Estudo sobre pele de tubarão desmistifica maiô de alta performance

Estudo sobre pele de tubarão desmistifica maiô de alta performance

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:16

Alessandro Greco, especial para o iG

Pesquisa mostrou que dentículos na pele do peixe dão impulso extra ao nado e levanta questões sobre maiôs de corpo inteiro

 

 

Biólogo observa tubarão: dentículos na pele diminuem resistência e aumentam impulsão

Foto: Brian Skerry / National Geographic Image Sales

Os tubarões são conhecidos por sua habilidade ímpar ao nadar. Há muito se suspeita que essa habilidade é fruto das escamas que ele possui na pele (chamadas de dentículos), que diminuem a resistência da água contra a pele, fenômeno conhecido como arrasto.

 

Mas um grupo de cientistas liderado por George Lauder, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que eles fazem mais do que diminuir o arrasto. “Ficamos surpresos, pois não imaginávamos que a pele do tubarão, além de servir para diminuir o arrasto, podia também aumentar o empuxo, dando a eles uma força adicional para se mover na água”, explicou Lauder ao iG. No estudo, os pesquisadores primeiramente colaram pele de tubarão mako – adquirida de pescadores em um mercado de Boston logo após terem sido abatidos – em uma folha de alumínio rígido, colocaram em um tanque com água e reproduziram os movimentos de nado. Depois, tiraram os dentículos e repetiram o teste. O resultado foi aparentemente estranho. Sem os dentículos, a velocidade de nado aumentava – deveria ser o contrário.

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Os cientistas então colaram pedaços de pele, um contra o outro, sem nada no meio – o que reproduz muito mais fielmente a forma como os tubarões nadam – e refizeram o experimento com e sem os dentículos. Bingo, a presença das escamas fez com que ele nadasse 12,3% mais rápido. “Fiquei surpreso também que a pele do tubarão grudada a uma superfície rígida não aumentou a propulsão e que tenhamos visto um aumento na velocidade do nado apenas quando a pele pode dobrar como se estivesse no corpo de um tubarão nadando”, afirmou Lauder.

Com a certeza de que os dentes realmente aumentavam a propulsão, os pesquisadores usaram novamente a pele de tubarão colada uma na outra para medir o quanto ela afetava o fluxo da água em torno dela. Descobriram então que a pele áspera estava literalmente dando um empurrãozinho extra no nado do tubarão, aumentando seu empuxo.

 


Maiô da série Fastskin: superfície do material não lembra nem tem as propriedades da pele de tubarão

Foto: Getty Images

Dos tubarões às piscinas
Havia ainda uma questão interessante a responder. Será que a estrutura da superfície dos maiôs de corpo inteiro reduz o arrasto? Nada mais óbvio do que testar o maiô Speedo® Fastskin® FS II. Aqui, novamente o resultado foi surpreendente. Ele não gerou nenhum efeito na diminuição do arrasto ou aumento do empuxo quando o mesmo teste da pele de tubarão foi feito, desta vez usando pedaços do traje. “Os maiôs de corpo inteiro da Speedo com certeza melhoram o desempenho ao nadar, mas isto não tem nada a ver com a estrutura da superfície do maiô Fastskin II. O maiô inteiro com certeza deixa o corpo mais liso, sustenta-o em uma postura mais própria e pode até aumentar o fluxo de sangue dos pés para o coração, pois são muito, muito apertados. Agora, a superfície do material não se parece em nada com a da pele de tubarão e os espaços e tamanhos das indentações presentes nele não modificam muito o fluxo de água em torno da superfície do maiô”, comentou Lauder.

Mas será que um dia conseguiremos criar um material que emule a pele de tubarão e suas propriedades? “É muito, muito difícil, mas talvez consigamos um dia. Se for possível provavelmente aumentará velocidade, mas como no corpo de um tubarão de verdade, teremos de modificar as estruturas da superfície deste material para diferentes partes do corpo. Os braços e pernas, que se mexem, podem requerer uma estrutura de superfície diferente do peito”, completou explicou Lauder.

O trabalho foi publicado nesta quinta-feira (9) no periódico científico Journal of Experimental Biology.

 


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