rotina de oração em família. “Há uma coisa em particular que pedimos: que Deus envie seus anjos para nos amar, nos guiar e nos proteger, em nossas horas de vigília e em nossas horas de sono. É o que sempre dizemos em nossas orações de boa noite”, contou.