A escola de samba Beija-Flor apresentou Jesus como mendigo durante o desfile de carnaval, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, na segunda-feira (3), no Rio de Janeiro.
A escultura de Jesus Cristo coberta com um plástico preto desfilou como um carro alegórico formado por lixo e retalhos. Na frente da alegoria, 100 pessoas desfilaram fantasiadas de moradores de rua e ratos.
A figura de “Cristo Mendigo” foi apresentada pela primeira vez no desfile da Beija-Flor em 1989, quando foi criticada pela Igreja Católica e não voltou a ser exibida nos carnavais dos anos seguintes.
Neste ano, a alegoria retornou à Sapucaí como uma simbologia da “vitória” do samba contra a Igreja Católica. A ideia foi do diretor de Carnaval Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, conhecido como Laíla.
Na imagem de “Jesus mendigo”, foi colocada uma faixa com a frase: “Mesmo proibido, rogai por nós”.
Em postagem no Instagram, a escola Beija-flor comentou sobre a escultura polêmica. “A releitura da icônica alegoria ‘O Cristo Preto’, transgressora e antológica, é relembrada, ao fim do desfile, como a grande obra”.
Ocultismo na Sapucaí
No desfile deste ano, a maioria dos enredos das escolas de samba do Rio de Janeiro homenagearam entidades de religiões afro ocultistas.
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Como a Salgueiro, que apresentou um enredo sobre o corpo fechado por amuletos e rituais. A comissão de frente mostrou um terreiro alegórico, com o casal de mestre-sala e porta-bandeira representando Xangô e Iansã, dois orixás adorados por seguidores do candomblé e da umbanda.
Após desfilar na comissão de frente, o casal embarcou em uma moto e foi até o último carro para se apresentar novamente como destaque. Segundo a Salgueiro, a atitude foi um pedido de Zé Pilintra após uma consulta à entidade.
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Já a escola Unidos da Vila Isabel desfilou com o tema "Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!".
A comissão de frente contou a história sobre o homem que enganou o diabo (interpretado pelo ator José Lorenzo).
Nos comentários de uma postagem no Instagram que mostrou a apresentação, muitos usuários criticaram a exaltação do reino das trevas.
“Apologia ao demônio não tem nada haver com tradição ou cultura”, afirmou um homem. Uma usuária comentou: “O carnaval só exalta o diabo, mas quando o povo tá passando por dificuldade ou na hora da dor, aí o povo lembra de Deus”.
Outra escreveu: “A cada ano a festa está ficando mais demoníaca. Parece um culto ao inferno. Triste ver que o carnaval do Rio virou um circo dos horrores”.
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