Estigmatizada como 'aleijadinha', mulher ajuda pessoas a lidarem com a rejeição

Estigmatizada como 'aleijadinha', mulher ajuda pessoas a lidarem com a rejeição

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

No title Hoje, radiante e totalmente curada da rejeição sofrida no ventre da sua mãe, que provocou a perda de uma das mãos, Ana Valentin é a prova viva de que Deus pode reverter toda maldição em bênção para alcançar quem ainda lida com a dor do desprezo e da rejeição.

Cabe aqui ressaltar algo. A imagem, na qual Ana Valentim aparece sem a prótese de uma das mãos, já que ainda no ventre materno fora gerada com essa má formação e nascera assim, é praticamente uma raridade.

A raridade é pelo fato de que nem sempre ela anda sem essa prótese. Não que faça questão de esconder a falta de uma de suas mãos. Pelo contrário! Está sempre disposta mostrá-la para quem quiser ver. Mas nem sempre foi assim. Estigmatizada desde pequena, já foi chamada muitas vezes de "aleijadinha" e "toquinho de braço". Nessa impactante história, Ana Valentin testemunha sua salvação em Cristo e sua cura da dor da rejeição. Casada, mãe de duas filhas - Claudiana e Fernanda, que hoje trabalham no Colégio Cristão de Lagoinha -, Ana completou no dia 14 de fevereiro, 61 anos de vida. E ela tem motivos de sobra para comemorar. Apenas um deles: poder ser hoje um instrumento de cura e restauração na vida de muitos. É que ela integra a equipe do Ministério Restaurando Vidas e cura interior e libertação, liderado pela pastora Ezenete Rodrigues. Por suas mãos, centenas, quem sabe milhares, de pessoas já foram ministrados e livres de sua dor, incluindo a da própria rejeição. O depoimento de Naná é mais que um estímulo à fé. É uma prova viva de que Deus pode reverter o mal em bem, a maldição em benção. Com vocês agora, internautas do Lagoinha.com, a íntegra desse testemunho e todos os seus detalhes. Eis então o relato de Ana Valentin Amaral Ferreira. Ou como queiram: Naná:   

Da infância aos primeiros anos antes da conversão

"Nasci em Santa Luzia, Minas Gerais, no ano de 1949. Sou a 'caçula velha' de uma família de onze irmãos: duas mulheres e nove homens. Minha história começa desde quando estava no ventre de minha mãe. Às vésperas do casamento de meu pai, José Bispo do Amaral, com minha mãe, Cecília de Matos Amaral, ele perdeu a mão direita estourando um foguete em devoção a um santo que ele venerava. Ela assustou-se muito com o acidente e ficou traumatizada, a ponto de sempre perguntar para cada parteira que fazia o parto de cada um de meus irmãos se tinha as duas mãozinhas. Foi assim com todos os onze filhos que ela teve.

"Minha mãe teve muita dificuldade para nos criar. Desde muito cedo ela teve de conviver com a pobreza e por muito tempo, pois seus pais, que outrora eram muito ricos, perderam tudo o que tinham, toda a herança. Foi nessa ocasião que ela conheceu meu pai, um comerciante também pobre. Com a dificuldade que teve para criar meus dez irmãos, ela se desesperou quando soube que estava grávida de mim. A ponto de querer me abortar. Tomou vários chás para isso. Ela não queria mais um filho para sofrer com ela e os outros. Com três meses grávida de mim, ela foi parar no hospital. O médico havia dito para ela na época que se que se eu vingasse, se eu nascesse, eu teria problemas muito sérios. Ela então aguardou até que eu nascesse. E quando nasci, a pergunta de minha mãe à parteira foi essa: 'Ela tem as duas mãozinhas?'. A parteira então foi clara: 'Não, dona Cecília! Só tem uma!' Mais uma vez, a dor da rejeição. Foi momentânea, porque depois ela me criou com muito amor, a ponto de me preterir em relação aos meus outros irmãos. O que gerou um certo desprezo da parte deles para comigo. De novo, experimentei a rejeição. Mas minha mãe não fez por mal.

"Em tudo que vi e vivi, percebo que já havia uma trama diabólica contra minha vida desde o ventre de minha mãe. Havia uma ministração de morte do inferno e muitas foram as tentativas do diabo para concretizar esse plano. Muitos foram os incidentes e acidentes. Eu vivia me questionando por que só eu não tinha a mão. 'Deus, por que meus irmãos são todos perfeitos,  e eu, não?!' Lembro-me de ter pedido a Deus, com os bracinhos juntos, ainda novinha: 'Ó, Deus me dá uma mãozinha para poder, com as duas juntas, poder falar com o Senhor'.

"Convivi com a dor da rejeição por muito tempo. Até que aos doze anos de idade, após ter descoberto a verdade acerca da falta da minha mão, quando chegando da escola ouvi meus pais discutindo, vi que minha mãe tinha tentado me abortar. Na condição de adolescente, foi um choque muito grande para mim. Foi quando tentei o suicídio, catando tudo quanto era comprimido dentro de casa para tomar. Graças a Deus, não tive sequelas dessa tentativa contra minha própria vida. Era Deus cuidando de mim, como cuidou desde o ventre. A dor e os questionamentos ainda persistiam. E continuava buscando de Deus uma resposta para tudo isso.

