Elias mora na Indonésia e nasceu numa família tradicional muçulmana, em Aceh, próximo à Sumatra — uma das maiores ilhas do mundo. O país tem assumido um caráter islâmico mais conservador nos últimos anos e o cristianismo tem se tornado uma religião visada pelas autoridades.
Segundo Elias, Aceh é uma das cidades com a maior porcentagem de muçulmanos na Indonésia. Como ele também era muçulmano, sua vida era tranquila. Até que, um dia, ele foi surpreendido em seu local de trabalho.
“Eu trabalhava numa empresa de papel, na fundição, e reciclava papéis velhos e usados. Enquanto trabalhava, gostava de ler o que estava escrito naqueles papéis”, lembrou.
“Um dia, acidentalmente levei para casa um pedaço de papel que dizia: ‘Todo o poder no céu e na terra me foi dado’. Fiquei curioso com essa frase e guardei o papel na carteira”, relatou.
‘Me deixou curioso’
Elias conta que mostrou o pedaço de papel ao imã (líder islâmico reconhecido como ungido de Alá) da mesquita que frequentava e o questionou sobre aquelas palavras.
“Ele me dispensou e respondeu: ‘Não há necessidade de estudar este pedaço de papel porque não é ensinamento islâmico. Além disso, se existe alguém que tem todo o poder, é Muhammad’. Mas, sua resposta me deixou ainda mais curioso”, disse.
“O Alcorão não descreve sobre Muhammad como sendo um ser poderoso como o próprio Alá”, continuou.
‘Comecei a ler a Bíblia’
“Um dia, fui à igreja, no Leste de Aceh, para perguntar sobre isso. Os pastores disseram: ‘Não podemos dizer porque temos ideologias diferentes’. Eu entendi a relutância deles, porque eles estavam com medo de que eu traísse sua igreja”, contou.
“Alguns anos depois, consegui um emprego em uma madeireira que ficava a algumas cidades de distância. Um dos meus colegas de trabalho era cristão. Quando conversei com ele, lembrei-me da escrita que havia encontrado alguns anos atrás”, disse.
“Perguntei ao meu colega sobre o ‘homem de poder’ e ele me deu uma pequena Bíblia. Comecei a ler e logo percebi que quem falava era Jesus, em Mateus 28.18. Eu fiquei maravilhado”, confessou.
Mudança de vida
Um muçulmano foi confrontado com uma palavra de Jesus: “Por que será que me deparei com esse ensinamento? Decidi que precisava aprender mais sobre o cristianismo”.
“Passei a estudar sobre a fé cristã com um pastor de uma igreja local. Depois de seis meses de estudo, fui batizado. Conheci uma mulher cristã e nos casamos”, compartilhou.
Mas, a vida de Elias mudou muito. “Infelizmente, quando abracei minha nova fé, minha família cortou os laços comigo. Depois que me tornei cristão, enfrentei perseguição da minha própria família e da antiga comunidade”, destacou.
“Uma vez, meu ‘amigo’ me arrastou para uma floresta próxima e depois me amarrou. Ele me interrogou e me obrigou a dizer a shahada (um dos 5 pilares do islamismo) e ler o Alcorão”, lembrou.
A shahada é uma declaração, dividida em 5 partes, que um muçulmano deve ler ao se converter ao islamismo: “Não há outro deus além de Allah; Muhammad é o mensageiro de Allah. Não há outra divindade além de Allah; Muhammad é o seu profeta. Não há outro deus além de Allah; Muhammad é servo e mensageiro de Allah. Não há deus senão Allah, e Muhammad é seu mensageiro”.
De discípulo a discipulador
Elias finaliza seu testemunho, de acordo com o International Christian Concern (ICC), dizendo que na ocasião em que o amigo o obrigou a ler o Alcorão, ele leu árabe: “Quando viram que eu podia ler o Alcorão, finalmente me deixaram ir”.
Mas o cristão novo convertido decidiu seguir sua jornada com Cristo, apesar da perseguição: “Entrei numa escola de teologia para aprender mais sobre o cristianismo e me formei em ministério”.
Atualmente, ele trabalha na Igreja servindo ex-muçulmanos que acreditam em Jesus. Elias conta que tem feito discípulos e que eles também estão se tornando evangelistas.
“Estamos morando na casa da irmã de minha esposa, porque não posso mais morar na área de Aceh”, concluiu, ao dizer que tem sido apoiado pela ICC — organização que ajuda os cristãos perseguidos em regiões onde o cristianismo é hostilizado.