Pesquisa revela que 29% dos que apostam em bets são evangélicos

Segundo uma pesquisa do PoderData, os evangélicos são os mais endividados devido às apostas online.

Fonte: Guiame, com informações do Poder360 Atualizado: segunda-feira, 21 de outubro de 2024 às 13:08
Evangélicos e jogos online. (Foto: Joedson Alves/Agência Brasil)
Evangélicos e jogos online. (Foto: Joedson Alves/Agência Brasil)

A pesquisa PoderData, realizada entre 12 e 14 de outubro de 2024, revela que os evangélicos têm uma propensão maior a apostar online em comparação com os católicos.

De acordo com o estudo, 29% dos evangélicos afirmam já ter participado de apostas em sites de jogos, enquanto esse percentual é de 22% entre os católicos.

O crescimento das apostas em "bets", como são conhecidas essas operadoras, tem preocupado não apenas as autoridades do país, mas também o segmento evangélico, especialmente em relação ao vício promovido por essa modalidade de jogo.

Para discutir o tema, o Guiame entrevistou recentemente o psicólogo, teólogo e mestre em ciências da religião Eliézer Caroliv, que destacou aspectos preocupantes sobre a conduta dos cristãos em relação às apostas online [Leia entrevista completa aqui].

‘Algo nebuloso’

Fundador e líder da “Confraria Escuta & Reflexão”, cujo objetivo é promover saúde mental no meio cristão, Caroliv diz que quando falamos das plataformas de apostas esportivas online, estamos diante de algo nebuloso.

“Essas apostas online carregam um enorme potencial de causar desestabilidade tanto no âmbito da economia brasileira, como no emocional dos envolvidos, onde uma teia de aranha se forma na mente, trazendo prejuízos existenciais a médio e longo prazo”, afirmou.

Caroliv compartilhou que diversas pessoas que se envolveram com as bets alegam que começaram com um joguinho simples, esporádico, e quando deram conta, estavam afundados em dívidas e sem saber como chegaram a esse ponto crítico.

E alertou pais e pastores a falaram mais abertamente sobre a questão preocupante:

“O pastor ou líder religioso precisa estar antenado às questões sociais mais relevantes e que trazem impacto a seus membros e comunidade de fé. ... Esse tema deve ser pauta da educação cristã de qualquer denominação que preze pela saúde mental e espiritual de seus seguidores.”

Já para os pais, Caroliv disse:

“Entenda, seu filho não pedirá para jogar numa bet, mas a porta de entrada poderá ser um campeonato de games, por exemplo, e você só saberá disso estando próximo, buscando compreender o universo da criança. Acredito que a força maior que arrasta um filho é o exemplo dos pais, se houver diálogo e consenso, os resultados serão positivos.”

Dados surpreendentes

Os dados que revelam evangélicos como mais apostadores em bets é surpreendente, uma vez que todas as denominações condenam a prática de jogos de azar. Por outro lado, entre os católicos, a restrição em relação a essa atividade é um pouco mais aceitável.

O PoderData também questionou, apenas aos entrevistados que relataram ter feito algum tipo de aposta online, se já haviam contraído dívidas em decorrência dos jogos.

Os resultados mostram que o endividamento entre os evangélicos é quase o dobro do observado entre os católicos: 21% dos evangélicos afirmaram ter se endividado, em comparação com 12% dos católicos.

Os dados foram coletados entre 12 e 14 de outubro de 2024, por meio de ligações para celulares e telefones fixos, totalizando 2.500 entrevistas em 181 municípios de todas as 27 unidades da Federação. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, com um intervalo de confiança de 95%.

Para atingir um total de 2.500 entrevistas que reflitam proporcionalmente os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData realiza dezenas de milhares de telefonemas.

Muitas vezes, são mais de 100 mil ligações até que os entrevistados que representam fielmente a população sejam encontrados, diz o Poder360.

Metodologia  

As entrevistas foram realizadas por telefone, tanto para linhas fixas quanto para celulares, utilizando um sistema de URA (Unidade de Resposta Audível).

Nesse sistema, o entrevistado escuta perguntas gravadas e responde por meio do teclado do aparelho. O intervalo de confiança do estudo é de 95%.

Para facilitar a leitura, os resultados da pesquisa foram arredondados. Devido a esse processo, o somatório de alguns resultados pode não totalizar 100.

Além disso, diferenças entre as frequências totais e os percentuais em tabelas de cruzamento de variáveis podem ocorrer devido a respostas não fornecidas.

Segundo o PoderData, pertencente ao grupo Poder360 Jornalismo, a pesquisa mencionada neste texto foi realizada utilizando recursos próprios.

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