Na última quinta-feira (6), a Comissão de Direitos Humanos do Senado realizou uma audiência interativa, na qual ouviu especialistas de diversas linhas de pensamento sobre o aborto e também contou com a participação de internautas, que deixaram suas opiniões / comentários pelo próprio site da Casa, durante a sessão que era transmitida ao vivo.
A proposta era debater sobre a legalização do aborto - custeado pelo SUS - para casos de até 12 semanas (3 meses) de gestação.
Os senadores Magno Malta (PR / ES) e Paulo Paim (PT / RS) ouviram estudiosos, como a ex-senadora e professora Heloísa Helena, a professora e filósofa Márcia Tiburi, o cineasta David Kyle (diretor do filme "Blood Money"), a pesquisadora Tatiana Lionço e a economista Viviane Petinelli .
Cineasta David Kyle
Após mostrar um trecho de seu filme, com depoimentos chocantes de uma médica que acompanhou o procedimento abortivo (mal sucedido) de uma modelo de 22 anos de idade e 5 meses e meio de gestação, o cineasta explicou que a possibilidade de um "aborto seguro" é utópica.
"Eu escolhi esta parte do vídeo para demonstrar que não há como realizar um aborto seguro. Até mesmo cirurgias pequenas carregam riscos consigo e, quanto mais o aborto. Nos Estados Unidos, mulheres morrem o tempo todo, são machucadas o tempo todo por abortos", destacou.
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Professora Márcia Tiburi
Atualmente funcionária da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a professora Márcia Tiburi destacou que seu posicionamento a favor da legalização do aborto pode não estar de acordo com o protestantismo / presbiterianismo, mas que não vê problemas nesta divergência de ideias. A justificativa foi dada pela professora após um dos parlamentares questionarem o fato aparentemente "inusitado".
"Não tenho nenhuma relação de credo com o catolicismo, protestantismo, presbiterianismo. Eu não me lembro, nem sequer de ter entrado em uma igreja Presbiteriana, com todo respeito. Se algum dia eu puder entrar e assistir a um culto, eu vou com o maior prazer", disse.
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Psicóloga e pesquisadora Tatiana Lionço
Durante seu depoimento, a pesquisadora, psicóloga e militante feminista Tatiana Lionço representou o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, expondo o posicionamento deste com relação à legalização do aborto e também protestou contra a atitude de alguns parlamentares contra sua pessoa - como no caso de Márcia Tiburi, a quem acusou de uma tentativa de intimidação.
"Considero imoral abusiva e nociva, a forma como alguns parlamentares tratam mulheres no Brasil (pelo menos mulheres como eu). Poderia me recusar a compartilhar minha opinião com vocês e não o fiz, justamente para poder comunicar que entendo que esta casa não tem senhor nem dono. Esta é a casa do povo", disse Lionço, que também representa o Movimento Estratégico pelo Estado Laico.
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Economista e socióloga Viviane Petinelli e Silva
Segundo a Viviane Petinelli e Silva, a realização de abortos gera grande impacto social e econômico em um país. A economista e socióloga também usou o caso dos Estados Unidos - país frequentemente citado como "exemplo" na questão da legalização do aborto.
"O aumento na quantidade de abortos reduz a taxa de natalidade de uma determinada nação e este é um dos indicadores que nós usamos para medir um crescimento populacional. Então se pegarmos o caso dos Estados Unidos, desde 1961 até os dias atuais, nós vemos um completo desequilíbrio nesta taxa, variando entre 1,5% ao ano, até uma taxa de 0,7 em 2012", informou.
Viviane explicou que uma queda no crescimento populacional pode não ser exatamente benéfico a um país e explicou que a legalização do aborto no Brasil diminuiria chances de um crescimento socioeconômico sustentável.
"Nossa taxa de crescimento é a ideal. Nós temos quase 81% da população, hoje, em idade ativa, ou seja, economicamente ativa. [...] Se investirmos corretamente em nosso país, em reformas previdenciárias, educação, políticas sociais, políticas de saúde, a partir da década de 30, começaremos a viver um desenvolvimento sustentável para o nosso país", destacou.
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