Sisu: nota mínima de cotista e não cotista é parecida nos institutos federais

Sisu: nota mínima de cotista e não cotista é parecida nos institutos federais

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:08

sisuPriscilla Borges

Levantamento exclusivo do iG mostra que, dos 553 cursos em que as notas de aprovados pelas cotas são mais próximas às da concorrência geral, 66% são de institutos federais

As diferenças de desempenho entre os aprovados pelas cotas ou pela concorrência geral do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) são menores nos cursos de institutos federais. Entre os 553 cursos com menores diferenças entre as notas de corte – pontuação do último aprovado em cada modalidade de seleção – de cotistas e não cotistas, 66% são dessas instituições.

Dados do Ministério da Educação (MEC) levantados exclusivamente para o iG mostram que diferença de desempenho dos estudantes selecionados em primeira chamada só é insignificante, ou seja, de menos de 10 pontos a mais tanto para cotistas em 11,54% dos casos: em 553 opções de cursos eme um total de total 4.793 analisado pelo iG.

Os dados se referem apenas às notas dos cursos que já oferecem 50% de suas vagas no processo seletivo em todos os modelos possíveis de cotas, o que totaliza 1.229 cursos. Como as universidades ofereceram até oito modelos de cotas aos estudantes da rede pública no Sisu, a análise considerou 4.793 notas de corte geradas a partir das possibilidades de concorrência.

São elas: candidatos pretos, pardos ou indígenas com renda familiar inferior a 1,5 salário mínimo per capita (algumas instituições dividiram essa categoria em duas, separando os indígenas); candidatos pretos, pardos ou indígenas independentemente da renda (essa categoria também foi transformada em duas por algumas instituições, separando os indígenas); candidatos com renda familiar inferior a 1,5 salário mínimo per capita e candidatos com renda superior a essa.

Pesquisas: Desempenho de cotista é igual ou superior ao dos demais estudantes

As notas entre os selecionados nos diferentes tipos de cotas e na concorrência geral dos cursos oferecidos nos institutos federais que participam do Sisu são muito semelhantes em 364 casos. Desses, 251 variaram, no máximo, cinco pontos.

A nota no Sisu é calculada a partir do desempenho do estudante no Enem, cuja escala varia de 0 a 1000. Na última edição, as notas mínimas e máximas tiradas pelos estudantes em cada prova (não há média geral) variaram entre 277,2 pontos em matemática e 955,2 na mesma prova. Alguns alunos alcançaram nota 1.000 na redação.

Quase iguais

Em 41 tipos de seleção oferecidos pelo Sisu, as notas atingidas pelos últimos aprovados em cada modelo de concorrência foram praticamente as mesmas (diferem, no máximo, em um ponto a favor dos cotistas ou dos não cotistas). A maior parte dos casos de desempenho semelhante ocorre entre não cotistas e os cotistas egressos de escola pública que não fazem parte dos recortes raciais (para candidatos pretos, pardos ou indígenas) e de renda.

Na sequência, as coincidências acontecem mais entre os grupos de cotistas que possuem renda familiar de até 1,5 salário mínimo, mas não se utilizaram dos recortes raciais. São nove casos nesse recorte. Entre esses 41 cursos com maiores semelhanças de desempenho entre cotistas e não cotistas, 30 são da área de exatas ou de saúde e 27 de institutos federais.

Os candidatos selecionados com as menores diferenças de pontuação – menos de 0,1 ponto – entre os grupos de cotistas e os não cotistas eram dos cursos: Engenharia Cartográfica e de Agrimensura (integral) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRAM, câmpus principal); Ciências Contábeis da Universidade Federal de Mato Grosso (câmpus de Rondonópolis); Processos Químicos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (câmpus de Apucarana) e Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (câmpus Valença).

Em todos, os cotistas eram do grupo que concorreu às vagas reservadas aos egressos da rede pública independentemente da raça ou da renda. O último aprovado nas 12 vagas oferecidas para a ampla concorrência de Engenharia Cartográfica e Agrimensura tirou 686,4 pontos e o que ocupou a única vaga para essa cota, 686,38. No bacharelado em Ciências Contábeis da UFMT a diferença foi de 0,08 ponto. A nota mínima na ampla concorrência, que ofereceu 22 vagas, foi de 609,48 pontos e, entre os cotistas, a pontuação obtida foi de 609,4 pontos.

Nos cursos de Processos Químicos, graduação tecnológica oferecida à noite pela UTFP em Apucarana, e no de Matemática, licenciatura oferecida à noite no câmpus de Valença do IFET da Bahia, as notas dos cotistas foram um pouquinho melhores. No primeiro caso, o último selecionado pela ampla concorrência entrou com 617,86 e o último cotista aprovado nas sete vagas reservadas para egressos da rede pública (independentemente da renda ou raça) ficou com 617,9 pontos. No outro curso, o não cotista tirou 610,08 e o cotista, 610,14.

Desempenhos discrepantes

Dentro dos vários grupos de cota racial do Sisu, os modelos exclusivos para indígenas, independentemente da renda, são os que mais têm discrepâncias de notas mínimas dos aprovados entre cotistas e não cotistas. A raça é o fator que mais interfere nas diferenças de desempenho dos estudantes.

O curso com diferença mais gritante é o de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) oferecido no câmpus do Bacanga. O último não cotista aprovado no bacharelado oferecido no turno vespertino tirou 662,18 pontos. O cotista aprovado na seleção específica para indígenas que cursaram o ensino médio na rede pública, independentemente da renda, tirou 389,74. Uma diferença de 272,44 pontos.

No mesmo câmpus da UFMA, outro caso de extrema diferença chama a atenção. No curso de Engenharia Química (integral), 164,20 pontos separam o último selecionado pela ampla concorrência do estudante aprovado nas cotas para indígenas (sem critério de renda).

Os outros cursos com maiores diferenças entre cotistas (em algum dos modelos) e não cotistas foram: Educação Física (noturno) do IFET do Paraná (157,44 pontos), Química Industrial da UFMA (156,86 pontos) e Ciências Biológicas do IFET do Paraná (155,66 pontos).

Em alguns cursos, as diferenças foram grandes também, mas a favor dos cotistas. É o caso do curso de licenciatura em Física do IFET Tocantins, em que o último aprovado pelas cotas para egressos da rede pública, independentemente da renda ou raça, alcançou 705,63 pontos e o último selecionado pela ampla concorrência, 633,68. Uma diferença de 71,95 pontos.

Na sequência, os cotistas se saíram melhor nas seleções dos cursos de Agronegócio do IFET Tocantins (69,55 pontos), Matemática da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (55,82 pontos), Letras-Inglês do IFET Paraná (53,96 pontos) e Agronomia da UFRAM (50,56 pontos).

 

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