Maya, um presente de Deus

Maya, um presente de Deus

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

Deni Francis Sherman

Reconhecer o plano divino é o primeiro passo para compreendê-lo

Nossa história começa no dia 04 de abril de 1999, quando descobrimos que eu estava grávida. Ficamos super felizes, pois seria o nosso primeiro filho.

Comecei a fazer o pré-natal e na primeira consulta pediram um ultra-som. Vimos o coraçãozinho do nenê bater e fiz outros exames. Assim foram todos os outros meses que se seguiram, tudo parecia normal.

No quinto mês, estávamos muito ansiosos, pois iríamos descobrir o sexo do nosso filho. Porém, o nenê se mexia tanto que não foi possível saber se seria menino ou menina.

Nessa mesma ocasião a enfermeira notou algo de errado com o formato da cabecinha do bebê. A médica indicou outro especialista, para um ultra-som mais detalhado. Passamos os dias que antecederam ao outro exame orando para que Deus tirasse qualquer problema que pudesse existir.

Chegado o dia da consulta, meu marido e eu estávamos bem preocupados, mas confiantes de que Deus nos mostraria o seu plano. Mais uma vez o nenê se mexeu demais para ver o sexo, mas deu para confirmarem a suspeita médica - ele tinha espinha bífida. O médico nos explicou a doença. Disse que não era hereditária, e que nos Estados Unidos, a cada mil grávidas, uma tinha um filho com espinha bífida.

Também nos disse que 60% das mulheres grávidas que descobrem que estão carregando em seus ventres uma criança com essa deficiência, abortam. Ele também nos contou alguns dos sintomas: não andar, usar sondas para as necessidades fisiológicas, ataques epiléticos, hidrocefalia, etc. Por fim, nos disse que havia três hospitais americanos fazendo uma cirurgia intra-uterina no nenê, mas que nem sempre se obtinham os resultados esperados.

A decisão

Não sei se alguém pode imaginar o sofrimento que se abateu sobre nós ao sabermos que, o nosso já tão querido nenê tinha uma deficiência física da qual nunca tínhamos nem ouvido falar. Todas as informações que o médico nos passara, pareciam um pesadelo. Meu esposo chorava, como eu nunca tinha visto antes, todas as vezes que conversávamos sobre o nenê.

Sempre fomos a favor da vida, achando o aborto errado. A simples possibilidade, sugerida pelo médico, para que eu abortasse já me fazia passar mal. Oramos a Deus dizendo que não queríamos fazer aquilo com o nosso próprio filho. No meio da angústia e sofrimento, nossa ajuda veio de Deus, de nossos familiares e de nossos irmãos em Cristo. Costumávamos ler para nos acalmar o salmo 103 que fala do amor de Deus para conosco e do cuidado que ele tem para com os que o amam.

Finalmente chegou o resultado do teste do líquido amniótico dizendo que o bebê era uma menina e que, além da espinha bífida, ela não tinha nenhuma outra complicação. Escolhemos, então, o nome de nossa filha, que seria Maya Isabella (Isabella significa Deus é a nossa promessa). A decisão estava feita! Juntos resolvemos acreditar na vida, acreditar em Deus e achar a melhor maneira para nossa filha viver.

Lemos vários livros a respeito da doença, conversamos com médicos especialistas, oramos muito e recebemos o apoio de amigos e familiares. Fomos, então, recomendados pelo Dr. McLone visitar o hospital Vanderbilt, em Nashville, no estado do Tennessee, onde aquela cirurgia estava sendo realizada.

A cirurgia

No dia seguinte, bem cedinho fomos para o hospital e ali tudo começou. Depois de me prepararem, fui para a sala de cirurgia e em uma hora e meia voltei para sala de recuperação. Aparentemente a cirurgia tinha sido um sucesso. Ficamos três dias no hospital e voltamos para Chicago na terça-feira pela manhã. Passei a semana muito bem, em repouso, com um pouquinho de febre à noite. Nosso pequeno grupo de casais, todos os dias nos levava comida. Foram muito prestativos e demonstraram um amor enorme por nós.

No sábado pela manhã comecei a sentir um pouquinho de líquido vazando. Fui ao hospital e depois de vários testes, confirmaram que eu estava com uma infecção e que a nenê tinha que nascer imediatamente. Maya só tinha 27 semanas de gestação. Achávamos que era muito cedo para ela nascer. Os médicos, porém, nos asseguraram que não havia outra opção.

E foi assim que Maya Isabella Malafaia Sherman nasceu às 16:43h do dia 4 de setembro de 1999, com 830gr e 35cm de altura. Como ela era muito pequena e seus pulmões ainda não estavam prontos, os médicos a colocaram no respirador. Por causa da espinha bífida, também colocaram uma sonda urinária. Como Deus é maravilhoso! Maya já era uma lutadora! Em seu segundo dia de vida, pela manhã, conseguiu puxar os tubos do respirador e à tarde chutou a sonda. Ela provou para todos nós que, mesmo tão pequenina podia respirar e fazer xixi sozinha!

Ela ficou três meses no hospital, antes de ir para casa. Cada dia nos surpreendia com a sua vontade de viver. Antes, porém, os médicos colocaram um “shunt” (válvula para reciclar o líquido que fica armazenado dentro dos ventrículos do cérebro). Maya teve que trocar esta válvula quatro vezes em seu primeiro ano de vida, sendo que a última vez foi em outubro de 2000.

Hoje Maya tem três aninhos e continua com essa mesma válvula. Ela anda sozinha e está começando a “tirar a fralda”. É uma menininha feliz, simpática, inteligente (fala inglês e português), carinhosa e que ama muito a Jesus. Ela canta corinhos nas duas línguas, faz oração e sabe que Deus é quem toma conta dela. Maya é para nós um presente de Deus. E é maravilhoso vê-la fazendo todas aquelas coisas que os médicos disseram que ela possivelmente não faria!

Deus nos mostrou que Maya é uma pessoa especial para ele e, com isso, temos a certeza de que ele sempre estará tomando conta dela!

Deni Francis Malafaia Sherman – É brasileira, casada com Timothy J. Sherman II. Mora em Milwaukee e freqüenta a igreja Redeemer Evangelical Free Church. É a orgulhosa mãe de Maya Isabella e, durante o fechamento desta edição, estava grávida de outra menina!

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