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Sobe para 11 o número de mortos em choques entre policiais e manifestantes após tumulto em jogo de futebol
O centro da capital do Egito, Cairo, foi palco de novos confrontos entre policiais e manifestantes neste sábado, quando centenas mantiveram os protestos contra a junta militar que governa o país e a polícia. Os choques deixaram 11 mortos desde quarta-feira, quando um tumulto em um campo de futebol em Port Said causou revolta na população.
Neste sábado, centenas de manifestantes protestaram na Praça Tahrir e nos arredores do Ministério do Interior. Muitos gritavam palavras de ordem e atiravam pedras contra as forças de seguranças, que atiravam bombas de gás na tentativa de dispersá-los.
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Ferido, manifestante egípcio segura pedras durante choques com a polícia no Cairo (04/02)
Foto: AP
De acordo com o Ministério da Saúde egípcio, os confrontos deixaram 2,5 mil feridos nos últimos três dias. Hospitais improvisados foram montados para tratar centenas de manifestantes que inalaram gás lacrimogêneo.
O episódio no estádio de futebol reforçou a sensação de que a junta militar que governo o Egito não conseguiu restaurar a ordem, quase um ano após a queda do ex-presidente Hosni Mubarak.
A violência de quarta-feira começou depois que torcedores invadiram o campo no fim do jogo em que o clube Masry conseguiu um rara vitória por 3 a 1 contra o al-Ahly.
Os dois times têm um histórico de rivalidade, mas a violência teria se acirrado porque os policiais demoraram para conter os torcedores.
Torcedores do al-Ahly, conhecidos como “ultras”, disseram que a falta de ação das forças de segurança foi uma “retaliação” pelo papel da torcida nos protestos que forçaram a queda de Mubarak.
“Eles querem nos punir e nos executar por causa de nossa participação na revolta”, afirmou a torcida, em comunicado, pedindo “uma nova guerra em defesa da revolução”. Recentemente os torcedores fundaram o partido político Beladi, que quer dizer “meu país”, para difundir o crescente espírito de liberdade política no Egito.
Em sua página no Facebook, os torcedores lançaram ataques contra o marechal Mohamed Hussein Tantawi, chefe da junta militar que governa o Egito desde a queda de Mubarak.
"Queremos sua cabeça, Tantawi, seu traidor", escreveram os torcedores. "O marechal e os remanescentes do regime nos mandam uma mensagem clara. Ou temos liberdade, ou eles nos punem e nos executam por participarmos de uma revolução contra a tirania.”
Em reação ao massacre, o primeiro-ministro egípcio, Kamal Ganzouri, assumiu na quinta-feira a responsabilidade política pelos confrontos e disse que está disposto a prestar contas se for solicitado.
Com AP, AFP, Reuters e EFE