Famoso biólogo ateu Richard Dawkins declara ser um “cristão cultural”

O professor e escritor ateu lamentou o declínio da influência cultural da fé cristã na Europa.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quarta-feira, 3 de abril de 2024 às 14:14
Richard Dawkins em entrevista à apresentadora da LBC, Rachel Johnson. (Captura de tela/YouTube/LBC)
Richard Dawkins em entrevista à apresentadora da LBC, Rachel Johnson. (Captura de tela/YouTube/LBC)

Durante uma entrevista no Domingo de Páscoa, o biólogo e escritor ateu Richard Dawkins se autodescreveu como um "cristão cultural" e lamentou o declínio da influência cultural da fé na Europa, embora ainda tenha ridicularizado os seus princípios fundamentais como “absurdos”.

Em uma conversa com a jornalista britânica Rachel Johnson, Dawkins observou que o Reino Unido é "fundamentalmente um país cristão" e ainda valoriza pessoalmente o ethos cristão, embora não acredite na religião da qual ele se originou.

"Eu me considero um cristão cultural," disse o biólogo evolucionista e autor do livro "Deus, um Delírio”.

E continuou: "Eu não sou um crente, mas há uma distinção entre ser um cristão crente e ser um cristão cultural. E assim, eu amo hinos e canções de Natal, e meio que me sinto em casa no ethos cristão. Sinto que somos um país cristão nesse sentido."

Apesar de se dizer “feliz” com a queda acentuada no número de cristãos praticantes no Reino Unido, Dawkins também reconheceu que o Islã parece estar ganhando força na Europa à medida que o Cristianismo diminui.

Ele notou que ficou "um pouco horrorizado" ao ver as luzes do Ramadã enfeitarem a Oxford Street, em Londres, durante a Páscoa.

"Se eu tivesse que escolher entre o Cristianismo e o Islã, escolheria o Cristianismo todas as vezes," disse ele. "Quero dizer, parece para mim ser uma religião fundamentalmente decente de uma maneira que, eu acho, o Islã não é."

Dawkins argumentou que o Islã é menos compatível com os valores britânicos do que o Cristianismo, especialmente no que se refere ao tratamento dado às mulheres e aos homossexuais.

"Não estou falando sobre muçulmanos individuais, que, é claro, são bastante diferentes", disse Dawkins. "Mas as doutrinas do Islã – o Hadith e o Alcorão – são fundamentalmente hostis às mulheres, hostis aos gays. E eu acho que gosto de viver em um país culturalmente cristão, embora não acredite em uma única palavra da fé cristã."

Impactos na monarquia

A apresentadora Rachel, irmã do ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson, admitiu que sua própria fé cristã "aumenta e diminui", mas questionou Dawkins sobre suas previsões em relação aos impactos que um Islã culturalmente dominante poderia ter nas instituições inglesas fundamentais, como a monarquia.

Dawkins disse: "Acho que seria terrível. E na medida em que o Cristianismo pode ser visto como uma muralha contra o Islã, acho que é uma coisa muito boa. Na África, por exemplo, onde você tem missionários de ambas as religiões atuando, estou no 'Time dos Cristãos', no que diz respeito a isso."

No entanto, Dawkins rejeitou as afirmações fundamentais do Cristianismo, como o Nascimento Virginal e a Ressurreição, destacando sua crença de que tais declarações sobrenaturais são "absurdas", embora reconhecesse sua importância "do ponto de vista cultural".

Pesquisa

Uma pesquisa realizada em 2022 com mais de 3.000 adultos do Reino Unido, encomendada por cinco organizações cristãs, descobriu que apenas 6% se identificam como "cristãos praticantes", enquanto 42% se identificam como "cristãos não praticantes".

De acordo com dados divulgados pelo Gabinete de Estatísticas Nacionais do Reino Unido em 2022, o cristianismo está declinando rapidamente no país, com menos de metade da população se identificando como cristã desde o primeiro censo realizado em 1801.

Os dados mostraram que apenas 46,2% – ou 27,5 milhões dos mais de 67 milhões de habitantes do país – afirmaram ser cristãos. No censo de 2011, 59,3% da população – ou 33,3 milhões de pessoas - se autodeclaravam cristãs.

Por outro lado, o Islã cresceu no Reino Unido, aumentando de 2,7 milhões em 2011 para 3,9 milhões em 2021.

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