De acordo com a CNN, pessoas de todo o mundo estão tendo seus globos oculares escaneados em troca de uma identificação digital e da promessa de criptomoeda gratuita, ignorando preocupações dos defensores da privacidade e dos órgãos reguladores de dados.
Fundado por Sam Altman, presidente-executivo da OpenAI, o projeto Worldcoin afirma que seu objetivo é criar uma nova “rede financeira e de identidade” e que seu sistema de identificação digital permitirá aos usuários, entre outras coisas, provar online que são humanos e não um robô movido por recursos de inteligência artificial, como a usada pelo ChatGPT, da própria empresa de Altman.
A realidade, porém, levou os cristãos a associarem a iniciativa com as profecias bíblicas sobre o fim dos tempos, em especial Apocalipse 13 que fala da besta que sobe do mar ou o Anticristo que “fará guerra contra os santos e terá autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação”.
A profecia também fala que “todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos” receberão uma marca na mão direita ou na testa para poder comprar ou vender. Para isso, porém, deverá haver um sistema bem organizado.
“Você deve se preparar para o que está por vir”
Para o pastor Lamartine Posella, o sistema do Anticristo já vem sendo formado há muito tempo. Em suas redes sociais, ele comentou sobre o projeto da Worldcoin (moeda mundial): “O controle mundial sobre todas as pessoas está próximo”.
“A iniciativa causou questionamento nas populações mas, no Quênia, mais de 300 mil pessoas deram permissão e estão na fila para terem seus olhos escaneados”, escreveu num post do Instagram.
Para o pastor, essa será uma ferramenta para o governo mundial do Anticristo. “Estamos chegando no final dos tempos e você deve se preparar para o que está por vir”, continuou.
‘Mais de 2 milhões de pessoas em 120 países já foram escaneadas’
Quando a Worldcoin lançou seu projeto, em 24 de agosto, contou com exames de globos oculares realizados em países como Reino Unido, Japão e Índia.
Em uma conferência do setor de criptomoedas em Tóquio, conforme a CNN, pessoas fizeram fila em frente a um globo prateado reluzente, ladeado por cartazes que diziam: “Os orbes estão aqui.”
Os candidatos esperavam para terem suas íris escaneadas pelo dispositivo do projeto de Altman em troca por 25 tokens Worldcoin gratuitos para cada (US$ 1,88 ou R$ 9,23 em conversão direta, ou seja, o procedimento renderia cerca de R$ 230)
O projeto afirma ter emitido identidades para mais de 2 milhões de pessoas em 120 países, principalmente durante um período de teste nos últimos dois anos.
Como funciona o escaneamento
Conforme notícias do Canaltech, a empresa usa um dispositivo chamado Orb, parecido com uma bola de boliche repleta de câmeras e sensores, para escanear a íris de cada pessoa.
O cadastro dura poucos minutos, enquanto o dispositivo usa modelos de aprendizado de máquina para identificar todas as propriedades da região do olho.
Em seguida, a máquina cria um código numérico único, associado àquele indivíduo, e essa sequência representa o World ID.
A escolha pela íris ocorre porque é uma informação biométrica muito segura e detalhada — dessa forma, facilita a identificação e a checagem com mais eficiência do que a impressão digital.
O cadastro é presencial, feito em estandes separados pela empresa em shoppings e outras localizações movimentadas. A Worldcoin já realizou escaneamentos também no Brasil, com ativações na cidade de São Paulo.