Mesmo sob o regime comunista de Cuba, as igrejas evangélicas do país estão reunindo forças para derrubar uma proposta de emenda constitucional que abriria as portas para o casamento gay.
Desde agosto, os cubanos têm discutido uma reforma mais ampla da constituição proposta pelo Partido Comunista. O artigo 68, que redefine o matrimônio como neutro de gênero, provocou um movimento particular entre as igrejas evangélicas.
“Não aprovamos de maneira alguma o artigo 68, porque a Bíblia condena isso”, disse o pastor Lester Fernandez, de 39 anos, a cerca de 500 pessoas reunidas em uma Igreja Metodista em Havana.
A Igreja Metodista é uma das 21 denominações evangélicas que neste mês começou a coletar assinaturas para uma petição contra a emenda.
Elas têm estampado cartazes celebrando o “desenho original da família, assim como Deus a criou” em suas portas e janelas, surpreendendo muitos cubanos em um país onde um único partido controla os espaços públicos.
A consulta pública sobre a constituição provocou um debate aberto em Cuba, com alguns cidadãos pedindo eleições diretas para presidente. No entanto, tópicos como a possibilidade de outro sistema político ou econômico, parecem permanecer fora de questão.
Cuba perseguiu os gays nas primeiras décadas da revolução de Fidel Castro em 1959, os colocando em campos de trabalho forçado. Castro pediu desculpas em 2010 e o país avançou nos direitos LGBT nos últimos anos.
Se a constituição fosse aprovada com o Artigo 68 em vigor, Cuba estaria a caminho de se unir à Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai na permissão do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A presidente da Igreja Evangélica da Liga Cubana, Alida Leon Baez, disse que espera que mais de 500 mil cubanos assinem a petição das igrejas contra o casamento gay.
“Se o tema do matrimônio não for modificado no projeto constitucional, todos nós votaremos contra ele”, disse Leon Baez. “Se isso for aprovado, a nossa nação vai para a destruição total”.