“É muita alegria ver as pessoas chegando à fé”, diz mulher que traduz a Bíblia há 60 anos

Jessie relata que o trabalho é árduo, que há muitos desafios, mas que vale a pena: “As pessoas estão recebendo a palavra de Deus”.

Fonte: Guiame, com informações de Eternity NewsAtualizado: segunda-feira, 6 de março de 2023 às 13:01
Missionária Jessie. (Foto: Reprodução/Eternity News)
Missionária Jessie. (Foto: Reprodução/Eternity News)

A história de Jessie mostra que Deus trabalha dentro das improbabilidades. Quando ela conta sobre sua infância e a forma como conheceu Jesus, ninguém diria que ela se tornaria uma “tradutora da Bíblia” e que dedicaria a vida toda nesse propósito. 

“Um mês depois de eu nascer, minha mãe morreu de pneumonia. Sendo a caçula de seis filhos, meu pai achou muito desafiador cuidar de todos nós, principalmente de uma bebê”, disse. 

“Algumas semanas depois, uma vizinha se ofereceu para cuidar de mim temporariamente e, mais tarde, se ofereceu para ficar comigo permanentemente”, continuou ao ressaltar que “foi  totalmente amada e cuidada”. 

Um acontecimento inesperado

Como a mulher que adotou Jessie era cristã, ela cresceu num ambiente saudável, mas no início da adolescência, teve sua primeira experiência com a dor e a tristeza. 

“Em fevereiro de 1950, quando eu tinha 12 anos, estava sentada no banco da frente do ônibus escolar, olhando para fora, enquanto subíamos para o topo de uma colina. Vi um acidente e muitos carros em volta de uma bicicleta na estrada”, relatou. 

“O ônibus diminuiu a velocidade quando passamos pelo local e pensei comigo mesma: ‘Essa é a bicicleta de Alan, meu irmão mais velho’. Nós éramos muito próximos. Ao meio-dia, meu pai veio à escola e deu a notícia. Alan morreu de ferimentos na cabeça”, contou.

Dor e oportunidade de se aproximar de Deus

“Lembro-me de toda a emoção depois. Estávamos todos de luto. Muito choro. Foi um luto profundo. Mas de alguma forma, ao mesmo tempo, havia conforto. Minha mãe adotiva era cristã e tinha um versículo na parede da sala, Deuteronômio 33.27 —  O Deus eterno é o seu refúgio, e para segurá-lo estão os braços eternos”.

“Foi assim que me senti. Em meio à dor sem fim, tive uma sensação palpável dos braços de Deus ao meu redor, como se ele estivesse chorando comigo, pela perda sem sentido”, afirmou. 

“Não muito depois disso, um pastor começou a nos visitar. Um dia, ele disse que estava pensando em nossa família e que todos deveriam conhecer a força do amor de Deus por nós, já que tínhamos passado pelo trauma de ter meu irmão arrancado da família”, disse. 

‘Tocou meu coração de forma poderosa’

Segundo Jessie, o pastor ressaltou o fato de que Deus entregou livremente seu único Filho, Jesus, para perdoar e restaurar as pessoas: “E ele disse que realmente precisaríamos entender o amor de Deus por nós”.

“Não consigo lembrar o que meu pai respondeu, mas me lembro da conversa como se fosse ontem. Tocou meu coração de uma forma poderosa. Deus livremente entregou seu Filho Jesus por nós. Isso me fez querer conhecer mais e mais desse Deus amoroso e foi transformador”, disse.

O tempo passou e Jessie foi para a faculdade em Wagga Wagga, na Austrália. “Ali entrei para um grupo cristão missionário. No ano seguinte, tive outra experiência de profunda alegria no Senhor, ajoelhei-me ao lado da cama e orei. Eu ansiava por ir aonde Deus me levasse ao mundo. Seria um grande privilégio estar envolvida na missão de Deus”, enfatizou.

‘60 anos traduzindo a Bíblia’

Alguns anos depois, em 1962, Jessie conheceu Warren numa reunião de missões. “Ele também estava orando a Deus e se disponibilizando para ser enviado. Por ter formação em engenharia e matemática, ele sabia que não era um evangelista ou plantador de igrejas, mas tinha as habilidades necessárias para analisar e desenvolver línguas não escritas”, compartilhou. 

Foi então que Warren decidiu que iria fazer um treinamento sobre tradução da Bíblia. “Ele me pediu para ir com ele. Eu disse que iria orar sobre isso. Então ele disse mais claramente: Estou pedindo você em casamento”, lembrou ao contar que aceitou o convite.

Nós nos casamos e, nos 60 anos desde então, trabalhamos na tradução da Bíblia (em idiomas sem escrita) e na alfabetização no Sul da Ásia — primeiro no Nepal, depois na Índia, Paquistão e Cingapura”, citou.

‘Totalmente amados e cuidados’

“Tivemos muita alegria ao ver as traduções concluídas e as pessoas recebendo a palavra de Deus e chegando à fé. Em 2020, voltamos ao Nepal para nos dedicar à uma nova Bíblia na região centro-oeste, 50 anos depois de ter estado lá”, 

“É claro que, muitas vezes, tem sido um trabalho árduo. Há montanhas para escalar, cabanas de barro para viver, abastecimento de água incerto, doenças, mas também temos muita alegria”, reconheceu. 

“Sempre fomos totalmente amados e cuidados. E meu versículo preferido da Bíblia é João 10.10: ‘Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância’. Isso tem sido uma verdade para mim”, concluiu a missionária. 

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