O técnico Tite ainda não se entregou às emoções de sua despedida do Corinthians. Quer deixar as lágrimas para o jogo do dia 1º de dezembro, contra o Internacional, último dele no Pacaembu como comandante alvinegro. Mas pequenos detalhes já estão preparados para o cenário que vai marcar sua derradeira passagem pelo palco de tantas conquistas pelo clube. Uma camisa preta, aparentemente simples, é um dos símbolos dos três anos vitoriosos do técnico.
A camisa usada nas conquistas do Campeonato Brasileiro de 2011 e da Taça Libertadores de 2012 foi a mesma vestida por Tite no empate por 0 a 0 com o Vasco, no último domingo. E será ela a escolhida para o dia especial que o aguarda na despedida do Pacaembu.
- Depois de uma boa lavada, claro – brincou o técnico, em conversa com a reportagem do GloboEsporte.com.
No início do dia, um papo com sua mulher, Rose, foi o responsável por definir o traje para este domingo. Ele fez de tudo para tratar o dia como um outro qualquer, mas não conseguiu.
- Ela olhou para mim e falou “É essa”, apontando para a camisa. A escolha foi de propósito – revelou.
- Já tomei banho de água gelada com ela duas vezes, em duas conquistas. Foi o reconhecimento dos atletas comigo. Eu lembrei disso agora. Minha família ficou muito feliz com esse reconhecimento – completou, emocionado.
Neste domingo, Tite evitou ao máximo falar sobre o fim de seu ciclo no Corinthians, mas deixou escapar momentos emocionantes na preleção, na entrada no gramado, quando chegou a morder o lábio para segurar o choro, e no fim da partida – com mais gritos de “Tite, Tite, Tite” vindos das arquibancadas.
- Quando o Paulo André chamou o time para oração, tentei ficar alijado para ter a maior concentração possível. Eu não estava em meu estado normal, não trabalhei em meu estado normal. Sou um ser humano. Isso mexe - destacou Tite.
O momento de emoção teve espaço até para uma bronca em seu atacante titular.
- Dei uma dura no Romarinho, que me falou assim: “Está certo, professor, mas então fica”. Só para representar um pouquinho disso. A filha do Edu (Gaspar, gerente de futebol), de sete anos, me deu um abraço e falou para eu ficar. Mas não quero agradecer agora, quero deixar para o jogo contra o Inter – relevou o técnico.
São mais três jogos de era Tite no Corinthians: contra Flamengo, Internacional e Náutico. Com a cuidadosamente passada camisa preta, o técnico espera viver com intensidade os últimos momentos pelo clube alvinegro. Com a certeza de que um dia retornará.
- Vou curtir cada instante. Em 2005, quando saí daqui pela primeira vez, tinha certeza de que voltaria. Agora, com esse carinho da torcida, essa sensação pode voltar – finalizou o comandante.