A ativista e escritora dos direitos das mulheres, Ayaan Hirsi Ali, manifestou arrependimento por suas críticas anteriores ao cristianismo durante a conferência inaugural dos Diálogos Dissidentes em Nova York no último fim de semana.
Ali, uma figura proeminente no movimento do Novo Ateísmo, reconheceu publicamente suas declarações anteriores de que todas as religiões, incluindo o cristianismo, eram igualmente prejudiciais.
Em um debate animado com o biólogo evolucionista Richard Dawkins no sábado (04), Ali detalhou sua transformação, revelando que sua crença anterior de que todas as religiões eram igualmente prejudiciais estava equivocada.
"Lamento ter feito isso", confessou ela a Freddie Sayers, editor-chefe do UnHerd e moderador do evento.
Ali reconheceu as consequências não intencionais de sua posição, que incluíam promover o ceticismo em detrimento da fé, sem apresentar uma alternativa moral viável, deixando assim um vácuo no quadro cultural e moral que agora acredita que o cristianismo preenche de forma benéfica.
“O que você valoriza no cristianismo é algo que é absolutamente necessário transmitir à próxima geração”, disse ela. “E falhamos com a próxima geração ao tirar deles essa estrutura moral e dizer-lhes que é um disparate e uma falsidade. Também não os protegemos das forças externas que atingem os seus corações, mentes e almas.”
Ela explicou: “Você está vindo de um lugar onde 'não há nada'. E o que aconteceu comigo é que acho que aceitei que existe algo. E quando você aceita que existe algo, existe uma entidade poderosa – para mim, (esse é) o Deus que me transformou.”
Ali acrescentou: "Como você, eu zombei da fé, em geral, e provavelmente do cristianismo em particular, mas não faço mais isso. ... Fiquei de joelhos para dizer que as pessoas que sempre tiveram fé têm algo que nós que perdemos a fé não temos.”
Muita sabedoria
Ali revelou que conheceu uma mulher que lhe disse: "Você tentou de tudo e perdeu a esperança, perdeu a fé. Experimente... ore." Ali acrescentou que há muita sabedoria no que lhe foi dito.
Hannah Long, editora da HarperCollins, escreveu no X: "... Ontem à noite ela revelou o que aconteceu: um despertar espiritual após uma depressão suicida. Dawkins investigou, destacando 'bobagens que o vigário diz' e criticando o cristianismo por estar 'obcecado pelo pecado'".
Ali respondeu: "Acho que o que o vigário está dizendo não parece mais absurdo. Faz muito sentido... Acho que o cristianismo é realmente obcecado pelo amor."
Saída do ateísmo
A conversão de Ali do ateísmo para uma identidade cristã declarada não tem sido livre de controvérsias, especialmente entre seus antigos colegas na comunidade do Novo Ateísmo, que ganhou destaque no início dos anos 2000 por sua postura crítica em relação à religião.
Ayaan Hirsi Ali. (Foto: Wikipedia/Creative Commons)
Seu anúncio no ano passado, também no UnHerd, enfatizou o papel do cristianismo na preservação da civilização ocidental, uma perspectiva que inicialmente encontrou ceticismo por parte de Dawkins.
Ele desafiou sua fé recém-adquirida, questionando a sinceridade de sua crença na doutrina cristã.
"Sério, Ayaan? Você, cristã? Você não é mais cristã do que eu", respondeu Dawkins em uma carta aberta, expressando dúvidas sobre sua aceitação das crenças cristãs fundamentais, como a Ressurreição de Jesus.
‘Você é cristã’
No entanto, o diálogo do sábado revelou uma suavização da postura de Dawkins. Confrontado com o testemunho pessoal de Ali sobre sua fé, Dawkins admitiu:
"Vim aqui preparado para tentar persuadi-la, Ayaan, de que você não é cristã", disse ele. "Agora, acho que você é cristã e acho que o cristianismo é um absurdo."
A conversa também abordou as implicações mais amplas da crença religiosa na sociedade. Tanto Ali quanto Dawkins concordaram sobre os aspectos problemáticos do Islã, que Dawkins descreveu como uma "religião desagradável".
Dawkins, que recentemente afirmou se identificar como um cristão cultural apesar de suas críticas ao Cristianismo, discutiu o potencial de usar as crenças cristãs como um "vírus mais suave" para neutralizar as ideologias mais prejudiciais presentes em outros movimentos religiosos.
A apresentadora Sayers, que compartilhou os destaques do debate na plataforma de mídia social X, resumiu o evento como uma "experiência emocionante de moderar".
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