Tragédia: Incêndio em casamento cristão no Iraque deixa mais de 100 mortos

A maioria dos convidados do casamento no salão de recepção em Hamdaniya pertence à minoria cristã de Nínive.

Fonte: Guiame, com informações da Fox News e Al JazeeraAtualizado: quinta-feira, 28 de setembro de 2023 às 13:40
Incêndio em casamento no Iraque deixa mais de 100 mortos. Captura de tela/YouTube/Al Jazeera)
Incêndio em casamento no Iraque deixa mais de 100 mortos. Captura de tela/YouTube/Al Jazeera)

Um incêndio devastador, possivelmente causado por fogos de artifício durante uma celebração de um casamento cristão em Nínive, no norte do Iraque, resultou na tragédia com mais de 100 vítimas fatais e 150 feridos graves.

As autoridades emitiram um alerta nesta quarta-feira (28), indicando que o número de óbitos poderia crescer ainda mais.

Segundo ainda as autoridades, os materiais de construção inflamáveis foram responsáveis pela tragédia que afetou a já minúscula comunidade cristã no Iraque.

O incêndio aconteceu na região de Hamdaniya, situada na província de Nínive, conforme informado pelas autoridades. Esta é uma área em sua maioria habitada por cristãos, nos arredores da cidade de Mosul, localizada a aproximadamente 320 quilômetros a noroeste de Bagdá.

“O incêndio levou ao desabamento de partes do pavilhão devido ao uso de materiais de construção altamente inflamáveis ​​e de baixo custo, que desabaram em poucos minutos quando o incêndio começou”, disse a Defesa Civil.

Imagens chocantes

O canal de notícias curdo Rudaw veiculou imagens chocantes, que mostravam fogos de artifício lançando chamas do chão do evento e incendiando um lustre.

Um vídeo capturou o momento de pânico, no qual aproximadamente 250 convidados corriam desesperadamente em direção às saídas do salão, enquanto decorações em chamas e pedaços do teto caíam sobre eles.

‘Tristeza profunda’

Diversas testemunhas, entre elas Faten Youssef, uma participante de 50 anos no casamento, relataram que o incêndio teve início durante a dança dos noivos. Segundo os relatos, as chamas se espalharam pelas decorações de plástico e o teto começou a desabar.

“As chamas começaram a cair sobre nós”, disse Youssef à Associated Press. "As coisas estavam caindo e bloqueando o caminho para a saída."

Ela disse que sua família conseguiu escapar através da cozinha, embora tenham enfrentado dificuldades para lidar com a fumaça e as chamas. Infelizmente, seu filho teve problemas ao tentar abrir uma porta de saída que estava emperrada.

Incêndio mata mais de 100 pessoas em casamento. (Captura de tela/YouTube/Insider News)

Os sobreviventes foram transportados para os hospitais locais, onde receberam cuidados médicos, incluindo oxigênio, enquanto suas famílias aguardavam ansiosamente nos corredores e nas áreas externas.

Alguns dos queimados incluíam crianças. Sirenes de ambulância soaram por horas após o incêndio enquanto os paramédicos traziam os feridos.

Funerais

Vários corpos foram sepultados na tarde de quarta-feira, menos de 24 horas após o incêndio. Outros funerais estão sendo realizados nesta quinta-feira, com centenas de pessoas reunidas na Igreja Siríaca Católica da Imaculada Conceição, de Hamdaniya, onde prestam suas últimas homenagens aos mortos.

A multidão de enlutados, muitos deles vestidos de preto, exibia um semblante atordoado enquanto parentes choravam e amigos carregavam os caixões das vítimas. Alguns permaneceram em silêncio junto às fotos colocadas nos túmulos de seus entes queridos.

Funeral das vítimas do incêndio em casamento. (Captura de tela/YouTube/Al Jazeera)

“A tristeza prevaleceu na cidade. É como se houvesse um toque de recolher imposto”, disse Faten Youssef, enquanto foi aos funerais na quarta-feira. “A cidade passou de felicidade para tristeza e luto profundo.”

