Bíblia chega traduzida pela primeira vez em dialetos no sul da Ásia

Segundo a Wycliffe Associates, o projeto de tradução no sul da Ásia levou cerca de três anos para ser concluído.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quarta-feira, 1 de março de 2023 às 15:40
Não havia sido feita uma tradução para as línguas minoritárias. (Foto: Unsplash/Aaron Burden)
Não havia sido feita uma tradução para as línguas minoritárias. (Foto: Unsplash/Aaron Burden)

A equipe da Wycliffe Associates, é uma organização internacional que capacita os cristãos em nações onde os fiéis enfrentam intensa perseguição, como o Oriente Médio, Ásia e África, trabalhando na tradução da Bíblia.

De acordo com a organização, os instrutores se comunicam com os nativos em um idioma comum, principalmente inglês, francês ou espanhol, e fornecem tecnologia, como laptops e softwares de tradução, para auxiliar nesses projetos.

Recentemente, os eles concluíram um projeto de tradução em um país não identificado, localizado no sul da Ásia, de maioria muçulmana.

Há duas semanas, a Wycliffe Associates participou de um evento de dedicação do Novo Testamento para celebrar a realização do primeiro projeto de tradução da Bíblia em um idioma minoritário nessa região do mundo.

Apesar de haver uma tradução da Bíblia na língua oficial do país, não havia sido feita uma tradução para as línguas minoritárias em regiões remotas.

De acordo com Tony Tophoney, diretor de treinamento de campo da Wycliffe Associates, o projeto de tradução no sul da Ásia levou cerca de três anos para ser concluído.

Segundo ele, o projeto teve um custo estimado de US$ 55 mil, enquanto as iniciativas de tradução da organização podem alcançar até US$ 100 mil, incluindo despesas com treinamento e tecnologia.

Para arrecadar fundos, a Wycliffe Associates envia cartas solicitando doações e realiza reuniões explicando sua missão e convidando as pessoas a contribuir financeiramente.

Dificuldades

Tophoney disse que parecia que, por um tempo, o projeto não poderia continuar, mas não por falta de conhecimento por parte dos estudiosos, que tinham educação bíblica e falavam vários idiomas.

“Eles foram prejudicados por tantas coisas diferentes e se viram quase incapazes de continuar o trabalho de tradução, mas o Senhor foi fiel”, disse o diretor de treinamento de campo, em entrevista ao The Christian Post.

“E quando eles terminaram, todo mundo dissemos, 'Uau, esse foi um que nós simplesmente não tínhamos certeza se algum dia seria concluído!'”

“Não porque o trabalho não estava sendo bem-feito e não estava sendo verificado adequadamente, mas porque a polícia local os investigava o tempo todo”, acrescentou.

Em determinado momento, a polícia do governo interrogou todos os envolvidos no projeto. Durante a cerimônia de inauguração, com centenas de pessoas reunidas em um local seguro, eles chegaram, afirmando que o grupo deveria ter solicitado uma autorização previamente.

Tophoney relatou ter ouvido que cerca de seis policiais apareceram no local.

Ele explicou que as táticas das autoridades geralmente envolvem chamar as pessoas de lado para ver se suas histórias batem e, se suspeitarem, eles as levam para interrogatório adicional.

“Conseguimos suavizar; os líderes locais conseguiram amenizar a situação com a polícia”, disse ele.

Maioria muçulmana

De acordo com Tophoney, uma das treinadoras, uma jovem de 25 anos que estava presente na inauguração, comentou que a polícia possivelmente estava apenas tentando provocar o grupo e causar tumulto, complementando que essa seria uma atitude comum por parte das autoridades: "Isso é o que eles fazem".

Elaborando a percepção dos cristãos no país, Tophoney disse que a maioria da região é muçulmana.

“Mas há grupos étnicos dentro deste país, e as etnias no sul da Ásia estão tentando preservar sua individualidade, seu senso de comunidade de ser ultrapassado pela cultura muçulmana ou árabe que sangra em um país onde o Islã é a religião majoritária, e também quando o líder do país diz: 'Ei, o Islã é nossa fé nacional!'”, explicou.

Por exemplo, em algumas comunidades hindus, é possível que os indivíduos que se identificam como cristãos sejam vistos como traidores, já que deveriam se unir contra o fato de serem muçulmanos.

“Você está cercado por perseguições religiosas por todos os lados”, disse Tophoney sobre o tratamento dado aos cristãos que vivem neste país do sul da Ásia.

Para realizar seus projetos de tradução de forma segura, os instrutores se encontram com líderes locais nas capitais das regiões onde os cristãos são perseguidos, onde, de acordo com Tophoney, não seriam incomuns para visitantes ocidentais.

Eles auxiliam os líderes na tradução da Bíblia e fornecem a tecnologia necessária para concluir o trabalho. Depois de receberem o treinamento, os líderes levam as informações de volta para suas aldeias e conduzem os membros no trabalho.

De acordo com Tophoney, as pessoas com as quais a Wycliffe Associates trabalha geralmente pedem ajuda para um grupo específico, e a organização tenta ajudar da melhor forma possível. No entanto, em algumas áreas, a organização não pode prestar ajuda devido aos perigos da região ou à falta de pessoas que falem o idioma local.

Líderes locais

A organização normalmente decide ajudar uma região depois de receber uma referência de um líder local em quem confia, como bispos que arriscaram suas vidas pelo cristianismo com quem Wycliffe trabalhou anteriormente.

“Eles vêm até nós e dizem: 'Essas pessoas estão interessadas'”, disse Tophoney. '"Gostaria de permissão para encontrá-los e conversar sobre o que a Wycliffe Associates faz.'"

Após receber o pedido, a organização espera para ver se os líderes locais acham que é seguro ou culturalmente apropriado começar a ajudar a pessoa que solicitou assistência.

O diretor de treinamento de campo enfatizou que a Wycliffe confia nos líderes locais nessas áreas e entende que é necessário deixá-los assumir o controle do projeto do começo ao fim.

“Esta é a Escritura deles; esta é a cultura deles”, disse Tophoney. “Eles sabem disso melhor do que nós. Eles podem ir a lugares que não podemos ir, então temos que confiar neles.”

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