Para a maioria dos brasileiros, as mulheres infectadas pelo vírus da zika não devem abortar, mesmo nos casos de confirmação de microcefalia no bebê.
Segundo pesquisa desenvolvida pelo Datafolha, 58% da população avalia que as grávidas que tiveram zika não devem interromper a gravidez, contra 32% que defendem o aborto e 10% que não opinam.
A rejeição à possibilidade de aborto permanece pela maioria inclusive nos casos em que a microcefalia já foi comprovada durante a gestação. Nesse caso, 51% se declaram contra a interrupção da gravidez, contra 39% que são a favor.
A desaprovação ao aborto é maior entre as mulheres do que entre os homens. O Datafolha aponta que 61% das mulheres discordam da interrupção da gravidez para gestantes que tiveram zika, contra 53% dos homens. 56% delas permanecem com a rejeição mesmo se a microcefalia já estiver confirmada, contra 46% dos homens.
Entre as mulheres que disseram ter planejado uma gravidez nos últimos meses, que foram apenas 9%, quase metade afirmou ter desistido do plano.
A pesquisa Datafolha, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro de 2015, em 171 municípios do país, onde foram aplicadas 2.768 entrevistas.
O surto de zika e microcefalia reacendeu a discussão do aborto legal, previsto no Brasil apenas em situações que colocam a mãe em risco, em casos de estupro e anencefalia (falta de cérebro).
O vírus da zika em mulheres grávidas tem sido associado ao aumento de casos de má-formação no cérebro de recém-nascidos, e levou a OMS (Organização Mundial da Saúde) a decretar emergência mundial.
No Brasil, epicentro da doença, já foram confirmados 583 casos de microcefalia desde outubro, mais de 90% deles no Nordeste.