Garoto de 5 anos ganha o direito de ser ‘menina’ na escola, em Salvador

A criança, que não teve seu nome de batismo identificado, é a mais jovem do País a conseguir mudar de nome e gênero no sistema de ensino.

Fonte: Guiame, com informações de O Estado de São PauloAtualizado: segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016 às 12:09
Desde o ano passado, o menino passou a ser uma das 32 crianças atendidas pelo Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo. (Foto: Reprodução/Estadão)
Desde o ano passado, o menino passou a ser uma das 32 crianças atendidas pelo Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo. (Foto: Reprodução/Estadão)

Um garoto de 5 anos de idade conseguiu esta semana o direito de ser tratado na escola pelo gênero feminino em Salvador, na Bahia. A criança, que não teve seu nome de batismo identificado, é a mais jovem do País a conseguir mudar de nome e gênero no sistema de ensino.

Segundo a mãe, Patrícia, de 36 anos, desde que tinha um ano e meio, a criança já demonstrava preferência por brinquedos e roupas de meninas. “Nessa época, não demos a menor importância, até por causa da pouca idade”, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

A partir dos dois anos, a mãe relata que o garoto começou a se mostrar incomodado em ser tratado como menino, não queria mais usar roupas masculinas e chegava a chorar quando era chamado por seu nome de batismo.

“Me partia o coração ver sua angústia, querendo explorar o universo feminino e nós não deixávamos, não da forma que ela gostaria. Em casa, sempre usava roupas femininas, sapatos, mas se fosse sair, tinha de tirar tudo e eu via a tristeza nos olhinhos ‘dela’”, disse Patrícia.

Este é o segundo caso em 2016. Em janeiro, um menino de 9 anos de idade conseguiu, por meio de uma determinação da Justiça do Mato Grosso, a mudança de nome e de gênero para o feminino em seus documentos.

“Tratamento”

Desde o ano passado, o menino passou a ser uma das 32 crianças atendidas pelo Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo, que tem uma equipe especializada para trabalhar com crianças e jovens com disforia de gênero.  

Fundado em 2010 pelo psiquiatra Alexandre Saadeh, ainda hoje coordenador do espaço, o ambulatório foi o primeiro no Brasil a receber crianças nessas condições. Além das 32 crianças, o ambulatório atende ainda 80 adolescentes.

Saadeh explicou que o objetivo do ambulatório não é oferecer tratamento, mas acompanhar o desenvolvimento da criança e orientar as famílias. “Pelos pais que chegam aqui, vemos que o preconceito diminuiu bastante nos últimos anos. Mas muitos ainda chegam se sentindo culpados, nosso papel é mostrar que não está nas mãos da família decidir isso. É o que a criança é.”

O serviço também adotou desde 2013 o bloqueio da puberdade através de medicamentos. Eles minimizam a produção de hormônios masculinos e incentivam o desenvolvimento de femininos, estimulando, por exemplo, o nascimento de seios.

As mentiras da ideologia de gênero

A ideologia de gênero nada mais é do que dar a um homem ou uma mulher o direito de escolher a que sexo gostaria de “adotar”. Isso significa que a regra não é mais biológica, mas ideológica — não querem mais que a natureza determine os ditames.

“Não é honesto que, para fazer caber teorias, ideologias dos adultos, crianças sejam usadas como cobaias”, afirma Marisa Lobo, psicóloga especializada em Direitos Humanos e ativista social pró-família.

“Estamos esquecendo que nossas crianças têm o direito de serem crianças, de serem respeitadas e protegidas em sua integridade, suas crenças, seus sistemas familiares de valores, que incluem suas tradições familiares, valores morais, éticos, religiosos, repassados pela sua família de geração em geração”, complementa a profissional.

A psicóloga lembra que a infância é um período onde há um grande desenvolvimento físico, motor e psicológico da criança. “As relações de afeto são geradas na infância, como boa parte de sua concepção de vida. Como profissionais de saúde mental, temos que ser honestos e esclarecer que tais crianças ainda não têm maturidade psicológica suficiente para serem consideradas adolescentes, ou adultas, portando a educação deve ser diferenciada e protetiva”.

Falando contra a proposta da inclusão da ideologia de gênero nas escolas, que integra os Planos Municipais de Educação (PMEs) em todo o País, o Secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Roberto de Lucena, afirma que é absurdo invadir o direito dos pais de educar seus próprios filhos com relação a temas como sexualidade.

“Creio que não vamos encontrar conceito mais claro e atual sobre este assunto que os próprios ensinamentos bíblicos. O desenvolvimento da própria humanidade depende da união física entre homem e mulher. Faz-se claro que este 'conceito' instalado pela 'ideologia de gênero' é fruto de uma constante insatisfação humana, que se baseia em valores efêmeros, sem qualquer base sólida”, afirma o parlamentar.

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