Universidade dos EUA tem nova política que restringirá exibições LGBT

A nova política da Seattle Pacific University pode “restringir a expressão” que seja “incompatível com a missão e o funcionamento da Universidade”.

Fonte: Guiame, com informações do Religion News ServiceAtualizado: terça-feira, 3 de outubro de 2023 às 15:36
Prédio da Seattle Pacific University, no estado de Washington. (Foto: Wikimedia Commons)
Prédio da Seattle Pacific University, no estado de Washington. (Foto: Wikimedia Commons)

Duas universidades nos Estados Unidos: a Pacific Lutheran University (PLU) e a Seattle Pacific University (SPU), ambas localizadas no estado de Washington, estão em um embate em relação as suas políticas internas sobre a agenda LGBT.

Tudo começou quando a PLU, descrita como uma universidade cristã que se destaca por sua 'inclusividade e apoio à comunidade LGBT', exibiu um outdoor que alguns interpretam como uma crítica direta à SPU e suas políticas em relação à mesma comunidade.

Nos últimos três anos, a SPU, que tem associações com a Igreja Metodista Livre, enfrentou ações legais, manifestações estudantis e protestos de formatura com a bandeira do arco-íris. Isso ocorreu em resposta à proibição imposta pelo conselho universitário da SPU quanto a atividades sexuais entre funcionários do mesmo sexo.

Agora, uma nova política de exibição para professores e funcionários da SPU diz que a universidade pode “restringir a expressão” que seja “incompatível com a missão e o funcionamento da Universidade”, incluindo exibições de banners e outros materiais fixados em janelas e exteriores de edifícios.

Também dá à universidade o direito de remover as exibições que violem a política sem aviso prévio.

Vitrines LGBT

De acordo com estudantes e professores que se opõem à nova política da SPU, esta tem como foco os símbolos e decorações em apoio à comunidade LGBTQ+ colocadas em muitas vitrines de professores e outras partes do campus nos últimos três anos.

“Isso, para mim, foi mais um prego no caixão para apagar completamente a identidade queer no campus”, disse Christopher Hanson, diretor de educação musical e o único membro abertamente queer do corpo docente da SPU, ao Religion News Service.

Hanson, que tem a porta do escritório “cheia” de “propaganda” LGBTQ, descreveu-se como o “tipo certo de queer, entre aspas” para aprovar as políticas do conselho, porque é bissexual e casado com uma mulher.

Valores da Igreja

Bill Purcell, professor de comunicação na SPU, interpreta a nova política como parte de um padrão mais amplo observado em igrejas conservadoras, onde se estabelecem limites em questões teológicas e sociais.

Ele afirmou que é provável que os administradores tenham adotado essa política como uma maneira de alinhar a universidade com o que eles consideram ser os valores da Igreja Metodista Livre.

“Não creio que eles pretendam necessariamente fazê-lo de forma punitiva”, disse Purcell.

Material retirado

A política foi divulgada em julho através de um e-mail enviado aos funcionários e professores por Kim Sawers, vice-presidente de negócios e finanças da universidade.

O e-mail especificava que nenhum material seria retirado enquanto os professores estivessem fora do campus durante o verão. Segundo a RSN, até a quinta-feira, 28 de setembro, nenhum dos professores, funcionários ou alunos contatados estava ciente da remoção das exibições.

Sawers afirmou à RNS: "Ninguém está simplesmente removendo coisas de forma arbitrária. As políticas têm como objetivo fornecer diretrizes e promover um entendimento consistente e compartilhado. Não estamos enviando agentes para fiscalizar exposições. Não é esse o propósito".

Durante a conversa com a RNS, Sawers esclareceu que a política proíbe a exibição de bandeiras do orgulho em janelas externas e em áreas comuns, como corredores ou quadros de avisos, mas permite que professores e funcionários exibam símbolos e materiais de sua escolha em seus próprios escritórios.

Sawers disse também que “esta política está em linha com o que outras instituições têm adotado.”

Ela informou à RNS que os supervisores são encarregados de garantir o cumprimento da política e enfatizou que as respostas às violações devem começar com conversas sobre como os funcionários podem expressar as suas opiniões dentro dos limites da política.

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