“Faz quase 2 mil anos que esperamos pela tradução da Bíblia”, diz líder de tribo

Uma equipe missionária trabalhou 9 anos para traduzir a Bíblia no idioma Bises e viu tribo se converter.

Fonte: Guiame, com informações de God ReportsAtualizado: quarta-feira, 30 de novembro de 2022 às 17:02
Líder da tribo YembiYembi. (Foto: Captura de tela/YouTube Radius International)
Líder da tribo YembiYembi. (Foto: Captura de tela/YouTube Radius International)

Dançando e agitando ramos e penas, cerca de 100 membros da tribo YembiYembi, em Papua Nova Guiné, receberam cópias da Bíblia em seu próprio idioma. Esse evento histórico aconteceu há 5 anos, mas demorou 9 para se tornar realidade. 

O trabalho de tradução que levou quase uma década foi feito pelo missionário Brooks Buser e sua equipe, que tiveram que aprender a língua e desenvolver um alfabeto, para depois alfabetizar a tribo. 

As Bíblias foram entregues impressas, encadernadas e foram transportadas por um pequeno avião que, ao chegar, foi surpreendido com música, pregação e júbilo, conforme relatou o God Reports. 

“Faz muito tempo, quase 2.000 anos, que nós, a igreja YembiYembi, esperamos por esta tradução da Bíblia em nosso próprio idioma”, disse o líder da tribo num vídeo da Radius International.

Sobre a tribo YembiYembi

Os YembiYembi vivem no pântano de Lower-Sepik, na remota Papua Nova Guiné. Com cerca de 5 mil membros, a tribo com apenas três aldeias é tão pequena que nem está na Wikipédia. 

Para chegar até lá, é preciso ir de avião ou remando rio acima. A língua deles se chama “Bises” e, conforme o God Reports, pelo vídeo parece que a maioria da tribo é cristã, exceto uma minoria que permanece em oposição ao abandono dos costumes dos anciãos.


Missionário Brooks Buser. (Foto: Captura de tela/YouTube Radius International)

“A Bíblia irá guiá-lo”

“A Bíblia é importante, mas o mais importante é o que você faz com ela como igreja, o corpo de Cristo. A Bíblia está aqui para ajudar os crentes a crescer. Eu posso ir visitá-lo, mas esta Bíblia irá guiá-lo”, pregou Brooks, de 37 anos, no idioma Bises, que o vídeo traduz para o inglês por meio de legendas. 

Brooks é americano e conta que cresceu numa família de missionários, passando sua infância em Papua Nova Guiné: “As sementes das missões foram plantadas em minha mente”. 

Ele se formou em contabilidade, se casou com Nina e o casal tentou seguir em frente com o “sonho americano”, mas durante uma viagem à Papua Nova Guiné, o jovem casal foi tocado. 

‘Deixamos o sonho americano para sermos missionários’

“Ela pôde ver onde eu cresci e Deus começou a colocar em nossos corações a nação. Sentimos um nível incrível de conforto ao deixar o sonho americano para trás e voltar para cá como missionários”, ele relatou. 

Em 2001, nasceu Bo, o primeiro filho do casal e, na ocasião, eles já estavam treinando a New Tribes Mission — agência missionária que evangeliza povos não alcançados. 

A equipe passou a instalar painéis solares e aeródromos, pois não havia energia nas áreas totalmente isoladas. A equipe se lançou na vida do Terceiro Mundo em Papua Nova Guiné, a partir de em 2003.

Brook disse que as tribos enviavam cartas solicitando o envio de missionários, provavelmente porque ouviam falar dos benefícios da civilização e da medicina que os missionários ofereciam. 


Líder da tribo YembiYembi recebendo a Bíblia traduzida em seu idioma. (Foto: Captura de tela/YouTube Radius International)

“Aprendemos a viver como eles”

Em 2004, a equipe passou a construir suas casas. “Tínhamos uma equipe de missionários linguistas. Eles tinham baterias para seus laptops e um rádio bidirecional para se comunicar com sua base”.

Cerca de mil Yembis os ajudaram a construir uma pista de pouso. Simultaneamente, os missionários aprenderam sobre sua língua e cultura, caçando na selva tarde da noite: “Os calos em nossos pés ficaram muito mais grossos. Aprendemos a caçar e a viver como eles”.

Como os Yembis eram animistas, os missionários foram criticados por intelectuais seculares por alterar os costumes dos nativos e “ocidentalizá-los”. Mas Brooks queria ajudar os Yembis a superar as superstições que os prejudicavam.

“Por exemplo, certas comidas nutritivas eram proibidas às mulheres grávidas, e os homens temiam caçar durante o período de luto porque o espírito da pessoa morta poderia ir atrás deles à noite”, compartilhou Brooks. 

‘A igreja dos Yembis nasceu’

Brooks lembra de um episódio interessante: “Quando ensinamos sobre a crucificação, morte, sepultamento e ressurreição de Jesus, eles viram uma tempestade se formando e temeram que a sala de aula fosse atingida”.

“Quando a tempestade começou, ela se dividiu no céu. Metade da chuva caiu aqui e metade ali. Na sala de aula ninguém se molhou. Até os Yembis olharam e acharam aquilo meio estranho. Foi uma coisa legal que Deus fez”, relatou. 

O missionário conta que cerca de 50 ou 60 pessoas entenderam o que Cristo havia feito por eles naquele dia: “E foi assim que a igreja Yembian nasceu”.

Porém, os incrédulos criaram muita animosidade, lembra Lynn. “A vida de Brooks foi ameaçada algumas vezes. Ameaçaram incendiar nossa casa, jogaram lanças e mesmo assim a palavra se espalhou, reunindo muitos crentes”, continuou a missionária.

“Mas, a perseguição trouxe um efeito purificador. As pessoas que se batizaram foram ameaçadas pelos opositores, ou você estava dentro ou fora. No final foi a melhor coisa porque os obrigou a escolher de que lado iriam ficar”, completou Brooks. 


Missionários entre os nativos. (Foto: Captura de tela/YouTube Radius International)

“A emoção os impeliu a traduzir a Bíblia inteira”

Para finalizar, Brooks conta que começaram a traduzir Atos, Romanos, Efésios e 1 Coríntios, levantando-se às 4h30 da madrugada para esse trabalho. 

“Na metade do Novo Testamento, eles publicaram uma cópia encadernada em espiral, recebida com entusiasmo pelos Yembis: “Tivemos um membro da tribo que disse que leu tudo em cerca de duas semanas”.

“Então, a emoção os impeliu a traduzir a Bíblia inteira. Eles treinaram professores para alfabetizar e ensinar a Bíblia. Queríamos deixar uma igreja que pudesse se sustentar sozinha”, explicou Brooks.

“Não foi só tradução. Não era sobre alfabetização. Não era sobre medicina. Não era sobre pistas de pouso. Era sobre ver uma igreja pronta. Não fomos para lá pensando em viver com eles para sempre, fomos para trabalhar nisso e esse trabalho levou 9 anos”, concluiu.


Missionária Nina Brooks. (Foto: Captura de tela/YouTube Radius International)

 

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