Não existe 'gene gay', conclui amplo estudo genético internacional

O estudo foi noticiado pela revista Science News e tem se tornado uma relevante argumentação no debate sobre explicações científicas para a homossexualidade.

Fonte: Guiame, com informações da Science NewsAtualizado: sexta-feira, 30 de agosto de 2019 às 14:16
Militantes LGBT participam de manifestação. (Foto: Getty Immages)
Militantes LGBT participam de manifestação. (Foto: Getty Immages)

A publicação do maior estudo de todos os tempos sobre os papéis dos genes no comportamento homossexual está se tornando uma relevante argumentação no debate sobre se ser gay é devido a genes ou se é uma questão de comportamento.

Relatado pela primeira vez em uma conferência de genética em 2018, o estudo que reuniu cientistas dos EUA e Reino Unido encontrou cinco variantes genéticas associadas a ter um parceiro sexual do mesmo sexo (SN: 20/10/18). Mas essas variantes, chamadas SNPs, não prevêem o comportamento sexual das pessoas, relatam pesquisadores na edição revista Science, publicada nesta sexta-feira, 30 de agosto.

"Não existe um 'gene gay' que determine se alguém tem parceiros do mesmo sexo", diz Andrea Ganna, geneticista do Broad Institute of MIT e Harvard e da Universidade de Helsink.

Estudos familiares sugeriram que a genética é responsável por cerca de 32% da herança do comportamento homossexual. Mas cada SNP, ou polimorfismo de nucleotídeo único, tem um efeito muito pequeno sobre se alguém já teve um parceiro sexual do mesmo sexo, segundo a nova pesquisa.

Levando em consideração todos os SNPs medidos no estudo, incluindo aqueles que não foram estatisticamente associados significativamente ao comportamento homossexual, a pesquisa apontou apenas 8 a 25% da herança do comportamento homossexual. Ao considerar apenas esses cinco SNPs estatisticamente significativos, esse número cai para muito menos de 1%.

Mas essas variantes podem apontar para processos biológicos envolvidos na escolha de parceiros sexuais, dizem os pesquisadores. Por exemplo, uma variante identificada no estudo foi ligada à calvície masculina e outra à capacidade de identificar pelo olfato certos produtos químicos que podem afetar a atração sexual.

"O estudo é um grande passo em frente por causa de seu enorme tamanho", diz J. Michael Bailey, psicólogo da Northwestern University em Evanston, Illinois, que trabalhou em outros projetos de pesquisa sobre genética e orientação sexual, mas não participou deste trabalho especificamente. A ampla pesquisa incluiu mais de 470.000 pessoas, superando a pesquisa anterior.

"Este é o primeiro estudo em que podemos ter certeza de que eles identificaram variantes genéticas associadas a um aspecto do comportamento homossexual", diz Bailey. "Fui coautor de alguns estudos genéticos moleculares anteriores, que eram muito mais tênues. Eu acredito que esses resultados serão replicados".

 

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