O Corinthians submete nesta terça-feira, ao seu Conselho de Orientação (Cori), um pedido de aprovação para pegar um empréstimo no valor de R$ 90 milhões. O destino do dinheiro, desta vez, não é o Itaquerão, nem as dívidas do clube: o alvinegro precisa da quantia para garantir o funcionamento de seu caixa no restante da temporada.
Os números são altos, e equivalem a 34% do total de receitas que entraram no departamento de futebol corintiano em 2013 (R$ 266 milhões). Também chega ser quase 10% do total de dívidas atual do clube do Parque São Jorge.
Existem vários motivos para o aporte: em primeiro lugar, o Corinthians não conseguiu, até o momento, fechar os patrocínios do ombro e do calção no seu uniforme; as receitas de bilheteria do clube estão abaixo do previsto no ano.
O Itaquerão também é, indiretamente, uma das razões do aporte. A demora na liberação do dinheiro do BNDES rendeu juros de empréstimos ao alvinegro, e o fundo responsável pelas obras do estádio, no final de abril pegou mais R$ 350 milhões emprestados para saldar despesas não previstas com as obras (o pagamento será de responsabilidade do Corinthians). Com isso, a fatia que será retirada da receita de bilheteria do novo estádio para saldar a dívida será maior do que a inicialmente prevista.
Do montante do novo empréstimo, cerca de um terço deverá ser utilizado para saldar outros empréstimos já realizados. O restante será injetado no caixa do clube para amortizar as despesas.
Existe também a expectativa de que, mesmo sem fazer loucuras, o Corinthians acabe gastando mais do que os R$ 10 milhões previstos em seu orçamento para contratações. Esse valor já foi atingido, mas a diretoria segue atenta ao mercado e reconhece que alguns setores do elenco, como o ataque, ainda podem ser reforçados.
A operação encontrará opositores entre conselheiros do clube, que já estão preocupados com o endividamento atual e as despesas crescentes com o Itaquerão. Oposicionistas já enviaram à diretoria financeira vários questionamentos sobre as contas de 2013, e aguardam uma resposta. Depois dos R$ 350 milhões tomados para o estádio, defendem que novos aportes só devem ser feitos com o intuito de reduzir as dívidas já existentes.
Em 2014, o Corinthians não está sozinho entre os clubes que enfrentam um período difícil financeiramente – os rivais paulistas também atravessam dificuldades. No Palmeiras, o presidente Paulo Nobre já pegou emprestados cerca de R$ 85 milhões e repassou aos cofres do clube. No São Paulo, uma das primeiras providências do recém eleito presidente Carlos Miguel Aidar foi um adiantamento de R$ 50 milhões em receitas da Globo.
Além disso, o alvinegro é único dos grandes de São Paulo que tem patrocínio master garantido até o final do ano: o São Paulo vai rescindir prematuramente o contrato com a Semp Toshiba no meio do ano; Santos e Palmeiras estão sem um parceiro desde 2013.
Depois de aprovado no Cori, o aporte corintiano ainda deverá ser submetido à aprovação do Conselho Deliberativo.
Dentro de campo, o time recebe o Atlético-PR nesta quarta-feira, no Canindé. Antes da Copa do Mundo, ainda terá uma nova oportunidade de apagar a imagem deixada pela derrota diante do Figueirense, na estreia no Itaquerão: atua na casa nova no dia 29, uma quinta-feira, diante do Cruzeiro.