"Vim para Belo Horizonte por volta dos meus quatro anos de idade. E desde essa época, era chamada de 'aleijadinha', 'toquinho de braço'. Eu era barrada de tudo e a palavra de meus familiares era sempre essa: 'Ela não pode, ela não dá conta'. Fui criada nesse contexto de rejeição por muito e muito tempo. Isso me fez muito mal. Isso na infância. Na pré-adolescência, comecei a ter vergonha de não ter a mão. Na adolescência, já escondia mesmo meu braço, pois todo mundo zombava de mim. Sofria assim o tempo todo com essa rejeição e não queria isso. Não queria que as pessoas me vissem com eu era.  Saindo da fase da adolescência e indo pra juventude, veio o desejo de namorar. Deus havia caprichado comigo. Embora não tivesse uma das mãos, tinha olhos bonitos, cabelos bonitos, pele bonita. Era muito bonitinha. Modéstia parte, claro. (Risos). E quando os rapazes se aproximavam de mim e percebiam que eu não tinha uma das mãos, recuavam. Bye, bye, tchau!... Mais uma vez, a rejeição.

"Interessante que apesar de tudo que sentia, não me isolava das pessoas. Como faço até hoje. Gostava e ainda gosto de estar junto das pessoas. Havia aquelas que me aceitavam e outras que me rejeitavam. A ideia da prótese partiu de uma professora minha de Didática, quando eu estava por formar no Magistério. Tinha 17 anos. Talvez por conta de minha rejeição, procurei me realizar em tudo. Comecei a vencer e a conquistar. Tive meu diploma de professora aos 17 anos, na faculdade aos 22, e outros cursos de especialização na área de educação.

O evangelho  

"Eu buscava muito a Deus. Fui fundo na religiosidade, na bruxaria, no ocultismo. Estive bem próximo à magia negra, embora não gostasse do ambiente. Mas não achava respostas. E continuava buscando. Até que aos 23 anos, já formada em pedagogia e com minha própria escola, uma mãe de um aluno começou a falar de Jesus para mim. Já estava com quase 30 anos e era casada. Tornei-me uma pessoa orgulhosa e vaidosa, porque tive sucesso com minha escola. Não queria ser crente e relutava. Achava que crente era alguém bobo, que não sabia conversar, aquela pessoa de paletó apertado e Bíblia debaixo do braço. Eu respeitava essa amiga minha, mas não queria o que ela me oferecia. Continuei na minha busca por outros caminhos. Mas temia muito a Deus. Para mim, Ele era e ainda é o Deus absoluto. Foi quando, após ter participado de um encontro carismático em um convento, Ele me visita ali. Lembro-me de dito a Ele no caminho rumo a esse encontro, em lágrimas: 'Deus, eu não nasci só para crescer, estudar, trabalhar, ganhar dinheiro, casar, ter marido e filhos. Tem de ter algo mais para mim nesse mundo!'. Deus ouviu o clamor do meu coração. Quando cheguei nesse encontro, assim que entrei, estavam cantando a antiga canção Vaso Novo, que dizia: 'Eu quero, ser, Senhor, amado, como um vaso nas mãos do oleiro/ Quebra a minha vida e faça-a de novo / Eu quero ser um vaso novo'. Lembro de ter clamado também: 'Senhor, me coloca onde o Senhor quer me colocar, mas não me deixe ficar do jeito que estou, com esse vazio'. Nesse momento, quando cantei essa canção e levantei as minhas mãos a Ele, o Espírito Santo me tocou, naquele lugar, num convento, e fui visitada por Ele. Creio que minha conversão se deu justamente nesse momento, quando me dirigia a esse convento. Isso porque eu já vinha tendo esse encontro com Ele a sós, ainda que do meu jeito. Mas Deus também já se encontrava comigo. A mudança foi perceptível. As pessoas me diziam: 'O que houve com você? Você está diferente! Tem um brilho em você!'  Já estava  com 36 anos.  

"Findado esse encontro, fui para minha casa, e lá fui arrebatada. Não sabia o que era isso, o que é falar em línguas, o que é batismo com o Espírito Santo. Não sabia de nada disso. Depois que fui saber de tudo por meio dessa mãe de meu aluno e amiga que havia falado de Jesus para mim. Nessa noite, Deus me visitou novamente. Recebi dois toques de um anjo.  Senti uma paz muito grande. Já não sentia mais também dores como sentia antes. A dor da rejeição também havia ido embora. Nesse arrebatamento, Deus me curou de muitas coisas, principalmente da rejeição no ventre. Foi algo lindo. A partir daí, despertou-se um interesse maior por Deus. Fui visitar a igreja dessa minha amiga, e lá pude aprender mais acerca de tudo que estava vivendo. Poucos dias depois, era batizada nessa igreja.

