Um tribunal da Nicarágua ordenou a permanência do bispo Rolando Álvarez na prisão domiciliar sob a acusação de “conspiração” e “espalhar fake news”. A informação foi divulgada na terça-feira (13) pelo site do governo El 19 Digital.
Segundo a mídia estatal, o bispo católico de Matagalpa foi formalmente acusado desses crimes e de “prejudicar o governo e a sociedade da Nicarágua”. Sua primeira audiência está marcada para 10 de janeiro.
Foi emitido também um mandado de prisão para o padre Uriel Vallejos, que já havia deixado a Nicarágua.
Este é o capítulo mais recente da repressão à igreja pelo presidente Daniel Ortega, que expulsou freiras da ordem religiosa fundada por Madre Teresa de Calcutá, as “Missionárias da Caridade”.
Em março, a Nicarágua expulsou o núncio papal, que atuava como um representante diplomático do Vaticano.
O bispo Álvarez está em prisão domiciliar desde agosto. Ele se tornou uma voz importante nas discussões sobre o futuro da Nicarágua desde 2018, quando se iniciou uma onda de protestos contra o governo de Ortega.
No ano passado, o governo Ortega prendeu dezenas de líderes da oposição, incluindo sete possíveis candidatos à presidência. Eles foram condenados à prisão este ano em julgamentos rápidos e fechados ao público.
Ortega afirmou que os protestos contra seu governo foram realizados com apoio estrangeiro e da Igreja Católica.
Ortega, um ex-guerrilheiro marxista, forjou uma aliança com a Igreja Católica ao tentar reconquistar a presidência em 2007, após um longo período fora do poder.
Mas dias antes das eleições presidenciais em 2021, que resultaram na vitória de Ortega pelo quarto mandato consecutivo, ele acusou os bispos católicos de serem “terroristas”.