Espera-se que ocorram mais funerais nos próximos dias, à medida que os investigadores prosseguem com a identificação das vítimas, algumas das quais sofreram queimaduras tão graves que se tornaram irreconhecíveis.

Declarações oficiais

Uma declaração inicial do Ministério da Saúde, divulgada pela Agência de Notícias Estatal do Iraque, relatou que o incêndio resultou em mais de 100 mortes e 150 feridos.

As autoridades de saúde da província de Nínive estimaram o número de óbitos em 114, enquanto o Ministro do Interior iraquiano, Abdul Amir al-Shammari, posteriormente indicou que o número de mortos era de 93.

Um funcionário do Ministério da Saúde, que falou com a AP ao meio-dia de quarta-feira sob condição de anonimato devido à falta de autorização para falar com a imprensa, informou que 30 corpos foram reconhecidos por seus familiares. No entanto, os demais estão em estado tão grave de queimadura que será necessária a identificação por meio de análise de DNA.

Ele calculou o número de mortos em 94, com aproximadamente 100 pessoas ainda sob cuidados médicos. Ele afirmou que "é esperado que o número de mortos aumente, pois alguns estão em estado crítico".

Incêndio destrói salão de festas e mata 100 pessoas em casamento. (Captura de tela/YouTube/Insider News)

Ahmed Dubardani, um funcionário de saúde da província, informou à Rudaw que muitos dos feridos sofreram queimaduras graves.

“A maioria deles ficou completamente queimada e alguns outros tiveram 50 a 60% dos seus corpos queimados”, disse Dubardani.

O padre Rudi Saffar Khoury, que estava presente no casamento, comentou: "Foi um desastre em todos os sentidos da palavra."

Minoria cristã

Segundo a Fox New, o número de cristãos no Iraque hoje é estimado em 150 mil, comparado com 1,5 milhões em 2003. A população total do Iraque é de mais de 40 milhões.

Nas últimas duas décadas, a minoria cristã do Iraque tem enfrentado violentos ataques de extremistas, inicialmente da Al-Qaeda e posteriormente do grupo militante Estado Islâmico.

Embora as Planícies de Nínive, sua terra natal histórica, tenham sido liberadas do Estado Islâmico há seis anos, várias cidades ainda estão amplamente destruídas e enfrentam carências de serviços básicos, e muitos cristãos foram embora para a Europa, Austrália ou Estados Unidos.

Socorro às vítimas

O primeiro-ministro Mohammed Shia al-Sudani emitiu uma ordem para que fosse conduzida uma investigação sobre o incêndio e solicitou às autoridades dos setores de Interior e Saúde do país que prestassem assistência, afirmou o seu gabinete num comunicado online.

Masrour Barzani, o primeiro-ministro da região curda, ordenou que os hospitais locais prestassem assistência aos feridos no incêndio.

Vista aérea do salão do incêndio. (Captura de tela/YouTube/Al Jazeera)

A missão das Nações Unidas no Iraque expressou suas condolências em relação ao incêndio, descrevendo seu pessoal como "chocado e ferido pela enorme perda de vidas e feridos" no incêndio.

O porta-voz do Ministério do Interior, Saad Maan, divulgou que o relatório forense preliminar apontou para a "ausência de medidas de segurança" nas instalações. Além disso, as forças de segurança iraquianas detiveram nove trabalhadores presentes no local como parte das investigações, conforme informado por Abdullah Al-Jabouri, um oficial de segurança que lidera o Comando de Operações de Nínive.

Um dos proprietários do local, Choony Naboo, não quis comentar quando contactado pela AP.

Autoridades da defesa civil, citadas pela Agência de Notícias Iraquiana, descreveram o exterior do salão de casamento como sendo decorado com um tipo de revestimento conhecido como "painel sanduíche", altamente inflamável, que é ilegal no país.

“O incêndio levou ao desabamento de partes do pavilhão devido ao uso de materiais de construção altamente inflamáveis ​​e de baixo custo, que desabaram em poucos minutos quando o incêndio começou”, disse a Defesa Civil.

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