Filhas oram todos os dias em janela de hospital por mãe intubada com Covid-19, no RN

Ana Carolina e Ana Cláudia oram todos os dias na janela do hospital onde sua mãe está internada há 20 dias.

Fonte: Guiame, com informações do G1Atualizado: quinta-feira, 20 de maio de 2021 às 12:57
Filhas oram do lado de fora da janela do hospital no RN pela mãe. (Foto: Arquivo pessoal)
Filhas oram do lado de fora da janela do hospital no RN pela mãe. (Foto: Arquivo pessoal)

Pela janela do quarto de um hospital em Santo Antônio, no interior do Rio Grande do Norte, duas irmãs oram pela vida da mãe, ela está intubada na UTI com Covid-19.

Há 20 dias, essa tem sido a rotina de Ana Carolina de Souza e Ana Cláudia de Souza, desde que sua mãe, Maiza Vieira de Souza, de 61 anos, foi internada no Hospital Regional Lindolfo Gomes Vidal.

“Todos os dias rezamos. Chegamos aqui às vezes 17h, 18h, 19h e saímos às 20h, 22h, 24h. Tudo depende da forma com que a gente sente a necessidade e o quanto o nosso coração fica calmo, tranquilo, ou quanto a gente acha que ela precisa mais da nossa presença. E, graças a Deus, até aqui nós temos sido abençoadas grandemente”, disse ao G1 a filha Ana Carolina.

Maiza precisou ser internada no fim de abril e, com o quadro agravado, precisou ser intubada dias depois. Durante todo esse tempo, do primeiro dia até esta quarta-feira (19), suas filhas tem orado diariamente pela janela de seu quarto no hospital.

Nenhuma das filhas de Maiza moram atualmente no Rio Grande do Norte — uma vive em Lisboa, Portugal, e a outra em São Paulo. Elas decidiram ficar perto da mãe após uma primeira suspeita de contaminação, que não se confirmou. Pouco tempo depois, ela foi diagnosticada com a Covid-19.

A fé de Ana Carolina e Ana Cláudia comoveu a equipe de saúde do hospital, que revela que as orações têm mudado o ambiente de trabalho.

“Como profissional de saúde, principalmente na linha de frente, nas UTIs, a gente vê muita morte, muita coisa que às vezes a fé fica um pouco de lado, a gente fica mais racional. Aí vem uma situação dessa que nos desmonta e faz a gente se sentir humano novamente. Enche o coração de fé e de humanidade”, disse a enfermeira Andréa Oliveira.


Maiza Vieira de Souza, de 61 anos, com uma das filhas. (Foto: Arquivo pessoal)

Para a enfermeira, “a fé delas tem feito a diferença na recuperação da mãe”. “A fé delas aumentou a minha fé, de sempre acreditar. Você vê que o ambiente fica diferente. É uma coisa muito forte, só sabe quem está lá”, disse Andréa.

Impacto no hospital

A rotina de oração das irmãs também serviu para aproximá-las da equipe médica e despertar fé no coração dos profissionais. “Depois de alguns dias, nós começamos a ver o quanto Deus colocou no nosso coração um propósito maior”, afirma Ana Carolina. 

“As enfermeiras vinham chorar pra gente, uma que a sogra tinha tido um infarto, outra que o pai estava doente, e que nós estávamos fortalecendo elas”, continua a irmã. “Elas choram, sentem, estão muito sensíveis por conta dessa situação da Covid-19, de chegar pessoas a todo instante e não ter onde colocar. A nossa fé foi além da minha mãe. Ela contagiou o hospital de tal maneira, que eles acreditam mesmo quando eles veem um paciente crítico”.

A enfermeira Andréa Oliveira diz que as orações das filhas de Maiza têm feito a diferença no hospital. “Nosso dia a dia é pesado. A gente, tem hora que não acredita que a gente conseguiu. E aí vem uma oração, um louvor, uma e tudo faz diferença”.

Andréa já viu muitas orações no hospital, mas nunca a persistência diária como tem acontecido. “Existe muita fé e acontece muita coisa, mas, como elas, foi a primeira vez. Todos os dias, elas ficam lá muito tempo, todo dia todo lá fora fazendo orações. Tem muita fé lá dentro, muitas orações, muitas pessoas que acreditam, mas como as filhas dela ali todos os dias, foi a primeira vez que vi”, diz.

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