O chamado

"Quando me converti, foi para valer, com sede de Deus, com desejo de estar junto a Ele, de servi-Lo. Consegui, de fato, entender e receber o amor de Deus, coisa que não acontecia antes. E quanto mais amor recebia dele, mais curada na alma, da minha rejeição, eu era. Até hoje continuo no processo, pois nossa restauração é diária. A partir daí também Ele foi enchendo meu coração de amor pelas pessoas. Sequer sabia o que era intercessão. A minha maior alegria hoje é ver uma vida salva e rendida a Cristo, e restaurada. Fiz da minha escola que tinha antes meu ministério. Pude falar de Jesus para muitas mães. Cheguei a ter uma 'célula" na minha casa. Venci tudo com Jesus. Casei-me aos 25 anos, em 1974, e tive duas lindas filhas. A Claudiana e Fernanda, ambas trabalhando no Colégio Cristão de Lagoinha hoje. Sou uma bem- aventurada, mais que vencedora.

"Um ano depois de convertida, vim para Lagoinha, com 37 anos. Já ouvia falar da igreja. Iniciei com o então Grupo de Crescimento (hoje célula). Comecei a atuar no louvor e estive por muito tempo. Estive em vários ministérios da igreja. E assim que conheci a pastora Ezenete Rodrigues, líder do Ministério de Intercessão, vim para estar com ela e a equipe, onde estou até hoje. Já são nove anos juntas. Aprendi muito com ela, com o ministério, e aprendo até hoje. Cresci bastante'.

Retrospectiva e lições

"Vejo a falta da minha mão não como maldição, mas como benção. O diabo quis me amaldiçoar, me matar, e deixou essa marca. Mas Deus fez dessa marca uma grande benção para minha vida. Porque muitos foram e são curadas da rejeição quando dei e dou meu testemunho. Tive o retorno dessas pessoas. Eu me amo, me acho linda. Deus me ensinou a me amar. O amor de Deus foi, é e será tão intenso na minha vida a ponto de me amar do jeito que sou. A falta da de uma das minhas mãos contribuiu para o meu em. Sou feliz sem uma das minhas mãos. Não tenho vergonha disso, não choro ou lamento por isso. Foi o amor de Deus que me curou e me cura a cada dia".

Gratidão

"É tanta gente para agradecer. A Deus em primeiro lugar por seu eterno amor. À minha mãe já falecida que tanto lutou por mim e toda nossa família. À mãe desse aluno meu, e à sua amiga, que foram agentes de Deus para a salvação de minha vida. Ao pastor Jonas Neves, hoje pastor na Igreja Batista do Povo em São Paulo. Ao meu pastor, Márcio Valadão. Aprendi muito com ele. Às pastoras Ezenete Rodrigues e Ana Lúcia Morais, e toda a equipe do Ministério de Intercessão de Lagoinha. Sinto-me amada por todos e amo demais todos vocês. Ao meu esposo, Ailton, e minhas filhas, Claudiana e Fernanda, pois eles têm sido pacientes comigo e participam da minha vida".

Uma palavra de esperança

"Confiem, esperem e descansem no Senhor. Ele não nunca falhou e não vai falhar. Tempo de Deus é tempo de Deus, é o tempo perfeito. Se Ele foi assim comigo, vai ser assim com vocês. Se fez algo na minha vida, vai fazer na sua. Ele não faz acepção de pessoas".

Uma palavra de salvação  

"Você não é um qualquer. Você tem valor para Deus. Você tem um valor que você não conhece, que ainda não descobriu. Existe Alguém que te ama de tal maneira e esse Alguém é quem te dá esse valor. É para esse Alguém que você vale mais que o mundo todo. O nome desse Alguém é Jesus. Clame por ele, por esse nome. E você conhecerá esse amor. É o que a Bíblia diz. Aquele que clamar por esse nome será salvo".

Uma palavra final

"Sou grata a Deus, a esse Deus 'goodão', bonzão, paizão, maravilhoso, bondoso. Ele é tudo. E por mais que diga tudo, não conseguiria exprimir o que ele é. Sou grato Ele por ter se despojado de sua glória e ter enviado seu melhor, Jesus, por minha vida e pela vida de quem me lê agora.  Sou grato a Ele por tudo que tem feito na minha vida e por tudo que aconteceu até hoje. Foi muito bom. Tudo teve a permissão dele e contribuiu para o meu bem. Tudo. Sei o que é ser rejeitada. Mas acima de tudo, sei o que é ser amada por Deus e ser curada, e ainda por dispensar esse amor às pessoas que carecem dele. Sou grata a Ele também por ser seu instrumento de salvação e cura para tantos que agora me lêem. Isso me faz feliz. Pois isso é tudo que mais sempre quis. Valeu a pena. Valeu Jesus."          

Por Marcelo Ferreira

marcelo.ferreira@lagoinha.com

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Foto: Marcelo Ferreira

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