No último sábado (19), o Irã anunciou os resultados da eleição para seu novo presidente, Ebrahim Raisi, que é considerado um juiz linha-dura por ser ultraconservador.
Como promotor e membro dos infames comitês da morte nos anos 80, o novo presidente ganhou o apelido de “o carrasco de Teerã” e sua vitória “envia um sinal sinistro, não só para Israel, mas para o mundo”.
“Ele foi empurrado por outras forças”
Enquanto o líder supremo do Irã (desde 1989), Ali Khamenei, gabava-se de como a nação iraniana cumpria suas responsabilidades democráticas ao realizar as eleições, muitos outros consideraram isso uma farsa.
“Eles nem mesmo colocaram a fachada da democracia. Foi uma corrida de um homem só”, disse o especialista iraniano Thamar Elam Gidin, da Universidade de Haifa.
“Qualquer um que pudesse ameaçar sua vitória foi examinado pelo Conselho Guardião, há cerca de um mês, para não atrapalhar. Ele não concorreu à presidência, ele só foi candidato à presidência. Ele foi empurrado por outras forças”, disse Gidin ao CBN News.
“Agora o carrasco é o chefe do ramo executivo”
Conforme Gidin, Raisi é um homem com o sangue de milhares de iranianos nas mãos. “Ele foi membro dos comitês de morte na década de 1980. Ele condenou milhares de pessoas à morte e orquestrou os assassinatos em massa de 1988, cujos mortos foram enterrados em valas comuns, sem uma identificação”, revelou.
Raisi nunca fez comentários sobre essas alegações, mas é amplamente aceito que ele raramente deixa o Irã por medo de retaliação ou da justiça internacional por essas execuções.
Durante os dois anos como presidente da Suprema Corte do Irã, ele abusou de seu mandato, coordenando a primeira execução em décadas de um homem “por consumo de álcool”.
No final do ano passado, um jovem lutador foi enforcado no que grupos de direitos humanos descreveram como uma "caricatura de justiça". Ele foi morto após suspeita de estar ligado a protestos antigovernamentais de 2018.
Em 2019, o governo dos Estados Unidos impôs sanções a Raisi e a Anistia Internacional exigiu que ele fosse acusado de crimes contra a humanidade.
Um aviso por parte de Israel
Em Jerusalém, o novo primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, espera que os resultados das eleições abram os olhos do mundo para ver o Irã como ele realmente é.
“A eleição de Raisi é, eu diria, a última chance para as potências mundiais acordarem antes de retornar ao acordo nuclear e entender com quem estão negociando”, disse Bennett.
“Esses caras são assassinos. Nunca se deve permitir que um regime de carrascos brutais tenha armas de destruição em massa que o permita não matar milhares, mas milhões”, continuou.
Espera-se que Raisi aplique a dura política nuclear definida pelo Líder Supremo do Irã. Um oficial de segurança disse ao Canal 12 de Israel que não haverá escolha a não ser preparar planos de ataque ao programa nuclear iraniano.
E o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, pediu “uma determinação renovada para interromper imediatamente o programa nuclear do Irã e pôr fim às suas ambições regionais destrutivas”.
Restabelecimento do acordo nuclear
Segundo a Reuters, o momento é crítico, porque a eleição aconteceu enquanto o Irã e seis potências estão negociando para restabelecer o acordo nuclear de 2015.
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, deixou o acordo em 2018 e voltou a impor sanções rígidas que reduziram a renda iraniana vinda dos combustíveis.
Raisi não fez propostas detalhadas para a política ou a economia durante a campanha dele, mas apoiou o restabelecimento do acordo nuclear, um desenvolvimento que amenizaria as sanções norte-americanas que prejudicaram a economia do Irã por um longo período.
“Nossa política externa não será limitada ao acordo nuclear, não vamos vincular os interesses do povo iraniano ao acordo nuclear. Teremos interação com o mundo”, se defendeu Raisi, em Teerã.
A Igreja pode ser atingida com o novo líder?
Atualmente, por causa da paranoia ditatorial e da opressão islâmica no Irã, os cristãos são obrigados a frequentar igrejas clandestinas. O país ocupa o 8º lugar na Lista Mundial da Perseguição, conforme a Portas Abertas.
Na antiga Pérsia dos tempos bíblicos, o governo recente entende que a conversão de muçulmanos ao cristianismo é uma ameaça ao domínio islâmico no país. Então, os cristãos ex-muçulmanos são perseguidos pelo governo.
Família e comunidade participam dessa perseguição, já que enxergam como traidores aqueles que abandonam o islã e os costumes da religião.
Quando as igrejas secretas são descobertas passam a ser invadidas, e todos os líderes e membros são presos. Eles recebem longas sentenças de prisão por “crimes contra a segurança nacional”.
Recentemente, a ONU enviou uma carta ao Irã exigindo explicações sobre o aumento dos casos de perseguição aos cristãos. O país negou as acusações, mas chamou as igrejas domésticas de “grupos inimigos”. Por conta desse cenário, a possibilidade de uma trégua para a perseguição aos cristãos é mínima. A tendência é que a situação fique ainda pior.