O Irã negou perseguir sistematicamente os cristãos e chamou as igrejas domésticas de “grupos inimigos” em resposta a uma investigação formal da Organização das Nações Unidas.
Em uma carta datada de 11 de novembro, que foi só tornada pública depois que o Irã não respondeu no prazo de 60 dias, especialistas em direito da ONU expressaram preocupação sobre os inúmeros relatos de “contínua perseguição sistemática” de cristãos”, através de “práticas discriminatórias e violações de seus direitos humanos”.
Entre os especialistas que assinam a carta, estão o diplomata Ahmed Shaheed e o professor de direito islâmico Javaid Rehman, relatores especiais das Nações Unidas para os Direitos Humanos no Irã.
Na carta enviada pela ONU, os relatores citam casos de 24 cristãos iranianos presos ou aguardando intimação por causa de sua fé e expressam séria preocupação com a “repressão generalizada e perseguição de pessoas que pertencem à minoria cristã no Irã, e em particular aqueles que se converteram do Islã”.
Em uma carta de resposta emitida em 12 de janeiro, dois dias após o prazo de 10 de janeiro, o Alto Conselho de Direitos Humanos da República Islâmica do Irã nega as acusações e diz que o país promove “todas as liberdades e direitos civis, conforme estipulado na Constituição”.
O Irã ainda alegou que “ninguém é processado por motivos religiosos” no país e explicou que entra com ações legais contra membros de igrejas privadas (igrejas domésticas) apenas em “caso de atividade ilegal para fins anti-segurança do culto cristão sionista”.
O texto ainda trata dos casos de iranianos que estão atualmente presos ou aguardando intimação como membros de “grupos inimigos”, explicando que são parte do cristianismo evangélico.
A carta do Irã também afirma que os 24 indivíduos mencionados estavam “se comunicando com o sionismo evangélico” sob o pretexto de promover o cristianismo, “por meio de cultos e reuniões ilegais e secretas para enganar os cidadãos e explorar as pessoas enganadas, especialmente as crianças”.
O Irã também nega a prisão arbitrária e tortura de cristãos, alegando também que nenhuma casa ou reuninão religiosa foi invadida. “O que aconteceu foi uma fiscalização limitada, instruída pelas autoridades judiciárias, no pleno respeito dos limites religiosos e legais, para efeitos de recolha de informações e instrumentos de infração”.
Segundo os relatores da ONU, se os fatos alegados na carta forem confirmados, “eles constituirão graves violações do Direito Internacional dos direitos humanos”, incluindo o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, do qual o Irã é parte”.