O grito de "Mineiro" - que até Kelly Slater tentava acompanhar - ainda ecoa nos ouvidos dos catarinenses. Apesar de ter perdido para o americano a final do ano passado, Adriano de Souza, o Mineirinho, deixou Imbituba como pompa de campeão. Menos de um ano depois, ele e toda a elite do surfe estão de volta à pequena cidade, agora não mais para a quinta, mas para a terceira etapa da temporada - o campeonato foi antecipado no calendário. E, precavido, o paulista também tratou de se antecipar. Há uma semana, vem treinando na Praia da Vila, palco da competição. Sexto do ranking, carrega sobre a prancha as maiores esperanças dos brasileiros. Mas, nesta sexta-feira, quando vestir sua camiseta de lycra, vai ver a torcida dividida. Enfrentará o potiguar Jadson André e o catarinense Neco Padaratz. A janela de espera começa nesta sexta-feira e vai até o dia 2 de maio.
Se quiser seguir na corrida pelo título mundial feito inédito para um surfista brasileiro -, terá de superar, de Slater, vice da temporada, o australiano Taj Burrow, número 1 do mundo. Os primeiros passos da caminhada, porém, podem ser os mais duros: até o ano passado, ele nunca tinha passado da terceira fase da etapa.
- Eu consegui acabar com esse fantasma dizia ele, no ano passado.
Depois de afastar seus próprios fantasmas, Mineirinho terá de espantar um outro. Taj Burrow o derrotou duas vezes este ano, sempre nas quartas de final: na Gold Coast e em Bells Beach. Além disso, o australiano já venceu a etapa brasileira três vezes.
- Estou tentando não pensar muito na corrida pelo título. Aprendi que gastar muito tempo olhando o ranking não funciona para mim. Amo o Brasil. Esse lugar tem sido muito bom para a minha carreira - disse o aussie, em entrevista à Associação dos Surfistas Profissionais (ASP).
Quanto a Slater, Mineirinho tem uma recente boa lembrança. Em Sopelana, no ano passado, conseguiu dar o troco no americano e seguiu firme até vencer a etapa no País Basco, sua primeira vitória na carreira. O americano, que levou a etapa brasileira duas vezes, espera ouvir tudo, menos o grito de "mineiro" novamente.
- O Brasil é um bom lugar para mim...mas só até eu fazer uma final contra ele brincou ele, após a vitória do ano passado.
Por: Gabriele Lomba