Augusto Perreira é ex-militar. Hoje ele trabalha na prefeitura de Pouso Alegre (município de Minas Gerais) como diretor de um departamento de assistência social, cuidando de pessoas em situação de rua. Mas, as pessoas que recebem seus cuidados nem imaginam que um dia ele tentou tirar a própria vida.
Augusto testemunha que sua origem é de uma família pobre e que foi obrigado pelo pai a trabalhar desde crianças, ficando sem estudar. “Venho de uma família bastante humilde e aos nove anos minha mãe faleceu. Com 10 meu pai me levou para trabalhar na roça. Então tive uma infância bastante conturbada trabalhando e não estudei”, contou.
“Com 15 anos fui fazer um vocacional no seminário para ser padre, mas eu não voltei mais. Com 18 anos me alistei e eu fui chamado. Entrei para o exército e Deus me ajudou, mesmo sem conhecê-lo como eu gostaria de ter conhecido”, lembrou.
Augusto ressalta que em pouco tempo subiu de patente. “Com cinco meses e 15 dias no exército eu fui promovido a cabo. No final do ano eles me convocaram para ficar e continuar. Eu tive uma boa linha de instabilidade. Quando completei 10 anos de exército aconteceu um fato muito estranho”, disse.
“Um rapaz entrou dentro da unidade e roubou algumas armas justo no momento em que eu estava acordado. Eu era cabo eu estava fazendo fiscalização à noite. Ele entrou e no momento onde eu não estava ali. No outro dia pela manhã todos eram suspeitos”, colocou.
“Um dos suspeitos era eu. Nós ficamos fechados dentro de uma sala e eu nunca tinha passado por aquilo. Toda vez que eles perguntavam se havia sido eu, eu chorava. Eu tinha quatro anos de casado, uma filha de três anos e minha esposa estava grávida da segunda filha. Em um determinado dia, um amigo levou para mim uma Bíblia. Na hora eu peguei, mas depois joguei no chão”, lembrou.
Sem saída
“Assim que eu joguei aquela Bíblia fui levado para uma cela e lá dentro eu já tinha passado por cinco interrogatórios. A cada meia hora entrava alguém perguntando as mesmas coisas e eu comecei a me confundir. Consegui tirar uma lâmpada incandescente e naquele momento eu queria cortar o meu pescoço”, revelou.
“Quanto mais ele perguntavam, mais eu chorava, por que era uma injustiça comigo. Quando subi e peguei a lâmpada alguém gritou dizendo que eu seria transferido. Coloquei a lâmpada dentro do calção. Eu estava determinado a fazer aquilo porque era muita injustiça e se eles estavam atrás de um culpado eu ia arrumar esse culpado”, disse.
“Então peguei a lâmpada coloquei debaixo do travesseiro e quando eu fiquei de joelhos eu vi aquela Bíblia que havia jogado no dia anterior. Fui lá, peguei aquela Bíblia e disse: ‘Se o Senhor fala através desse livro, o Senhor vai falar comigo’. Então eu abri a Bíblia justamente em Daniel, capítulo 6 onde Daniel é acusado injustamente e colocado na cova de leões. Naquele momento eu senti uma paz tão grande”, confessou.