Antigos dirigentes do Partido Comunista pediram ao governo de Pequim que adote reformas políticas, em uma ousada carta aberta rapidamente censurada pelo governo. A carta, redigida em um estilo muito direto, denuncia a falta de liberdade de expressão na China, às vésperas da abertura da sessão plenária anual do Partido Comunista Chinês (PCC).
"Se o Partido Comunista não reformar a si mesmo, se não se transformar, perderá a vitalidade e morrerá de morte natural", afirmam os autores da carta publicada na internet, antes de ser retirada dos principais sites e fóruns de discussão do país. Os 23 signatários pedem ao governo que suspenda as restrições sobre o conteúdo dos livros e dos meios de informação.
Na China, a imprensa, as editoras e a internet são rigidamente controlados pelo governo. A censura, muito ativa, proíbe de forma geral a emissão de opiniões contrárias ao governo ou que mencionem a situação dos direitos humanos, Entre os signatários da carta estão Li Rui, que foi secretário pessoal de Mao Tse Tung, fundador da República Popular da China, e Hu Jiwei, ex-chefe de redação do Diário do Povo , o jornal oficial do PCC.
Vários signatários do texto são conhecidos pelas tendências reformistas. A publicação da carta acontece poucos dias depois do anúncio de que o dissidente chinês Liu Xiaobo, condenado ano passado a 11 anos de prisão por suas ideias democráticas, foi o vencedor do Prêmio Nobel da Paz. Segundo analistas, mesmo dentro do PCC algumas pessoas consideram a pena de Liu Xiaobo excessiva.